O cineasta chinês explora
aspectos singelos e surreais
dos dramas humanos 

Por: Denis russo burgierman
FOTo: pedro arieta/Revista Trip

Hao Wu filma
o que o governo
quer esconder

O cineasta Hao Wu nasceu na
China Comunista dos anos 70,
sem liberdade alguma: naquele
mundo, não poderia mudar
de carreira, escolher seu
trabalho, viajar para outra
cidade ou assumir-se
homossexual

Foto: Arquivo pessoal

Enquanto crescia, viu o país
se abrir e escapou pela
primeira brecha que encontrou.
Graças à formação científica
que recebeu na China, foi ser
executivo de uma empresa de
tecnologia na Califórnia

Foto: Arquivo pessoal

Depois, mais à vontade
em seu novo país e na vida,
assumiu-se gay e artista –
cineasta documentarista, para
assombro dos pais, até então
orgulhosos do filho executivo

Foto: Arquivo pessoal

“Eu sabia que provavelmente
era gay, mas não que uma
pessoa gay podia ser
feliz”, conta

Foto: Arquivo pessoal

Mas o que leva um executivo
chinês de sucesso a se descobrir
um cineasta sensível, que faz
filmes sobre temas que o governo
preferiria que não existissem?

Foto: Arquivo pessoal

Os filmes de Hao não são 
distribuídos em seu país
natal porque tratam de
temas como homossexualidade,
obsessão por dinheiro,
desigualdade e vaidade

Foto: Pedro Arieta/Revista Trip

Ele chegou a ser detido
na China por causa de um
projeto de documentário
sobre igrejas cristãs clandestinas, num país
onde a liberdade religiosa
é limitada

Foto: Arquivo pessoal

Seu filme mais recente
é o documentário 76 Dias, disponível pela Globoplay,
que retrata o começo
da pandemia em Wuhan

Foto: Reprodução

O longa é repleto
de imagens de salas de emergência e UTIs lotadas. Mortes, despedidas,
sobrecarga

Foto: Reprodução

O objetivo inicial do projeto
era entender por que tudo aquilo
estava acontecendo. Mas, na prática,
sua beleza está em lançar um olhar
sensível sobre os dramas humanos
da pandemia em todo o mundo

Foto: Reprodução

E também em ajudar
a despertar um olhar
mais empático do ocidente
em relação aos asiáticos,
vítimas de preconceito
em muitos países

Foto: Reprodução

Chinês e americano,
ele está em posição
privilegiada para entender
as diferenças e as semelhanças
entre as duas maiores
superpotências do mundo

Foto: Pedro Arieta/Revista Trip

Enquanto uma onda xenófoba
e nacionalista acirra os ódios
entre suas duas pátrias, Hao Wu
segue interessado na universal
humanidade debaixo disso tudo

Foto: Reprodução

Entre seus filmes de
sucesso está People’s Republic
of Desire, um documentário
sobre o mundo absurdo
das plataformas de live
chinesas, em que aspirantes
a celebridades competem
pedindo dinheiro aos fãs

Foto: Reprodução

Parece ficção, mas por
baixo da bizarrice dessas
gigantescas competições
de popularidade que movem
multidões Hao acabou
encontrando gente com
frustrações e desejos
idênticos aos de
qualquer um de nós

Foto: Reprodução

Outro destaque é Minhas Famílias,
que conta a história de seu
retorno à China, casado com um
homem e levando no colo dois
bebês para apresentar os bisnetos
ao seu tradicionalista avô de 90 anos

Foto: Arquivo pessoal

O filme é como todos
os outros de Hao:
ao mesmo tempo
singelo e surreal

Foto: Pedro Arieta/Revista Trip

Conteúdo que transforma

Foto: Arquivo pessoal