Imagens: reprodução

A homenagem a um dos personagens
mais populares do nosso folclore
foi criada para celebrar a cultura
nacional – e não só os símbolos que
fazem sucesso em outros países

Por: joão de mari

HALLOWEEN?
QUE NADA É
DIA DO SACI

O Dia do Saci é comemorado
em 31 de outubro, mesmo
dia em que se comemora o
Halloween. Criada em 2003,
com o intuito de resgatar
e valorizar o folclore
brasileiro, a data também
surgiu em contraposição
à cultura dos países
de língua inglesa

No entanto, a data só foi
oficializada no Brasil em 2013,
quando a Comissão de Educação e
Cultura elaborou o PL n.º 2.479,
que instituiu o 31 de outubro
como sendo o Dia do Saci

“Entendemos que a
comemoração anual
do ‘Dia do Saci’ permitirá
um contato sistemático
com a variedade e a beleza
das tradições do país,
de modo a fortalecer o
processo de consolidação
da identidade nacional
bem como a autoestima
do povo brasileiro”, diz
um trecho da lei

O Saci-pererê é uma das figuras
mais emblemáticas do folclore
brasileiro e possui influências
indígena e africana. Segundo a
lenda, o saci é um jovem negro
muito esperto e arteiro. Por ter
uma perna só, ele se locomove
pulando rapidamente pela
floresta com seu capuz vermelho

Entre as principais travessuras
do saci estão dar nó nas
crinas e rabos dos cavalos,
confundir pessoas e animais
com assobios e trocar os
recipientes de sal pelo
de açúcar nas cozinhas

Assim como outros nomes
do folclore, o Saci foi
um dos personagens mais
marcantes de Monteiro Lobato.
Pesquisadores, no entanto,
defendem que a imagem vendida
pelo escritor pode reforçar
estereótipos racistas

“Precisamos de novas
interpretações, de autores
negros que possam resgatar
essas crenças populares
e construir uma visão própria
sobre o saci. O personagem
que conhecemos é fruto
do imaginário popular do
filtro das crenças racistas
do auto feito por Monteiro
Lobato”, explica Ale Santos,
roteirista e pesquisador
da cultura negra

Em uma coluna para o site
Mundo Negro, Ale afirmou
que a imagem do Saci precisa
ser reconstruída:  “A cultura
europeia tende a olhar para
um negro inteligente como
um malandro, um safado,
enquanto as culturas
africanas enxergam a figura
de Anansi [personagem
africano equivalente
ao nosso Saci] como um
estrategista e criativo”

“Quem sabe conseguimos
resgatar uma ancestralidade
ali, o Saci é um trickster, um
arquétipo presente em várias
mitologias. Em Gana ele
é representado por Anansi
e Yorubá por Exu”

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