Sexy trash

Fotógrafo clica a namorada em lugares destruídos para fazer ensaios sensuais fora do comum

por Diogo Rodriguez em

O cenário é quase sensual: lingeries, curvas, partes descobertas do corpo de uma mulher. O contraste está no entulho, paredes sujas, vidros quebrados, mobília em pedaços. Fabio Stachi, 28, não gosta de ensaios comuns. Há dez anos trabalha como fotógrafo e há três coloca mulheres voluptuosas em lugares incomuns como um hospício abandonado e uma unidade da Febem desativada. Quem aceitaria ficar com poucas peças de roupa em lugares assim? A própria namorada do fotógrafo, Patricia Costa. Na realidade, foi ela quem teve a ideia desses ensaios e é quem vai atrás das locações mais estranhas.

Não é só a sujeira que incomoda o trabalho do casal. Tirando fotos na tal unidade abandonada da Febem, usuários de crack questionaram o porquê de sua presença ali. No hospício, o clima se assemelhava ao de um filme de terror. Em conversa com a Trip, Fábio Stachi explicou sua preferência por aliar o trash ao sensual.

Quando você começou a trabalhar com fotografia?
Faz quase 10 anos. Desde criança eu gostava de fotografar. Usava uma câmera analógica compacta do meu pai. Adolescente, comprei uma Canon analógica e comecei a brincar. Fotografava tudo: parede, barata morta. A barata está no primeiro filme, eu guardo de lembrança [risos]. Comecei a pegar uns "frilas", fiz catálogo de moda, book, banda e estou nessa até hoje.

Seu primeiro trabalho foi quando?
Eu tinha 21 anos. Fiz uma catálogo de moda da amiga de uma amiga que tinha uma marca.

Desde aquela época você fazia essas fotos em lugares detonados?
Isso foi depois, faz uns três anos que eu caí nisso. Foi por acaso. Minha namorada, que é minha modelo, estava passando pelo centro e viu um prédio fechado, tinha achado bonita a estrutura. Conversou com o porteiro, ele deixou a gente entrar, fizemos o ensaio e caiu: "É isso que eu curto". Começamos a explorar esses lugares abandonados em São Paulo.

Então foi ela quem teve a ideia?
Foi, Eu curti e abracei a ideia. Acho legal fotografar num lugar com história, por onde já passaram pessoas, vidas. Aquilo está abandonado e tem marca das vidas, mas o lugar não serve mais para ninguém. Gosto de lugares que contam histórias. Procuro me adaptar ao lugar do que adaptá-lo às minhas necessidades. Nunca levo luz, uso a luz natural, não limpo o chão, as paredes. O máximo que faço é abrir uma janela.

Em que lugares você já fez ensaios?
Prédio abandonado, hotel, Febem. O mais tenso foi num manicômio em Brodowski, no interior de São Paulo.

Por que foi tenso?
O clima do lugar não era legal. Era pesado. Você entra e sente a energia pesada. Fotografamos dois dias lá e não foi fácil. Depois, fiquei dois dias sem ver as fotos. Uma coisa que não sai da minha cabeça é que tem vários mendigos que não entram lá, eles preferem não entrar e dormem fora, numa parte coberta. Tem centenas de quartos. Isso me deixou meio encafifado. Depois eu voltei. Não sei estava mais acostumado, foi mais sussa.

Por que é legal levar uma modelo a um lugar desses?
Não tem uma pretensão de ser um ensaio sensual. A gente vai, sente o clima do lugar e a coisa acaba saindo, não é muito planejado. Não gosto de usar o termo "sensual" para o meu trabalho, é uma coisa natural, não foi planejada.

Alguma situação foi perigosa?
A foto que saiu na Trip de outubro [no especial colaborativo], que foi feito na Febem. Estávamos fotografando em cima e embaixo você via galera fumando crack. A todo momento tinha gente passando e eles podiam entrar na sala onde a gente estava, que era aberta. Foi meio tenso por isso. Na hora de a gente sair, a galera parou a gente na porta, perguntaram o que a gente estava fazendo. Para eles é como a casa deles, eles ficam o tempo todo lá, usando droga. Erramos também porque não pedimos autorização, chegamos lá não tinha ninguém. No manicômio a gente se perdeu. Estava escuro, não conseguíamos sair, deu medo.

Sua namorada não se incomoda em posar nos lugares sujos?
Não. Ela é mais da metade do meu trabalho. Ela enfrenta, gosta, se empolga, não tem erro. Se eu falar para ela deitar em um chão imundo com um centímetro de poeira, ela vai. Posso contar com ela para o que for. Acaba ficando um trabalho sem restrições. Não é qualquer modelo que faz isso.

Vai lá: www.flickr.com/photos/fabiostachi

Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
Crédito: Fabio Stachi
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