Setenta Sextrilhões

Esse é o número total de estrelas no céu, dizem os cientistas? será?

por Henrique Goldman em

Recentemente os cientistas do observatório galáctico anglo-australiano ousaram calcular o número de estrelas no céu.

Resultado: setenta sextrilhões, ou seja, o numero sete seguido de 22 zeros, 70000000000000000000000, 70 bilhões de bilhões.

Seguindo o mesmo cálculo, o número de estrelas é dez vezes maior do que o número de grãos de areia no planeta Terra inteiro. E isso só levando em conta o número de estrelas que podem ser observadas por telescópio.

Segundo os mesmos astrônomos, o número absoluto de estrelas é muito maior do que esses meros setenta sextrilhões e pode até ser infinito. Talvez, quem sabe, o número exato seja 8999999944578834733373737376623662 ou talvez 988765409987634409874 4456677889900008.

O coração de um ser humano que vive até os setenta anos de idade bate 257 530 000 (duzentos e cinqüenta e sete milhões e 530 mil) vezes. E qual é a soma de todos os sonhos, pensamentos, sensações e sentimentos que um ser humano pode ter ao longo da vida?

Não sei se a capacidade de fazer tais cálculos é mérito da nossa sabedoria ou medida da nossa ignorância. Um número assim incomensurável de estrelas me parece tão absurdo quanto a inexistência absoluta de estrelas.

Não sem razão o sábio brasileiro Millôr Fernandes chegou à seguinte hipótese: "Não será o sol um ovo estralado na frigideira azul do firmamento?".

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Um produtor inglês me ofereceu a direção de um documentário longa-metragem sobre capoeira. Fiquei muito interessado, mas quando li o roteiro dei uma broxada total. Era uma antologia de todos os mais vulgares lugares-comuns e caricaturas do gênero Brasil-samba-mulata-favela-caipirinha-futebol-trombadinha-Pelé.

O filme deveria explorar a íntima relação entre a capoeira e o futebol no Brasil. Segundo o roteirista, o segredo do sucesso do futebol brasileiro está na influência do gingado da capoeira. Confundiu bife à milanesa com bife ali na mesa.

Lembrei que quando o Juninho veio jogar no Middlesborough, foi recebido no aeroporto por uma multidão de fãs ingleses que, para homenagear o craque canarinho, se fantasiou com sombreros mexicanos!

O Brasil tem esta coisa de ser um país difícil, quase impossível de ser traduzido e explicado no exterior. Outro dia a BBC fez um especial com o Caetano Veloso. Toda a maravilhosa poesia das suas canções - e o próprio Caetano que é tão articulado em português - ficaram perdidos na legenda em inglês. É como se a língua inglesa fosse um desinfetante que esteriliza o sentido ambíguo das coisas e banaliza as nuanças do nosso jeito contraditório de ser.

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