Em suas obras, o artista visual
e cientista político retrata
o impacto do colonialismo e
reflete sobre um país melhor
para negros e indígenas

Por: dandara fonseca
foto: Lucas césar, matheus augusto rubim e mestiço

Matheus Ribs:
construindo
um novo Brasil

Nascido na Rocinha e criado
na zona oeste do Rio de
Janeiro, Matheus Ribs entrou
na faculdade de ciência
política em 2013, ano
de grande efervescência
política no país

“Eu sempre gostei de
desenhar, mas foi nessa
época que surgiu em
mim o interesse de tratar
de temáticas ligadas
aos movimentos sociais,
aquilo que estava
estudando”, conta

“Venho de um contexto
sem muito acesso à arte.
O que chegava para mim,
nos jornais e revistas,
eram as charges e
tirinhas, e por isso fui
desenvolvendo trabalhos
nessa linguagem” 

Ao final da graduação,
Matheus foi visitar uma
aldeia localizada em Angra
dos Reis, no Rio de Janeiro,
para entender mais sobre a
educação escolar indígena

2016

“Tive contato com um
Brasil que foi negado
para mim e para a maioria
dos brasileiros. Comecei
a pensar sobre aspectos
subjetivos da identidade do
país, os povos originários
e a diáspora negra”

Depois dessa experiência,
Matheus passou a usar seu
trabalho para reconstruir
o imaginário brasileiro,
tratando de questões como
colonialismo, espiritualidade
e ancestralidade

“O colonialismo sempre
está presente de alguma
forma na minha arte
porque eu entendo que ele
é uma violência que tem
reverberações até hoje.
Quero desfazer essas
consequências”, afirma

Além das colagens digitais
e ilustrações, na pandemia
o artista passou a explorar
outro mundo: o da pintura

“Meu trabalho tem a ver
com um encantamento
do Brasil. A pintura é um
exercício de reencantar
esse território, cada
vez mais atacado pela
degradação ambiental
e pela retirada de direitos
dos povos originários
e quilombolas”

Sem romantização, Matheus
também busca promover um
encontro entre os povos
indígenas e a população
negra, como na obra
“Fechar os Corpos”

“Eu faço o paralelo das
violências sofridas por
esses povos na atualidade
não só como forma de
denunciar, mas também
de superar esse estado
das coisas”, afirma

“São os povos indígenas
e as pessoas pretas que
estão interessadas e
constroem dia a dia um
novo projeto de país.
Unir essas populações
é justamente a chave
para pensar uma
reconstrução de Brasil” 

Para Matheus, que já acumula
mais de 140 mil seguidores
nas redes sociais, a arte
deve caminhar lado a lado
com os movimentos sociais 

 “Nós temos uma narrativa
muito embranquecida,
violenta e dolorosa da
nossa história. Acredito
que a arte tem o poder de
reconstruir essa história”

Conteúdo que transforma