Salve a música que nos salva

De acordo com nosso colunista: música é tão cultura como a ciência e faz parte da natureza

por Ricardo Guimarães em

Caro Paulo,

O acelerador de partículas funcionou e não abriu o tal buraco negro que ia nos engolir a todos. Eu comemorei a conquista junto com os cientistas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear. Mas, ao mesmo tempo, aumentou a intensidade da luz amarela que pisca no meu cérebro sem parar: nós, os seres humanos, estamos nos colocando numa posição de muito poder, para o bem e para o mal!

A ciência está chegando a um ponto de tamanha intimidade com a natureza que nós poderemos escolher se continuamos nossa evolução ou se damos um basta com um ponto-final na história da humanidade.

Nessa hora, eu peço socorro e inspiração à música.

A música é tão cultura como a ciência. Ambas são aprendizados que o homem tira da natureza. Só que, enquanto a ciência nos dá poder sobre a vida, a música nos aperfeiçoa como seres humanos.

“A música restaura nossa mente e nossa alma”, dizia Bach. Nos faz seres humanos melhores, eu concluo.

Sim, eu disse que a música está na natureza, viva na forma de ritmo e som. Cada um pode ouvir e expressar de um jeito, mas ela está lá, sempre, graças a Deus.

Na natureza, ela é lei que impõe harmonias e desarmonias que pautam a evolução da vida.

Quando o homem a retrata e recria, é arte que emociona, cura, desperta, inspira e anima; um santo remédio e um alucinógeno divino porque nos eleva a patamares de sensações de extremo prazer e louca imaginação. Por isso a música nos faz seres humanos melhores.

Um dos versos do Manifesto AfroReggae diz: “Salve a arte que nos salva”, como um grito de esperança de que algo superior no ser humano será capaz de criar um futuro melhor e mais belo do que aquele que construímos até agora.

Ciência e arte, poder e consciência, liberdade e escolha. Não estamos descobrindo nada de novo. Muitos séculos antes de Cristo chineses e indianos diziam que a música refletia a ordem do universo. Podemos então ouvi-la, obedecê-la e usufruir da vida com prazer. Ou, arrogantemente, podemos achar que temos ideia melhor, como aumentar o PIB ou implantar o PAC.

Rumo ao Butão
Estou saindo de férias. Finalmente vou para o Butão, seguindo sua recomendação de dois anos atrás. Quero conhecer o lugar onde a natureza e a felicidade do povo são prioridades de sua cultura e de seu governo.

Na bagagem, ouvidos abertos e atentos para a música do Himalaia.

Até a volta. Enquanto isso, preste atenção na Marina.

Meu abraço,

Ricardo

*Ricardo Guimarães, 61, é presidente da Thymus Branding. Seu e-mail é rguimaraes@trip.com.br e seu Twitter é twitter.com/ricardo_thymus

 

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