Tablet é o novo celular
O “hype” agora são os tablets populares, que devem provocar uma revolução no acesso à informação
No começo dos anos 2000, Bill Gates soltou uma frase que ficou célebre. Disse que “os 2 bilhões de pessoas mais pobres do mundo precisam desesperadamente de saúde, não de laptops”. A frase criticava, naquele momento, a ideia de que a tecnologia deveria estar na lista de prioridades para promover o desenvolvimento. Para ele, tecnologia não era essencial.
Mais de uma década depois, a perspectiva mudou. A tecnologia assumiu formatos mais econômicos do que o dos “laptops” mencionados por Gates, permitindo sua chegada a países pobres. Um exemplo é como os celulares se espalharam pela África, pela América Latina e pelo sul da Ásia.
O “hype” agora é a chegada dos tablets populares. A promessa é que eles vão ajudar a revolucionar o acesso à informação, especialmente em países mais pobres. E isso vai ter um impacto importante sobre a educação (sobre isso, basta lembrar que o governo brasileiro está comprando tablets para estudantes das escolas públicas).
Nesse momento, os números corroboram a tendência. Um relatório da IDC mostrou que, no começo de 2011, o Brasil tinha apenas 200 mil usuários de tablets. Hoje são 5 milhões. O mais interessante é que, deles, cerca de 50% correspondem a aparelhos de baixo custo, com preço abaixo de mil reais. Não são produtos da Apple ou da Samsung, mas sim aparelhos de marcas pouco conhecidas, feitas na Ásia com foco em atender consumidores de menor renda.
Preço popular
Para se ter ideia, na China há tablets sendo vendidos hoje por 25 dólares. Com isso, há quem diga que vão se tornar “gratuitos” em breve. Como o custo de produção fica cada vez menor, vão poder ser distribuídos até como bônus pela aquisição de conteúdos (assinou um jornal ou um site, ganhou um tablet).
É um fenômeno parecido com a relação do celular e da telefonia fixa. A maior parte das pessoas no Brasil comprou seu primeiro celular sem jamais ter tido linha fixa. Agora, há pessoas comprando seu primeiro tablet sem nunca ter tido um PC.
O número de PCs vendidos no mundo em 2011 permaneceu praticamente estável com relação aos anos anteriores (cerca de 300 milhões por ano). Já o número de smartphones e tablets somados ultrapassou 560 milhões e a curva é ascendente.
Voltando ao Bill Gates de hoje, ele acredita que há um excesso de expectativas sobre os tablets. Em entrevista recente ao jornal The Chronicle, afirmou que seu uso no contexto educacional “nunca vai dar certo” porque “não possuem teclado”.
Curiosamente, sua opinião agora é de que são os bons e velhos laptops que vão fazer diferença. Nas palavras dele: “Estudantes não querem apenas ler, eles precisam escrever e se comunicar. Por isso esse papel dentro da sala de aula vai ser mais dos PCs de baixo custo, que são mais interativos”. Apesar da crítica, ao menos há indícios de que ele agora acredita que, na promoção do desenvolvimento, as pessoas precisam não apenas de saúde, mas de acesso à tecnologia também.