À frente da Central Única
das Favelas, a CUFA, Preto Zezé
garante: a hora para mudar
o Brasil é agora

por: ismael dos anjos/revista gol
fotos: Raquel espírito santo/ GOL

Enfim um
presidente preto

Filho de retirantes
do interior do Ceará,
Francisco José cresceu
na comunidade das Quadras,
em Fortaleza, e virou
Preto Zezé para causar um
“constrangimento pedagógico”

"A gente era o feio,
o mal, a coisa negativa.
Decidi transformar
esse estigma em carisma
e essa dificuldade
em oportunidade”, conta

Foto: Arquivo pessoal

Preto deixou a escola aos
12 anos para lavar carros.
“É uma coisa meio padrão,
ao crescer como um jovem negro
numa favela no Nordeste, ter
que escolher entre estudar
e trabalhar”, diz

Mais tarde, por influência
de Thaíde e Racionais MC’s,
virou rapper e lançou sete
discos. “Descobri que
era preto através do rap.
Ele politizou a revolta
e organizou o ódio
na minha cabeça”

Foto: Arquivo pessoal

Com o hip-hop, Preto também
descobriu o ativismo e passou
a atuar junto à juventude
das favelas do Ceará. Foi aí
que conheceu Celso Athayde,
fundador da Central Única
das Favelas (CUFA)

Foto: Arquivo pessoal

“Celso é meu professor.
Eu era radical, mas
transformar a radicalização
em ação prática foi um
desafio. Na CUFA aprendi
a conviver com as
diferenças", conta

Foto: Luiz Maximiano/Acervo Trip

Foto: Daniel de Araújo Ferreira/Divulgação

A CUFA forma líderes para dialogar
com todos os poderes e partidos,
além de fazer pontes com marcas.
Na última década, a entidade
passou a atuar em países como
Colômbia, Equador e Nigéria

Durante a pandemia, a ação
mais urgente da entidade
foi combater a fome, uma
vez que 71% das famílias
das favelas passaram
a sobreviver com menos da
metade da renda que tinham

Foto: CUFA/divulgação

Como presidente da CUFA,
Preto está à frente,
junto com outros líderes,
do movimento Panela Cheia,
cuja meta para 2021
é arrecadar 2 milhões
de cestas básicas

Foto: CUFA/divulgação

Mas a comida é só a ponta
emergencial de uma resposta
que deve ser maior. A batalha
é para que o peso econômico da
população negra, que consome
R$ 1,7 trilhão por ano, seja
revertido em bem-estar

“O momento é propício
para construir uma agenda
não de favor ou carência,
mas de obrigação do Brasil.
Não é justo sermos espoliados
e excluídos em um país que
se construiu em cima do
nosso sangue”, diz

Foto: Daniel de Araújo Ferreira/Divulgação

“Onde enxergam miséria,
vejo a capacidade de reagir.
A favela é superinventiva.
Não estamos falando de
um território só de morte,
tristeza e violência.
Querem nos pautar assim,
mas não vamos aceitar”

Foto: Arquivo pessoal

Voz decisiva no debate antirracista
brasileiro, ele costuma dizer que
“todo dia o Brasil tem uma tragédia
preta para gente chorar, e as últimas
fazem a gente esquecer das primeiras”

Foto: Reprodução

Em 2015, Preto perdeu
seu filho de 17 anos,
Malcom Jonas, para a guerra
contra a qual ele tanto
luta. Mas sua busca é por
uma saída para além do ódio

Foto: Reprodução

"A questão não é o que
o ódio fez com a gente,
mas o que nós vamos fazer
de nós. Vamos ser amor,
vamos ser progresso”

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