Sempre quis um tempo na vida para me dedicar ao estudo de quem sou e o que quero de verdade. Não é egocentrismo. Muito pelo contrário. É um acerto comigo mesmo. A finalidade é afinar o instrumento para ser mais eficiente. De há muito sei que tudo o que faço, penso e vivo esta completamente relacionado a todos os outros. Tenho convicção que a responsabilidade sobre meus atos não acaba nas consequências que me causam. Estende-se ao universo.
Confesso que às vezes sinto certo receio em levantar a cortina da ignorância que me protege. Ignorar também é estar protegido. Conhecer e não saber o que fazer com o que aprendo, acabaria comigo. Seria devorado pela ansiedade. A história esta repleta de homens que enlouqueceram de lucidez.
Agora, já na terceira idade, pensei que conseguiria. Mas já começo a desistir. Provavelmente não há nada a saber além do que a vida me reservou. Sinto-me em uma faixa existencial, situado. Não dá para ir muito além e nem voltar muito. Deixei muita coisa para traz na esperança de chegar logo. Agora percebo que logo não existe. O tempo flui, mas não se move e tem seu ritmo próprio.
Estou chegando. Não sei bem onde, mas sinto que estou sempre chegando. Não há onde, é sempre aqui. Não há quando, é agora toda vez. O que quero não entra em consideração. Nem imagino o que pode haver, como posso querer? Aqui e agora é o real que tenho de verdade. Resta ampliar a varredura e, em vez de apenas escanear, ver com olhos atentos e apaixonados.
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