O projeto SP Invisível
conta a história de pessoas
em situação de vulnerabilidade
e faz um retrato da pandemia
sob outra perspectiva
Por: renata moniz
fotos: sp invisível / divulgação A pandemia
que ninguém vê
“Histórias são uma
forma de eternizar
vidas. E algumas vidas
sequer foram vistas,
quanto mais eternizadas”,
diz André Soler, fundador
do SP Invisível
Ao lado de Vinícius Lima,
desde 2014 ele transforma
em fotografias e depoimentos
a vida de pessoas em
situação de rua na
cidade de São Paulo
Na pandemia, além de
promover ações e arrecadar
doações, o projeto registrou
como os paulistanos em
condições vulneráveis
passaram por este período
As 100 histórias de pessoas
em situação de rua, profissionais
da reciclagem, dos cemitérios e
entregadores se transformaram no
livro “A pandemia que ninguém vê”
“A ideia é retratar
ESSA realidade social
para que futuramente
as pessoas possam olhar
para a pandemia a partir
da perspectiva daqueles
que estavam extremamente
vulneráveis”, DIZ André
A seguir, leia um trecho
do depoimento de cinco
pessoas que dividiram suas
histórias com o SP Invisível
Henrique Machado, 30 anos
“Eu tô há sete anos na
rua e a pandemia foi o
pior momento que já vivi
na vida. É uma calamidade
e o ensinamento que tiro
é a sobrevivência”
Alexandre Almeida, 38 anos
“O pior da pandemia foi
o medo de pegar a doença.
Quase não tinha gente
na rua, então foi difícil
já que às vezes vivo em
situação de rua e, pra
sobreviver, vendo balinha”
Ricardo José, 38 anos
“Foi mais complicado pra
me alimentar, tomar banho,
me vestir. A pior parte
era pedir algo e ser
chamado de escória. A
pandemia me trouxe como
ensinamento humildade e
saber que não somos nada”
Osias Monteiro, 49 anos
“Eu era promotor de vendas
e faz quase oito anos que
vim parar aqui. A gente
que tá na rua enfrentou
isso orando muito para
Jesus Cristo. No começo
foi estranho, mas depois
acostumamos, né?”
Evanda Arruda, 50 anos
“Eu tive dez filhos.
Faz uns dois anos que
vim pra rua. Meu sonho
é viver numa casa boa,
com a mesa bem grande,
farta, com arroz, feijão,
carne, macarrão, salada”