Sombrio até demais

Com um elenco de peso e clima extremamente sombrio, Batman, The Dark Knight vai muito além da excelente última interpretação de Heath Ledger

por Redação em

POR CIRILO DIAS

Apesar dos conselhos do colega e ex-Coringa Jack Nicholson sobre os riscos que envolvia encarnar o vilão da série Batman, Heath Ledger – o caubói cheio de amor pra dar de Brokeback Mountain – resolveu encarnar o vilão principal do novo filme do homem-morcego. Fim das gravações, elogios pela atuação monstruosa, boatos de que não conseguia desencarnar do personagem e a notícia bombástica: o ator é encontrado morto em seu apartamento por overdose de remédios controlados, no dia 22 de janeiro deste ano.
Se a continuação de Batman Begins já ganhava ares de “clássico” durante as filmagens, esse episódio trágico de Ledger, aliado aos comentários e boatos sobre sua morte, transformou Batman, The Dark Knight em um filme “obrigatório e desejado” por críticos (principalmente) e público.
Talvez isso explique a lotação da sala do cinema durante a exibição para imprensa nesta terça-feira, onde jornalistas e convidados, com suas sacolinhas de bat-souvenirs, esperavam ansiosamente pelo início do filme. Teve até um sujeito mais empolgado que tirou da gaveta sua camiseta do Batman – que provavelmente ganhou quando tinha 12 anos – e desfilava orgulhoso, ostentando sua bat-pretuberância abdominal.
Luzes desligadas, e a primeira piada – que nem foi tão piada assim – proferida pelo Coringa já arranca a seqüência “gritinho/risada/palminha infantil” de um marmanjo mais empolgado sentado na poltrona ao lado. E, ao longo do filme, foram muitos os que batiam palmas ou então davam pulinhos em suas cadeiras quando Heath Ledger aparecia. Tadinho do Christian Bale, que precisou fazer acrobacias com sua bat-motoca para que o cinema soltasse um uníssono “nóóóóósssssaaaaaaaa”, e acompanhasse a empolgação do “sujeito-palminha infantil”, que nesse momento quase criou asas de morcego e saiu voando pelo cinema.
Mas não é só da atuação de Ledger que é feito The Dark Knight. Tem espaço para o Coringa tocar o puteiro, para o comissário Gordon dar uma de herói, para o Batman sair arrepiando geral com sua motoca e para o público ficar quase três horas sentado, quase sem piscar, tentando adivinhar o que está para acontecer na seqüência, tamanho foi o cuidado do diretor Christopher Nolan (Batman BeginsMemento) em mesclar as cenas de ação (com muita explosão e sem abusar de efeitos especiais mirabolantes) com as interpretações de um elenco composto de Michael Caine, Gary Oldman e Morgan Freeman. Portanto, no dia 18 de julho, enfrente fila, assista ao filme, mas não precisa tirar a sua camiseta do Batman da gaveta, OK?

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