Chegou aquela época do ano para
sentar no sofá com a avó e assistir
ao cantor vestindo o mesmo figurino
azul e branco e entoando as mesmas
músicas no especial da TV Globo.
Mas, afinal, como nasceu
essa tradição?

Por: Henrique santiago
FOTo: Globo/fabio rocha

Como Roberto
Carlos virou o Rei
do fim de ano?

“Chegou dezembro, pode
descongelar o Roberto”.
Essa frase, usada em tom
de brincadeira há um
bocado de tempo, significa
que mais um ano está
chegando ao fim

Foto: reprodução

É uma época de tradição:
participar da reunião familiar
anual para alguns, ouvir
a piada do pavê para outros
e ver o especial do Rei na TV
Globo no sofá da casa da avó
para milhões de brasileiros

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Em 2021, o show televisivo
marcado para o dia 22 de
dezembro ganha uma versão
inédita (ou nem tanto, para
alguns) depois de dois anos
de reprises, com participações
de Erasmo Carlos, Wanderléa
e Zeca Pagodinho

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O biógrafo Paulo Cesar
de Araújo, autor do livro
“Roberto Carlos Outra Vez”,
explica que o Rei ficou ligado
às festas de fim de ano depois
de estourar com “Quero que
vá tudo pro inferno”, em 1965

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Desde então, tornou-se uma tradição
para Roberto lançar um álbum por
ano, sempre perto do Natal, para
impulsionar as vendas nessa época
de troca de presentes

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Quando o primeiro especial
com o Rei foi transmitido
na Globo, em 1974, ele era
um dos artistas mais populares
do país. E foi naqueles shows
que Roberto explorou sua
criatividade audiovisual
nas duas décadas seguintes

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Mas a pecha de cantor de
fim ano só deu as caras
mesmo a partir de 1997,
quando as superproduções
viraram um show repetitivo
e, coincidentemente,
Roberto Carlos deixou
de gravar seu disco anual

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“Antes, os especiais eram
especiais de verdade, com
produção arrojada, externas
e roteiro. Não eram apenas
uma apresentação com dois
ou três convidados que
começa com ‘Emoções’
e termina com ‘Jesus
Cristo’”, conta Paulo Cesar

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Para o escritor, o Rei
protagonizou “momentos
históricos na televisão”,
como em 1977, quando reuniu
futebol, tango e músicos
como Wilson das Neves
e Lincoln Olivetti,
antecipando a Copa
do Mundo de 78

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Paulo Cesar de Araújo
também relaciona a fase
artística menos criativa
de Roberto à descoberta do
TOC, transtorno caracterizado
por pensamentos insistentes
e rituais repetitivos

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Na década de 90,
o artista, já maduro,
adota essencialmente
o figurino azul e branco
e se torna católico
fervoroso, cantando mais
e mais temas para Jesus
Cristo e Nossa Senhora

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O resultado disso é que o público
mais jovem vê Roberto Carlos,
o artista brasileiro que mais vendeu
discos, como um meme, o cantor
a ser descongelado em dezembro

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“Eles não conhecem
sua música e sua
história, apenas
as mesmas músicas
de fim de ano”,
diz Paulo Cesar

Foto: Globo/Fabio Rocha

Os números de audiência
mostram mesmo que o público
pode estar cansado de ver
poucas novidades do Rei.
Em 2019, o especial de
fim de ano marcou menos
de 20 pontos pela
primeira vez na história

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Além de se tornar uma
espécie de caricatura,
a pessoa de Roberto Carlos
não é lá muito querida
pelos mais novos, muito
por suas opiniões
conservadoras e pela
rivalidade criada na
internet com Tim Maia

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Entretanto, Paulo Cesar
de Araújo não acredita
que essas piadas possam
criar algum tipo de apagamento
histórico da obra do Rei,
problema muito caro
a muitos cantores
e cantoras brasileiras

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“como a televisão tem uma
presença muito forte no
brasil, É claro que essa
fase de ‘maníaco da
repetição’ dá margem a
memes. mas TUDO ISSO
PASSA, O QUE FICAM SÃO AS
MÚSICAS DE ROBERTO"

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