Ao perceber que careço da importância que os outros me dão; que aquilo que penso e então escrevo, falo ou comunico tem a atenção de outras pessoas (chego a 15 mil acessos a meus textos aqui no blog); que aqui e quando escrevo as pessoas me respeitam pelo que sou e expresso, sem que eu necessite esconder meu passado, que concordo, foi horrível, sinto que minha existência tem valor.
Mentimos quando afirmamos que não ligamos para o que os outros pensam ou dizem sobre nós. O valor que os outros nos dão é fundamental para o amor que desenvolvemos por nós mesmos e depois pelo outro.
Mas essa é uma conquista minha, de minha maturidade e empenho. Embora seja vinculada à boa vontade das pessoas em ler e gostar do que escrevo, falo ou sou. Uma amiga recente afirmou que só o fato de eu estar vivendo com dificuldades financeiras, sem ter nada, nem carro ou moto, lutando pela sobrevivência minha e dos que dependem de mim e continuando a investir na dignidade e honestidade de princípios, já é uma vitória. Não penso assim; não faço mais que minha obrigação de ser humano e cidadão. Jamais quis ser exemplo ou modelo de nada, conheço meus pés de barro, meus limites e sequer penso nisso, mas há quem admire e queira seguir caminhos paralelos.
Aprofundando esse raciocínio um pouco mais, percebo que os outros também carecem dessa importância, desse interesse e desse respeito, para, como eu, sentir que têm valor. Tento oferecer essa contrapartida, mas não consigo falsear, esconder minha capacidade crítica e muito menos fazer hipocrisia. Para que eu reconheça e tenha interesse, é preciso que sinta o valor. Claro, o esforço, mesmo quando não dá certo, também tem seu valor.
O problema é que eu lutei e luto muito para conquistar minha posição no mundo. E contra enraizados preconceitos que impedem e bloqueiam minha expansão. Tenho cerca de 40 anos de leituras e 13 anos de decisão pela escrita como meu meio de expressão e sobrevivência. Estou há mais de 10 anos fora das grades, vivendo dificuldades (agora até de saúde) e cada vez mais convicto de que este é meu caminho. Não quero nada, apenas o valor de meu empenho e algum talento que possa ter conquistado. E até tenho conseguido, não tanto quanto o almejado, mas mesmo assim o valor que me sustenta nesse caminho.
Percebo que nem todos, salvo exceções, se esforçam para alcançarem esse respeito, conquistarem essa importância e ganharem esse valor. Parece que não se importam com isso ou que têm receios de tentar e fracassar. Convivem com a baixa estima e o desvalor com naturalidade. Não quero criticar, pois cada um escolhe o que quer, e se não conseguir, responde apenas por suas escolhas e não pelas consequências. Mas jamais consegui viver assim. Mesmo quando fui bandido, dentro da única orientação e cultura que eu possuía ou conhecia, quis ser o mais esperto, o mais inteligente e até o mais elegante. Disputei com os melhores que conhecia. Até compreender que esse era um interesse sem qualquer respeito e mudar o foco de minhas lutas e empenhos.
O que me amo quando me amo é o respeito e o valor que recebo pelo meu esforço e dedicação em que me empenho.
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