Nascido em Bangu e morador do Vidigal, o escritor de “O Sol na Cabeça” explica de onde vem o vocabulário que conquistou o mercado editorial brasileiro
“Melado é sangue. Caxanga é casa. Tá de meméia é você estar meio de frescura. Chá de burro é maconha ruim. Maçarico é o sol, muito quente, né?”
“Na zona norte se fala de um jeito, na zona oeste se fala de outro, na zona sul se fala de outro… Na favela de tal facção se fala de um jeito, na da outra facção se fala do outro. São outras gírias, são outros modos de falar, outras construções de frase”
“Eu tinha todas as informações já, da vida. Fui buscar um jeito de transformar isso em literatura”
“Eu não me incomodo de ser chamado de escritor favelado, mas eu me incomodo um pouco com isso estar sendo sempre lembrado só para alguns tipos de escritores, normalmente os de minoria”
“‘Ah, literatura feminina, literatura homossexual, literatura negra…’ E parece que a literatura branca é universal, né?”
“É uma turma grande de intelectuais na favela, não só escritores, mas pessoas que trabalham com pensamento e tal. Muitos primeiros universitários, primeiros formandos, primeiros artistas da família surgindo agora”
“A partir de uma situação mais confortável que a gente teve pra viver nos anos 2000, assim. Minha mãe começou a trabalhar com 9 anos. Eu pude começar com 16”
“Foi uma coisa que eu pensei muito, nesse livro [O sol na cabeça], dele poder ter potencial de ganhar por duas vias, tanto do estranhamento como da identificação”
“Eu sou meio para-raios de maluco também. Quando eu tô parado em algum lugar sozinho, sempre para alguém pra conversar comigo, pessoas desconhecidas, e eu costumo dar trela, sim, pra ver. Não me incomodo se é verdade ou se é mentira”
“Gosto de ouvir a história e saber se ela foi bem contada. E, sei lá, guardo em algum lugar”