No comando do restaurante
Manu, em Curitiba, a chef
reconhecida em 2022 pelo Latin
America’s 50 Best Restaurants
fala sobre carreira, infância,
maternidade e alimentação

Por Bruno Calixto

Manu Buffara,
a melhor chef
da América Latina

“Nunca foi sorte no
meu caso. Tive coragem
de sonhar e ir atrás. A
profissão é consequência
de uma escolha. Tive de
abrir mão de muita coisa,
de muita festa, do segundo
casamento da minha mãe.
Trabalhei muito por isso“

“Ser chef realçou a
minha personalidade.
Me conheci como mulher,
empreendedora, cozinheira.
Me trouxe a alegria de
mudar o mundo através
do alimento todos os dias.
E a certeza de que estou
fazendo algo para o futuro
das minhas filhas e de
muitas outras pessoas“

“Li um texto da Djamila
Ribeiro dizendo que ela
deixou a filha em casa para
fazer faculdade. E hoje,
aos 17 anos, a filha morre
de orgulho dela. Eu acho
que é bem isso. Eu digo
para elas que eu não
saio para trabalhar, eu
saio para mudar o mundo“

“Quando estou no Brasil,
carrego as meninas para
todos os lugares. Digo
sempre que não é sobre a
quantidade, mas a qualidade
do tempo que tenho com
elas. Quando estamos juntas,
estou sempre muito presente.
E fazemos ótimas viagens“

“Tenho um microfone
na mão por conta dos
prêmios e do reconhecimento
nacional e internacional
e quero muito melhorar
a qualidade da comida,
da alimentação por onde
eu passar. E acho que
para isso a fama pode
ser muito boa, sim“

“Estou contente com o que
faço com esse holofote.
Vivo abrindo e fechando
mala para levar minhas
ideias para todos os cantos,
testar os sabores e aí
as coisas acontecem“

“A credibilidade você
recebe como líder. Temos
dois ouvidos para escutar
mais e falar menos. Fui
ganhando espaço aos
poucos, recebendo convites,
sempre com muita humildade.
Foram as pessoas que me
colocaram ali, como chef
Alex Atala, o Andrea Petrini“

“Nunca pensei em levar
meu restaurante para
nenhum lugar. Posso levar
outras marcas para fora
da cidade, mas o Manu
é Curitiba e sempre será.
Eu trabalho com o que
a cidade e o entorno
têm para me dar“

“Ali sustentabilidade é
algo muito presente
e está no cuidado de todo
o ambiente, da natureza,
dos funcionários e da
cozinha. Desde o jeito
que eu cuido do lixo,
da compostagem, até
as relações humanas“

“Fazemos campanhas
de doação de alimentos,
educação alimentar e estou
muito envolvida nas hortas
e espaços das periferias da
cidade em que as pessoas
podem plantar e colher
o próprio alimento.
Há muito a ser feito
e estou sempre atenta
e de mangas arregaçadas“

“Eu sou muito fã da
cozinha brasileira. Gosto
do tempero, das cores, das
combinações, do frescor.
Para citar um ingrediente
eu diria o mel das abelhas
nativas. E a vastidão de
sabores, dulçor e acidez
que eles oferecem“

“Quero muito fazer um
mundo melhor através
da alimentação. E também
mostrar que é possível ser
mãe, trabalhar, conquistar
as coisas sem deixar de
fazer o que é preciso“

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