Ser um jovem negro
Não existe nada mais perigoso no Brasil do que ser um jovem negro
Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde mostram que mais da metade dos 52.198 mortos por homicídio em 2011 no país eram jovens, dos quais 71,44% eram negros (pretos e pardos) e 93,03%, do sexo masculino.
Enquanto a taxa de homicídio de jovens brancos caiu 26% entre 2002 e 2011, a morte de jovens negros por arma de fogo aumentou 24% no mesmo período. E o que é pior: existe uma tendência crescente dessa mortalidade seletiva, é o que alerta o Mapa da violência 2013: homicídios e juventude no Brasil.
A violência contra jovens negros encontra abrigo no racismo arraigado na sociedade e nas instituições brasileiras e se agrava na relação com a polícia. A pesquisa Filtragem Racial: a Cor da Seleção do Suspeito aponta: a cor da pele é o principal motivo de suspeição policial. Cerca de 65% dos policiais entrevistados admitiram que pretos e pardos são priorizados nas abordagens.
Uma outra pesquisa, da Universidade Federal de São Carlos, demonstra que as principais vítimas da letalidade policial no estado de São Paulo são negros (61%), jovens (57% tinham até 24 anos) e homens (97%). Por outro lado, os policiais militares envolvidos em ocorrências com mortes são na maioria brancos (79%), têm entre 25 e 39 anos (73%) e são homens (97%). A taxa de flagrantes com negros é mais que o dobro daquela verificada com brancos.
Em São Paulo, desde janeiro de 2012, uma resolução impede que policiais socorram vítimas de violência. Com a medida, houve diminuição de 41% da letalidade policial nos sete primeiros meses de aplicação da medida em comparação com o mesmo período no ano anterior.
Organismos de defesa dos direitos humanos vinculados às Nações Unidas recomendam que “deve haver uma investigação completa, imediata e imparcial de todos os casos suspeitos de execução sumária, arbitrária e extralegal”. Uma resolução do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana determina o fim de designações genéricas como auto de resistência e resistência seguida de morte em registros policiais, B.O.s, inquéritos policias e notícias sobre crimes, a fim de evitar esses assassinatos.
Uma pesquisa de opinião pública realizada em 2012 pelo Datasenado revela que, para 55,8% da população, a morte de um jovem negro choca menos do que a morte de um jovem branco.