O fotógrafo Rafael Stedile
conta a história da tragédia
em Moçambique a partir
das mulheres invisíveis
ao noticiário

Por: Alana Della Nina
Imagens: Rafael Stedile

mães de beira

Em 2019, o ciclone Idai
devastou a cidade de
Beira, a segunda maior
de Moçambique, no sudeste
do continente africano 

Com a missão de registrar
a situação para buscar mais
apoio, o fotógrafo Rafael Stedile
visitou um dos acampamentos para
onde foram realocados os moradores
que perderam tudo

Mesmo impressionado com a
situação de vulnerabilidade
extrema em que as pessoas
estavam vivendo, ele decidiu
ir além da tragédia e conhecer
as histórias por trás dela

E assim nasceu o ensaio Mães de
Beira, que conta essa narrativa
pelas mulheres e seus filhos

“Meu interesse circula
por esse espaço de
histórias pouco ou mal
contadas. Realçar aquilo
que é subjetivo do outro
e, ao mesmo tempo, comum
a todos”, diz Rafael

Segundo o fotógrafo, elas eram
a energia mais viva do lugar
– maiores e mais presentes do
que a miséria que as cercava 

“Eu queria escapar
daquele risco de
fazer fotos de pessoas
africanas em situação
de grave vulnerabilidade,
reproduzindo o estereótipo
da história da fotografia
branca”

“Ainda que exista uma
situação de extrema
pobreza, extrema mesmo,
essas mulheres não se
resumem a isso. Elas
têm nome, história,
antepassados, cultura,
desejos. Está tudo ali”

O olhar de Rafael busca a força,
a altivez, a beleza, o sorriso e
as cores das mulheres moçambicanas 

“Eu me identifico com
trabalhos que tragam à tona
narrativas invisibilizadas,
marginalizadas, esquecidas.
Me interesso por discursos
não hegemônicos, pela
alteridade, por apostar
nas pluralidades”

Conteúdo que transforma

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