Step Into Liquid

Filme levanta discussão sobre o futuro do surf

por Redação em

"Step Into Liquid", da diretora Dana Brown, entrou em cartaz há quatro semanas nos Estados Unidos e, como poucos filmes de surfe fizeram até hoje (com exceção honrosa ao clássico "Endless Summer"), levantou uma onda de questionamentos sobre o esporte.

Tão grande que o jornal "The L.A. Times" dedicou uma página ao assunto. Mas, ao contrário do cult de 1966, que revelou em sua narrativa o espírito nômade e tranquilo do surfe e fez pensar, a contundência que "Step Into Liquid" gera é exatamente a oposta. Mais precisamente, por causa da seguinte cena: surfistas sendo rebocados em jet skis para ondas gigantes sobre pranchas tão modernas que são capazes de subir a dois pés da superfície e atingirem velocidades até hoje apenas sonhadas.

São as hidrofoils, a última geração de pranchas rápidas, desenvolvidas especialmente para o tow-in. Elas têm quilha em forma de asa, que serve para deixar a prancha muito sensível aos movimentos do surfista. Para o espectador desatento, a cena é apenas de tirar o fôlego; para quem surfa, ocasional ou profissionalmente, ela dá um "play" naquela parte adormecida do cérebro que nos leva a pensamentos mais profundos.

Para onde estará indo o esporte? Será o futuro do surfe escrito com a ajuda de motocicletas de água, que poluem e fazem barulho infernal? Ou será esse apenas o discurso de tradicionalistas que se recusam a abrir uma nova janela?

Desde que foi criado, há menos de dez anos, o tow-in chamou a atenção pela ousadia. Com ele, surfistas, que até então amaldiçoavam a tribo barulhenta dos proprietários de jet ski, se viram capazes de dropar ondas de tamanho descomunal, que não poderiam ser domadas sem a ajuda da máquina, porque o braço de um homem não pode remar com a velocidade necessária para colocá-los em paredes de 20 pés.

Mas, com o tempo, ondas cada vez menores, perfeitamente "remáveis", começaram a ser surfadas com a ajuda de jet skis e, exatamente aí, os protestos se agigantaram: pela primeira vez na história do surfe a tribo se dividia. Tradicionalistas pregavam a proibição do jet ski enquanto praticantes de tow-in pediam para que o esporte fosse visto apenas como mais uma variação do surfe, exatamente como o boby-surfing (nosso jacaré), o body-boarding, o knee-boarding e tantas outras.

Algumas leis recentes limitam, nos Estados Unidos, o tow-in a áreas específicas e uma das que está em estudo permitiria em Maverick's (pico excelente para quem faz tow-in e para o surfista tradicional) o reboque só quando o swell estiver maior do que 20 pés. As discussões estão apenas começando e prometem ser longas, uma guerra que terá batalhas vencidas por tradicionalistas e amantes do tow-in, alternadamente. Mas, é certo, o mundo do surfe, que já andava bem diferente daquele retratado no "Endless Summer" original, nunca mais será o mesmo.

Pela primeira vez na história, três filmes de ação estão em exibição nas grandes redes de cinema dos Estados Unidos ao mesmo tempo. Além de "Step Into Liquid", o hollywoodiano "Grind" narra a saga fictícia de um famoso skatista que é seguido por quatro fãs mundo afora; e o documentário "Stoked: The Rise and Fall of Gator", sobre a vida de um dos grandes ídolos do skate dos anos 80: Mark Gator Rogowiski.

NOTAS

SuperSurf

Sob o sol de Itacaré, no domingo, a cearense Tita Tavares conquistou, por antecipação, o SuperSurf 2003. Também em águas baianas, Victor Ribas faturou sua primeira vitória no circuito nacional e disputará, com outros 11 surfistas, o título masculino, em Saquarema, de 22 a 26 de outubro.

Competição de aventura

Em Lake Tahoe, a Quasarlontra, única equipe brasileira a participar do Subaru PrimalQuest deste ano, decidiu completar a prova mesmo depois de Vitor Teixeira Filho abandonar por causa de algumas costelas quebradas. A equipe americana da Nike ACG venceu a competição.

A Vida Voando

O repórter Formiga dá uma geral na vida do BASEjumper Sabiá, num documentário que a ESPN Brasil apresentará sábado, às 18h.

 

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