A paixão pela escrita urbana
é o que move a fotógrafa
Carla Arakaki, que registra
a cena do pixo e do graffiti
na capital paulistana
Por: carol ito
fotos: carla arakaki O clique
e o risco
“A madrugada de São Paulo
não é fácil, tem que tomar
cuidado com polícia e com
ladrão, com barulho, com os
vizinhos, com o equipamento”,
diz Carla Arakaki
“Às vezes, eu subo junto
em alguns telhados, aí
você multiplica os cuidados
por dez”, acrescenta ela,
que publica fotos no perfil
do Instagram @3am.files
Fotógrafa, DJ do duo Ice Cream
Girls e produtora executiva,
a paulista se dedica a transmitir
a adrenalina da rua em imagens
“Registro a cena do
graffiti e pixação desde
2013. Eu fazia graffiti
e costumava clicar os
rolês, tudo em filme,
mas é diferente sair
só para fotografar”
Ela conta que o Brasil
é referência em escrita
urbana, mas, por conta
dos riscos, pouca gente
fotografa a cena além
dos próprios artistas
“O pixo surgiu aqui.
O mundo inteiro é fascinado
por essa autenticidade,
menos os brasileiros,
já que muita gente ainda
tem preconceito”
Ela também registra
os trampos de mulheres:
“Temos algumas das melhores
do mundo no pixo, como
a Jack Parceiros e a Eneri,
e a Pran no graffiti”
Entre suas referências em
fotografia de arte urbana
estão Martha Cooper, Alex Fakso
e Edward Nightingale
“Eu acho as artes do pixo
e do graffiti esteticamente
impressionantes: a criação
das letras, a utilização
dos espaços, os meios
para chegar ao resultado”
Além da adrenalina e da
paixão pela estética da
arte urbana, a fotógrafa
também valoriza as conexões
criadas nas ruas:
“É o que eu sempre falo:
passar perrengue cria laços,
as amizades que se formam
nesse meio são para a vida.
Irmãos de tinta”, diz