Utopia

por Luiz Alberto Mendes em

 

O país vai ser melhor

 

O país vai acabar sendo melhor quando um chutador de bola não ganhar centenas de vezes mais que um professor ou um médico.

Quando o funcionário público, essa casta superior e divorciada da sociedade que o sustenta, assumir sua condição de servidor público e deixar de usar estabelecimentos financiados pelo dinheiro público qual fosse dono.

Quando as prisões não estiverem com mais de 170% de superlotação, tornando-se desumana e inviabilizando o processo de ressocialização do cidadão aprisionado.

Quando as polícias do país deixarem de obedecer comando militar, forem unificadas, tornando-se menos autoritária e letal, respondendo a um governo civil.

Quando a pasta da Educação receber mais verba que a Segurança e todo o currículo escolar for reformulado a fim de que o jovem estudante seja preparado para todas as intervenções possíveis na vida moderna.

Quando um mero policial de estrada, por ser federal, não ganhe duas vezes mais que um professor na sala de aula.

O país vai ser melhor quando seus cidadãos exigirem de seus governantes o cumprimento de suas promessas eleitorais. Quando as pessoas começarem a se revoltar contra a corrupção e cobrassem do Estado que sustentam.

Quando as capacidades e genialidades do país deixarem de serem jogadas no lixo e nossas maiores inteligências não fossem obrigadas a emigrarem para poder realizar pesquisas e estudos impossíveis aqui.

O país será melhor quando nossa renda nacional for dividida mais racionalmente, as oportunidades forem para todos, diminuindo a descomunal desigualdade econômica que nos coloca em 4º lugar na América Latina.

Quando o desenvolvimento do espírito crítico do cidadão seja condição indispensável e profundamente considerada em qualquer tipo de ideia de progresso.

Quando as diversidades alimentarem a vida do novo, do inédito e do inaugural e as homogeneidades só existam para firmar o que já tenha sido decidido em consultas gerais.

Quando descobrirmos que o ódio que geramos é o pior de nossos algozes e chegarmos ao despojamento de amar o inimigo porque essa é a única forma de vencê-lo dentro de nós.

O país será melhor quando a Educação puxar o crescimento econômico e não o contrário. Quando o desenvolvimento econômico puxa a Educação, como se acredita atualmente, tem-se uma Educação de resultados econômicos e não de crescimento pessoal ou coletivo.

Quando o relacionamento humano não tão precário e dificultoso.

Quando haja liberdade para errar.

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Luiz Mendes

16/11/2012.

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