Três cometários pertinentes

por Luiz Alberto Mendes em

Não  Esqueça!

 

Esses dias ouvi algo assim: “Não confie em ninguém. Mas se encontrar alguém em que possa confiar, compre-o: ele vale ouro!” O pensamento se contradiz: como encontrar se nos aconselha a não confiar, logo de cara? Que tal as pessoas não confiarem em nós? Não é nem um pouco legal, não é mesmo? Às vezes passo por tal desrespeito. Pessoas não confiam em mim pelo meu passado de bandido. Não gostam de me levar na casa delas. E eu, puxa, sei que sou um homem firme. Luto insanamente para cumprir com meus compromissos e minha palavra. Nem sempre consigo. Meus parabéns quem consegue. Sou apenas humano.

Sei que tenho algum valor. As pessoas que realmente me conhecem estão sempre comigo. Só não aceito que queiram me comprar. Não estou à venda. Também não valho tanto assim, não se engane. Ouro é muito caro, gosto mais de prata. Tem mais a ver comigo.

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Outra coisa que não posso deixar de dizer é sobre essa máxima dos tempos atuais: “Tempo é dinheiro”. Não podemos esquecer que ela foi produzida ficcionalmente pelo marketing. A intenção era criminosa, tem algo a ver com aqueles famosos e quase inacreditáveis contos do vigário. Os vigaristas vendiam o Viaduto do Chá, a Estátua da Liberdade e até o ar que respiramos. Alguns marqueteiros, vigaristas do século XXI, querem, com tal enunciado, nos vender o tempo.

O que ocorre é que, na verdade, tempo é ausência de dinheiro. Não temos tempo pra quase nada além do que já fazemos. Fomos, mais uma vez, vilmente enganados. Porque não temos mais tempo para negociar com dinheiro. Nosso tempo foi vendido à nossa revelia e nós nem vimos a cor do dinheiro. Geralmente quem tem tempo não tem dinheiro, salvo raras exceções. Quem nos terá vendido?

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Aqui em nosso país, infelizmente, usamos mais a palavra para esconder do que para mostrar. Escrevo para revelar, para esclarecer e para refletir junto. Para mim, conseguir um bom texto é quase como ganhar uma batalha, ser vitorioso de repente. Vivo me surpreendendo com o que escrevo. Sou meu leitor admirado. Claro, consciente de que a luta continua; amanhã é outro texto, outra batalha.

De repente um bom texto é como um sorriso assim meio de lado, velado de satisfação comigo mesmo. Um prazer todo pessoal e intransferível. Principalmente quando tenho consciência de que acertei a mão. Fica um vago olhar, daqueles que se perdem na degustação do que se fez.

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Luiz Mendes

20/09/2010.  

 

 

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