Teclas viajantes
Conheça o tecladista Donatinho, filho de João Donato, e baixe o EP de sua banda de graça
Donatinho tem talento de berço. Filho do pianista João Donato, o rapaz começou a se aventurar na música com nove anos de idade, brincando e aprendendo no piano do pai. Com jeito pra coisa, Donatinho tem a bossa nova e o jazz correndo em suas veias, mas seu estilo pessoal é influenciado pela black music. Jamiroquai, Stevie Wonder, James Brown, Tim Maia e Jorge Ben são seus prediletos. Com 16 anos já acompanhava o pai em turnês, acrescentando seus sintetizadores e timbres eletrônicos a bossa nova tradicional. Em 2003 começou sua carreira profissional tocando no carnaval da Bahia, ao lado de Gilberto Gil no trio Expresso 2222. A partir daí, não parou mais. Já contribuiu para a música de artistas como Fernanda Abreu, Os Paralamas do Sucesso, Davi Moraes, Celso Fonseca, Preta Gil, Toni Garrido, Kelly Key e outros. Ao lado do produtor Liminha, assinou o disco Djavan na Pista, Etc, que traz alguns dos maiores sucessos do cantor em versões remixadas. Atualmente faz parte da banda da cantora Vanessa da Mata. Mas sua verdadeira identidade musical aparece em seus diversos projetos solos, como o Zambê, o Laranja Mecânica Live P.A., atuando como DJ e a big band carioca, Paraphernália. Em conversa com a Trip, Donatinho falou um pouco mais sobre sua carreira.
Você começou a tocar com 9 anos. Seu pai te incentivou a esse início?
Nunca tive uma influência direta do Donato na minha música. Apesar de eu pedir pra ele me ensinar quando era pequeno, ele nunca chegou a me dar uma aula. Ele dizia: "Eu não tenho o dom da didática". Tá certo. É tipo aquele ditado: "Santo de casa não faz milagre". Mas claro que a música dele me influenciou e muito, no tanto de shows e gravações que eu o acompanhei. Sou autodidata e aprendi tudo o que sei na prática. Comecei a tocar de brincadeira, com nove anos, mas lembro de quando ouvi pela primeira vez o disco Head Hunters do Herbie Hancock. Eu tinha uns quatorze anos e foi naquele dia que eu decidi que seria músico. Acho que isso é muito claro na minha música. Essa mistura da influência brasileira com o funk/soul. Mas vou confessar que já roubei várias levadas de piano do Donato!
E como você lida com essa pressão de ser músico e filho do João Donato?
Não me incomoda muito não. Tem muita gente que gosta de fazer comparações, mas acho isso uma besteira. O som que faço é completamente diferente do som do Donato. Não to aí pra competir com ele, nem com ninguém. Só quero mostrar meu trabalho.
Fale um pouco sobre seus diversos projetos?
Sao tantos, né? Os que estão em atividade agora são meus dois Live P.A.'s de electrohouse. Um que se chama Zambê, voltado pra mistura dessas batidas com música regional brasileira como escola de samba, candomblé, canto indígena e viola caipira. E outro que leva só o meu nome mesmo onde eu ponho mais o lado Funky/Disco. Nesses dois projetos eu, além de tocar bases que produzi com os arranjos sendo feitos ao vivo, ainda toco teclado e uso uns brinquedos como o Talk Box que faz aquela voz de robô, uns efeitos e ainda os joysticks do Nintendo Wii pra tocar bateria e percussão. Tem também o Laranja Mecânica que é voltado pra onda dos Mash-ups. A idéia é misturar Funk/Soul nacional com americano. Aí pintam misturas inusitadas como uma base do Michael Jackson cantando uma musica do Jorge Ben em cima ou Stevie Wonder com Bebeto e por aí vai.
E o Paraphernália? Fale um pouco sobre essa banda.
O Paraphernália é uma banda que teve seu início há uns cinco anos atrás, em um cineclube obscuro total. Era o Cine-Buraco. Um lugar onde as pessoas se encontravam para ver filmes e a gente tocava no final. A banda se chamava ZBC+D (que eram as iniciais dos integrantes da época). Mais pra frente com o sucesso que começamos a fazer, fomos chamando percussão e sopros. A banda é formada também por Alberto Continentino (baixo), Bernardo Bosisio (guitarra), Renato Massa (bateria), Joca Perpignan (percussão), Marlon Sette (trombone), Felipe Pinaud (flauta) e Leandro Joaquim (trompete). No som têm ritmos que convidam a dançar e melodias simples, mas cheias de humor e ironia. É musica instrumental que passeia pelo universo dos anos 60, 70 e 80 se misturando com a música moderna atual. Do jazz ao rock, do experimentalismo aos ritmos africanos e latinos, com teclados analógicos e antigos pianos elétricos, guitarras psicodélicas. É um som com referências das trilhas de seriados de TV e filmes policiais dos anos 70.
Você já tem algum trabalho solo gravado para quem quiser ouvir?
Eu cheguei a gravar um disco do Zambê, chamado Festa Popular em 2007.
Contou com a participação de muita gente bacana como Totonho Cabra, Rita Ribeiro, Angelo B e o grande trompetista Marcio Montarroyos, inclusive foi a última música dele gravada antes de falecer. Mas infelizmente o disco só foi lançado digital. Ainda estou em processo de negociação com uns selos pra poder lançá-lo em CD.
Para baixar o EP da banda Paraphernália, clique aqui.