O alpinista Alex Honnold subiu um paredão de quase mil metros sem cordas e teve sua história contada pelo documentário vencedor do Oscar “Free Solo”
Por: Carol Ito Imagens: National Geographic/ Reprodução
Escalada mortal
Sem nenhum tipo de corda, luva, paraquedas ou equipamento de segurança: foi assim que o americano Alex Honnold resolveu encarar o paredão El Capitan, obsessão de gerações de alpinistas
Para escalar a formação rochosa de 910 metros de altura no Parque Nacional de Yosemite, na Califórnia, ele levou apenas uma bolsinha de pó de giz, usado para aumentar a aderência das mãos
Havia apenas dois caminhos possíveis: o topo ou a morte. Alex garante que só conquistou seu objetivo porque tinha medo da segunda opção
“Não se trata de suprimir o medo, mas de usá-lo para atingir a perfeição. Faz bem sentir a perfeição, ainda que por um breve momento”, diz
“Se eu não estivesse preocupado em viver ou morrer, teria feito isso no primeiro dia e me poupado de anos de trabalho, mas eu definitivamente queria sobreviver”
Foram oito anos de preparo físico e mental para o desafio, saga que se transformou no filme “Free Solo”, vencedor do Oscar de melhor documentário em 2019
Antes de decidir abandonar as cordas de segurança, Alex escalou o El Cap quase 50 vezes, estudando cada detalhe do paredão, marcando os buracos onde poderia se apoiar, e anotando tudo num caderno
“Provavelmente, é o mesmo processo de um dançarino ou um ginasta decorando os passos. Você memoriza o fluxo do movimento”, explica ele
A equipe de filmagem do documentário, composta por profissionais que também praticavam alpinismo, o acompanhou por dois anos, sem saber quando ele estaria preparado para a escalada final
“Eles realmente não sabiam se haveria um fim para esse filme”, conta o alpinista que, durante as gravações, chegou a debater se eles poderiam ou não gravar uma possível queda
Foto: National Geographic/ divulgação
A morte entre praticantes de escalada solo, a modalidade sem cordas, é algo que assombra até os alpinistas mais experientes, mas Alex encara o tema com certa naturalidade
“Temos apenas uma quantidade limitada de tempo na Terra e isso se relaciona com a forma como uso meu tempo e como escolho perseguir meus objetivos”, conclui