Escrever é uma paixão. Somos todos capazes de escrever, bem ou mal. Vem de dentro, da força, da paixão por viver e da intensidade com que cada qual sente a vida e suas circunstâncias. Dizia Bernard Shaw que “escrever ou é fácil ou é impossível”. Creio que falava de escrever, mas com a responsabilidade e arte de um escritor. Claro, para quem não consegue fazer outra coisa além de escrever e o faz por prazer e gosto, deve ser mesmo fácil. Obviamente é impossível, e não só ao leigo, escrever com a arte de Shakespeare, João Ubaldo, Victor Hugo, Machado de Assis, Goethe, Érico Veríssimo, Tolstói... E todo escritor que se preze ambiciona, a seu modo e estilo, chegar a esse topo do mundo literário.
Não há exatidão na linguagem. Cada um de nós enxerga algo ligeiramente diferente dos outros. É ai que entra o escritor. Uma necessidade de precisão. Busca daquela palavra que aglutine ideias e ao bater os olhos todos entendam exatamente o que se quer dizer. Sem dúvidas, sem mais explicações ou legenda. Creio que escritor é aquele sujeito que não suporta a inexatidão, não consegue conviver com o impossível e busca preencher a falta de sentido da vida.
Escritor também é aquele ser humano que tem percepções para além das convenções e condicionamentos sociais. Busca conhecer (todo escritor é um grande leitor) e ficar concentrado em si para escapar à maneira tradicional e conservadora que somos habituados a enxergar o mundo. Observa infinitos detalhes que escapam à percepção geral e constrói a expressão que melhor se aproxima do que percebeu e quer ressaltar. Creio que o escritor precisa desenvolver uma grande sinceridade consigo mesmo para se exprimir a partir de sua verdade pessoal.
Escrever é paixão, já texto é trabalho, suor e desgaste. Não há nada realmente bom nesse mundo que não exija disciplina e esforço pessoal. Também é o prazer de pensar e fazer tudo a seu gosto, como um bom prato de comida.
Detectamos um escritor a partir do fato de que ele tem necessidade de explicar tudo em seus mínimos detalhes. Sempre discute tudo até esgotar os assuntos e não consegue se conformar com o que não concorde. Jamais consegue aceitar algo que lhe for dado sem questionar profundamente. Resumindo; o escritor fala demais, explica demais, em suma: um chato.
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