Swell sem limites

Robson Careca ignorou os limites da cadeira de rodas e hoje ensina surf adaptado em SP

por Diogo Rodriguez em

Robson Careca, 38, sofreu um grave acidente há mais de uma década. Saindo de um campeonato de surf, pegou carona num carro que passaria parafina no seu destino de ali em diante: tornar-se um dos pioneiros na adaptação do surf para pessoas com necessidades especiais.

Motivado a voltar a deslizar nas ondas, demorou apenas um ano para cair de novo n'água, dessa vez com uma prancha especial. Noventa dias de internação não foram capazes de diminuir seu ímpeto pelo surf, esporte que pratica desde criança. Assim surgiu a ONG Surf Adaptado, que se dedica a oferecer sessões para pessoas com a mesma condição de Robson, cadeirante há 12 anos.

Hoje ele oferece o surf adaptado em três praias do litoral norte de São Paulo (Baleia, Maresias e Caraguatatuba) e sua iniciativa virou um documentário, Aloha, que estreou em 2010 e será exibido em sessão especial no Cine Surf, em Santos.

Pelo telefone, Robson Careca conversou com a Trip sobre a acessibilidade das praias brasileiras, falou sobre seu acidente e sua ONG.

De onde veio a ideia do filme?
Foi para poder divulgar o surf adaptado e atrair pessoas com deficiência. Agora estamos preparando a parte dois para janeiro. Quero colocar mais deficientes físicos [para surfar].

Você pratica surf adaptado há quanto tempo?
Doze anos. Antes eu já praticava.

Você sofreu um acidente?
Foi num acidente automobilístico, uma colisão frontal. Estava saindo de um campeonato de surf e peguei carona com um casal. Eles começaram a discutir, ele tentou uma ultrapassagem e bateu. Fiquei internado 45 dias no Hospital das Clínicas e mais 45 no Hospital Sara Kubitschek em Brasília.

Depois de recuperado, quanto tempo depois você demorou para voltar ao surf?
Um ano. Fui me reabilitando e fazendo uma terapia de cura com a água de mar. Comecei a adaptar as pranchas e hoje temos 14, temos até para cego.

Como é a prancha para cegos?
Desenvolvi ela com relevos táteis e direcionais. Ele sabe a posição de colocar o pé.

Na sua opinião, as praias brasileiras estão preparadas para receber pessoas com necessidades especiais?
Estamos engatinhando nisso ainda. Estou fazendo um trabalho com praias acessíveis no Rio de Janeiro e no litoral norte de São Paulo. Ainda temos uma dificuldade enorme. Os governadores e prefeitos tem de olhar para isso. Alguns até tentam ajudar fazendo rampas de concreto, madeira, mas a natureza destrói tudo.

Como seria uma praia acessível?
Ter rampas de acesso de concreto bem-feitas, um deck, um banheiro que atenda as pessoas com deficiência, isso também para quem não tem. Quando a pessoa vai numa praia com a areia muito fofa, é difícil andar de cadeira de rodas, então pensamos também em colocar esteiras. Existem esteiras importadas, mas a nossa ideia é fazer umas de borracha, eu já uso e desenvolvo.

É caro praticar?
A gente não cobra nada. Mas se quiser prancha, eu mesmo adapto, é só entrar em contato que eu faço. Vai de 800 a 1200 reais.

Vai lá: Filme Aloha no Projeto Cine Surf
Quando: 30/11 (terça), às 21h30
Onde: Cine Roxy - Avenida Ana Costa, 443, Gonzaga - Santos
Quanto: 1 kg de alimento não perecível; o ingresso deverá ser retirando na loja Sthill Wet Land, no Miramar Shopping (Av. Euclides da Cunha, 21, Gonzaga, Santos)

Mais informações sobre a ONG Surf Adaptado: www.surfespecial.com.br

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