Este é dos livros que, como diria a genial Hilda Hilst, passam no teste do colo. Você põe o livro no colo, começa a ler e não dá outra: o livro começa a subir. Afinal, o texto de Jean Pierre Enard tem altíssima voltagem erótica e um bom humor refinado e irônico: Eu estava com aquela minissaia de couro selvagem que incita os homens a me fazerem confidências. Tenho um jeito de fazê-la subir pelas coxas que os levam a falar muito mais do que pretendem. A história é a seguinte: Eva Lindt, rainha da fofoca sexual na TV italiana, viajando de trem de Paris a Veneza, divide sua cabine com um misterioso cavalheiro que adormece, deixando cair um intrigante livro chamado A Arte da Palmada. Curiosa, a moça pega o tal livro e saca todas as histórias de um certo Donato Casanova, um descendente do famoso conquistador italiano cuja maior tara é estapear as bundas de maravilhosas mulheres - desenhadas com requinte por Milo Manara, grande mestre do cartum safado (criou a sensacional HQ Click). As histórias mais absurdas vão se sucedendo, numa ode às bundas de fazer inveja ao Tchan: Há traseiros irresistíveis, que atraem a mão tão irremediavelmente quanto a garrafa atrai o bêbado - bundas que seguiríamos até o fim do mundo. Mas não pense que o livro é um elogio ao sadomasoquismo ou justificativa para a conhecida frase de Nelson Rodrigues toda mulher normal gosta de apanhar: a palmada, segundo Enard/Manara, não passa de uma deliciosa brincadeira. O que faz de A Arte da Palmada um livro de sacanagem classe A.(Ronaldo Bressane)A Arte da Palmada, de Jean Pierre Enard e Milo ManaraMartins Fontes, 46 páginas, R$ 27
Arquivado em:
Trip/Livros
Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.