Miró não deixa
uma poesia
para amanhã

O pernambucano João Flávio
Cordeiro da Silva, o Miró
da Muribeca, há 35 anos
transforma em arte a
neurose das ruas

“Minha poesia não é outra
coisa a não ser o olhar.
Quem for ler minha obra vai
ver que toda hora fala do
olhar. Minha poesia entende
o gari, minha poesia entende
o engenheiro, entende o
cineasta, o jornalista,
os intelectuais. Minha poesia
entende uma dona de casa”

“A minha poesia não
precisa ir pro Aurélio
pra entender. Eu sou a
poesia do povo. O sentimento
do homem, do ser humano”

“Eu escrevo muito sobre
o amor, sobre a violência,
sobre a solidão humana, né?
Quero dizer pra vocês que
eu sou mais cronista do que
um poeta. E escrevo sobre
essa neurose da rua, o amor
da rua, a injustiça”

“Se me passar uma imagem
eu escrevo na hora. Eu não
deixo um poema pra amanhã”

“Quando eu digo que a solidão
é entrar no caixa eletrônico, esquecer a senha, não é?
Solidão, janela de ônibus,
é danado pra botar junto
pra pensar, ainda mais
quando a viagem é longa”

“Faz dez anos que eu não
amo ninguém. Dez anos que
eu não beijo uma mulher
na boca, que eu não durmo
com a pessoa que coça a
cabeça. Que eu lave as mãos
dela, que eu adoro coçar
a cabeça da mulher”

“Eu sou Leão com Leão,
sou sensível. Todo sensível.
Tenho um vício. A minha
doença é o álcool. Aí eu
tô diminuindo minha
doença. Pronto”

“Água de coco, iogurte,
uma acerola de Zeca de dois
reais. Mas toma uma vitamina,
hein mano? Aí tem aqui o
complexo B. Porque eu não
consigo ainda parar de beber”

“O ano passado eu fui o
poeta mais vendido do Brasil.
Eu mesmo vendo meu livro.
Eu pego meus livros e vou à
luta. Faz 35 anos que eu vivo
só de poesia e não trabalho
pra filho da puta nenhum”

“A minha poesia ela
não é só minha poesia.
É o meu corpo.
A minha performance”

DIREÇÃO: Emiliano Goyeneche

PRODUÇÃO: Nathália Cariatti
Juliana Farinha
Sheyla Miranda

FOTOGRAFIA: Nathália Cariatti
Vitor Serrano

SOM-DIRETO: Will Gaino

EDIÇÃO: Luciano Azevedo

FINALIZAÇÃO: Ludmila Daher
CENAS TRIP TV

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