Para alertar sobre a extinção
das espécies causada pelo
aquecimento global, o fotógrafo
Joel Sartore está construindo
o maior arquivo de fotos e
vídeos de animais do mundo

Por: caio ferretti
FOTOS: JOEL SARTORE/
NATIONAL GEOGRAPHIC PHOTO ARK

A Arca
de Joel

Joel Sartore tem um
objetivo claro na vida.
Antes de se despedir deste
mundo, ele quer fotografar
20 mil espécies e, assim,
construir um tipo de Arca
de Noé dos tempos atuais

Os motivos do fotógrafo
não são muito diferentes
daqueles do personagem
bíblico. Ele também quer
salvar as espécies da
extinção com seu trabalho

“Nas minhas imagens,
as pessoas podem olhar
profundamente nos
olhos dos animais
e ver que todos são
importantes e dignos
de preservação”, diz

“Damos aos animais a
chance de serem vistos
e ter suas histórias
contadas enquanto ainda
há tempo de salvá-los.
Tudo começa com a
educação, pura e simples”

Mais de 13 mil espécies
já foram registradas pelo
projeto, batizado de Photo
Ark. As fotos são feitas
em estúdios improvisados
em zoológicos, aquários,
santuários naturais e centros
de reabilitação de animais

“Usamos um fundo
branco ou preto para
que não haja distrações
na fotografia, são
apenas o animal e o
espectador. E faço
as imagens o mais rápido
possível, em alguns
minutos, para não
incomodar os animais”

Mas o fato de clicar em
estúdio não significa que
o trabalho seja sempre
fácil. Dirigir uma sessão
de fotos com um animal
tem suas dificuldades

“Lembro da primeira
sessão com chimpanzés.
Depois de uma hora
preparando o set, eles
entraram e destruíram
tudo. Durou menos de
três segundos. Até hoje
não tenho um retrato
íntimo de um chimpanzé”

Outra vez, um filhote de
leopardo subiu na cabeça
de Joel enquanto ele se
preparava para fazer as
fotos. Mas, apesar dos
percalços, o fotógrafo
continua viajando o mundo
para abastecer sua arca

No Brasil, ele já fotografou
um peixe-boi e uma espécie
de mico-leão ameaçada em
Manaus, um tatu-canastra
no zoológico de Brasília
e um gavião-de-rabo-branco
no interior do Rio de Janeiro

O trisal Joel-fotografia-
natureza é antigo e vem
de muito antes do início
da construção da arca.
Começou quando Joel virou
fotógrafo da revista
National Geographic e
participou de reportagens
que abriram seus olhos

“Vi petróleo derramado
no oceano, resíduos
médicos espalhados pelas
praias… O meio ambiente
está em péssimas
condições e as pessoas
simplesmente ignoram.
Aí percebi que havia
muito trabalho a ser
feito, e que duraria
minha vida inteira e além”

Joel, que hoje se dedica
exclusivamente ao Photo Ark,
já viu muitas espécies serem
extintas durante o processo
de construção da arca

“Perder espécies me
entristece muito, mas
também me motiva
a dar tudo por esse
projeto. A extinção
é um alerta: assim
como essas espécies
desapareceram, nós
também podemos
desaparecer”

Mas o que fazer para
evitar que a previsão
apocalíptica realmente
aconteça? “Pode começar
apoiando um centro
de reabilitação local,
um zoológico ou
aquário credenciados,
um santuário natural…”,
sugere Joel

“Eles trabalham
incansavelmente
para salvar a vida
selvagem. Seu dinheiro
vai diretamente para a
preservação de animais
raros. Muitas espécies só
existem nesses lugares”

“Outra opção é reduzir,
reutilizar e reciclar
o que você compra.
Se todos dermos um
pequeno passo para
sermos mais conscientes
com o meio ambiente,
podemos mover a agulha”

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