Por Dafne Sampaio, do Gafieiras
Uma coisa continua certa. Pernambuco segue produzindo música para muito além do mangue beat (ou bit, como preferirem). Em um curto espaço de tempo, o Mombojó lançou um esperado segundo disco, Homem-espuma (Trama), o Eddie lançou seu terceiro álbum e o Bonsucesso Samba Clube soltou o segundo, além da estréia do Eta Carinae. Em comum, diversidade sonora – e a terra natal, claro.
Metropolitano
O Eddie estreou em 1998 com o irregular e mais roqueiro Sonic Mambo. Em 2003, veio Original Olinda Style, com uma sonoridade ensolarada e participações de Fernando Catatau (Cidadão Instigado), Daniel Ganjaman (Instituto), Bactéria (Mundo Livre), Karina Buhr e Isaar (que logo depois formaram o Comadre Fulozinha), e Roger Man (na foto acima) e Berna Vieira (que formaram o Bonsucesso Samba Clube). Em cerca de oito anos, o grupo mudou tantas vezes de formação que hoje em dia resta apenas o líder, Fábio Trummer.
O novo trabalho, Metropolitano (Salazarte, 2006), é um amadurecimento da música apontada no segundo disco – uma espécie de rock regional contemporâneo, vai saber! A banda apresenta uma contagiante mistura de novas influências, como a guitarrada paraense e o afrobeat. Destaque para as baladas "Danada" e "P/ nós 2" – levadas na interpretação do convidado/membro Erasto Vasconcelos (irmão de Naná) -, "Quando a maré encher" – gravada anteriormente pela Nação Zumbi -, "Maranguape" e "Lealdade", de Wilson Baptista e Jorge de Castro.
Balanço
Apadrinhados do coletivo paulistano Instituto, o grupo Bonsucesso Samba Clube fez sua estréia participando na faixa "Na ladeira", do disco Coleta seletiva (Instituto/YB Music, de 2002). O debute solo viria no ano seguinte, com um disco homônimo em que despontava "Pensei se há".
A novidade agora é Tem arte na barbearia, que está totalmente disponível para download gratuito no site oficial da banda. O trabalho surge como afirmação do que há de melhor no som do grupo liderado por Rogério Homem e Berna Vieira: uma mistura de samba, reggae, dub e música latina. Destaques para as baladas "Amor de todo dia" e "Sinto te falar", e a ‘felakutiana’ "Zumbi chamou".
Estelar
Mais lírico e doce que os outros grupos pernambucanos citados acima, talvez por ser o único que tenha uma mulher como integrante, no caso a cantora e atriz Karina Falcão, o Eta Carinae estréia muito bem em Mirando a estrela. Liderado pelo guitarrista e compositor Dirceu Mello (ex-Jorge Cabeleira), que divide os vocais com Karina, o grupo mostra também uma mistura muito pessoal de samba com rock, dub, balada, rompantes jovem-guardistas, baião e funk. Detalhe: às vezes essa salada pinta numa mesma música.
Dessa mistura surgem bonitas canções, como "Noite seca", "Tive que ir", "Graça maior" e "Puta". Corra atrás!
