fotos: tomás arthuzzi / revista gol
Por: milly lacombe / Revista gol

Kondzilla,
o grande

Um dos responsáveis por
revolucionar o mercado musical
brasileiro, Konrad Dantas
fala sobre a potência da
periferia, funk, machismo
e representatividade

A história de Konrad Dantas
começa bem longe da mostrada
nos clipes de funk ostentação.
Mais precisamente, num conjunto
habitacional no Guarujá,
onde cresceu ao lado do irmão,
Kauê, e da mãe, Dona Áurea

“Do lado de fora da
porta, eu via de tudo.
Via molecada brincando,
roubando, traficando,
sonhando, querendo
vencer na vida”, lembra

Quando Konrad estava com
18 anos e seu irmão 16,
Dona Áurea morreu vítima de
um aneurisma. Com o dinheiro
do seguro de vida da mãe,
os irmãos decidiram estudar
o que sempre sonharam

Enquanto Kauê escolheu a área
da odontologia, Konrad cursou
efeitos visuais. Para o jovem,
a música sempre foi uma fixação
– na adolescência, passava
horas em seu quarto criando
faixas e batidas

“O funk chegou à baixada
santista em 1998 e eu sabia
como o ritmo era importante.
Ele é a oportunidade que
a galera da periferia
encontrou para expor
sua arte e sua verdade”

imagens: reprodução

Com algum conhecimento
em filmagem e edição, Konrad
produziu um videoclipe de
funk, que alcançou 1 milhão
de views. Achando que poderia
ser sorte, fez outro, que
foi melhor ainda

2011

“Apesar dos views serem
importantes, nunca foi
o que me motivou. O que
me movia, e ainda move,
era ser representado no
audiovisual artisticamente”

Foto: divulgação

Aos 22 anos, ele fundou a
produtora de vídeos KondZilla
Records, que, além de
contribuir com a explosão do
funk no país, é dona do maior
canal de YouTube do Brasil 

2012

Foto: divulgação

Com o tempo, a empresa
também passou a criar outros
produtos audiovisuais, como
a série "Sintonia", exibida
pela Netflix, e o documentário
"Lexa: Mostra Esse Poder",
disponível na Globoplay

A KondZilla já quebrou as
barreiras do audiovisual
e hoje conta com agência,
portal de conteúdo e trabalha
com licenciamento de marca.
O crescimento, é claro, também
trouxe mais responsabilidade

Foto: divulgação

“Se no começo fazia
entretenimento pelo
entretenimento, hoje
viramos uma página. Não
posso ofender grupos que
se sintam representados
pelo nosso trabalho”

“A gente não faz mais
clipes com mulheres de
lingerie, biquíni ou que
possam sugerir violência”,
conta Konrad, que em 2017
foi considerado um dos
jovens mais influentes
do Brasil pela Forbes

Para ele, a batida do funk,
além de contagiosa, traz à tona
realidades sobre as quais, na
maioria das vezes, nos recusamos
a falar: drogas, violência,
sexo e juventude

“O funk é bonito, é
transgressor e trata
de liberdade. Eu quero
mostrar que nosso
trabalho é sério e que
isso aqui não é uma
molecada brincando”

Conteúdo que transforma