O documentário brasileiro
“Biocêntricos” reuniu nove
inventores que levaram essa ideia
a sério e criaram soluções para
os problemas da humanidade
utilizando a fauna e a flora
como inspiração
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Por: camille mello
Imitar a natureza
é o caminho para
mudar o mundo
Com filmagens no Brasil, EUA,
Japão e Costa Rica, o longa
mostra como a bióloga
e ativista norte-americana
Janine Benyus influencia a obra
de ecologistas a arquitetos
com a biomimética — ciência
de projetos sustentáveis
que usa modelos da mestra
com 3,8 bilhões de anos
de experiência: a natureza
Janine Benyus, bióloga e ativista
“A biomimética é baseada não
no que podemos extrair do
mundo natural, mas no que
podemos aprender com ele.
A natureza nos convida
a olhar mais de perto, como
as crianças fazem. A partir
disso, aplicamos essa inteligência
e criamos ferramentas para
reinventar o mundo”
Narrado pela própria Janine,
o documentário acompanha
a rotina de nove biomimeticistas
que incorporaram práticas
baseadas nesta ciência para
transformar o futuro
em um presente mais
eficiente e sustentável
Foi assim que o engenheiro
japonês Eiji Nakatsu encontrou
uma solução para um dos
transportes mais rápidos
do mundo. Ele redesenhou o trem-
bala Shinkansen, reduzindo em 15%
o consumo de energia ao imitar
o formato da cabeça do pássaro
martim-pescador, as penas de uma
coruja e o abdômen de um pinguim
“Tem gente que prefere
acreditar numa máquina
do que na natureza”, diz Benki
Piyãko, líder indígena
e agente agroflorestal
retratado no documentário.
Ele viaja o mundo promovendo
o intercâmbio entre
os conhecimentos ancestrais
e a ciência moderna
Entre as histórias contadas
na tela, também está a dos
designers brasileiros Bruno
e Pedro Rutman, que desenvolveram
um sistema de plantio de mudas
em larga escala inspirados
em mecanismos das bromélias
e na serrapilheira (camada
de folhas e galhos que se
forma sob as árvores)
Fernanda Heinz Figueiredo,
co-diretora do documentário
“Ao se considerar
sustentabilidade, economia
circular, colaboração,
ecologia e saúde como
princípios de reconexão
com a natureza, é possível
visualizar um futuro bem
diferente das perspectivas
distópicas que estamos
nos acostumando”
Janine Benyus, bióloga e ativista norte-americana, criadora
da biomimética
“O que vemos hoje representa
menos de 1% das espécies
que já passaram pelo planeta.
O que sobreviveu foi altamente
aperfeiçoado durante 3,8 bilhões
de anos de seleção natural”