Artista chinês Ai Weiwei nos convida a repensar as fronteiras que dividem o mundo
Por: Nina Rahe Fotos: Daniel Klajmic / Revista GOL
O retrato do artista
Ai Weiwei se tornou um artista e ativista reconhecido mundialmente, com uma obra pautada em questões humanitárias e políticas
A crise dos refugiados é o tema que se tornou quase uma obsessão para ele. “Que tipo de animal você é se não liga para o sofrimento humano?”, questiona
O documentário “Human Flow” e a exposição “Good Fences Make Good Neighbors”, ambas de 2017, são alguns de seus trabalhos sobre o assunto
Para o longa, o artista montou um estúdio em Lesbos, na Grécia, por quase um ano, e contou com 274 pessoas. Sua equipe visitou 23 países, onde coletou 600 entrevistas
“Os refugiados possuem um passado terrível e um futuro incerto, mas decidem não esperar a morte e se movimentar”
Para Ai Weiwei, a crise dos refugiados vai além da política – “é humana e moral” – e, apesar de necessária, a ajuda material não é suficiente
“Discutir os direitos humanos é a única maneira. É preciso entender que eles não pertencem a uma classe especial. São como nós”, diz ele
Visto como um dos principais opositores do governo chinês, o artista chegou a ser preso e ficou impedido de deixar o país durante quatro anos
As represálias fizeram com que deixasse a China rumo aos Estados Unidos nos anos 80 com apenas US$ 30 no bolso
“Tornei-me ilegal e fiz todo tipo de trabalho para sobreviver. Queria ser um artista, mas sabia que nunca seria aceito e que sempre seria um outsider”
Em 2015, aceitou o convite para lecionar na Universidade das Artes de Berlim, na Alemanha, onde vive atualmente
É por experiências como essas que Weiwei se sente tão próximo da realidade das mais de 65 milhões de pessoas que foram obrigadas a deixar suas casas nos últimos anos
A despeito de seu extenso currículo – que inclui os célebres retratos mostrando o dedo do meio para edifícios oficiais –, os ateliês de Weiwei permanecem vazios
O artista não gosta de conviver com as obras que cria e diz que nunca fica contente com suas exposições. “Eu curto o argumento, a arte como aprendizado”, diz