Relacionamentos...

por Luiz Alberto Mendes em

Intimidade

 

Nós, na verdade não estamos assim desesperados atrás dos outros. Não queremos tanto assim a todos os outros. Estamos somente procurando pessoas que pensem e sintam como nós. Buscamos o compartilhamento do que gostamos e acreditamos e não exatamente os outros. Claro que há os mais receptivos e os afins que pensam e sentem parecido conosco. Estamos longe, muito longe da democracia que pretendemos e sonhamos. Ao mesmo tempo, há países, como a Suécia, por exemplo, em que a boa educação e a boa democracia, por consequência, são praticadas com sucesso. Provavelmente seja proveniente da anterioridade cultural deles. Mais aqui ao sul do equador, somos deseducados, não respeitamos os outros de ponta a ponta como deveríamos. Fazemos quase tudo parcialmente, a “moda da casa”. Vamos até o capítulo X ou Y e depois fazemos o que nos diz o instinto e o impulso do momento. Democracia, respeito pelos outros, igualdade de direitos são nossos temas favoritos porque é ai que estamos patinando, a dar voltas sem sair do lugar. Ainda nos acreditamos diferentes dos outros, melhores, especiais, como se o outro não se acreditasse assim também. Ainda usamos a desculpa da oportunidade e do fato irrecusável para explorar as plenitudes dos outros.

As pessoas ainda negam que já pensaram em matar, que já odiaram profundamente e sonharam com vinganças aterradoras. Não fizeram, mas pensaram e sabem que são capazes, mas têm os “por quês não”; os contensores. A ignorância sobre si mesmo é uma doença que grassa e desgraça. Parece que as pessoas, em geral, claro que há excessões, não desenvolveram uma capacidade de auto-crítica e não se enchergam. Vivemos a nos justificar de atitudes que queríamos ou teríamos que tomar mas não tivemos coragem. É isso mesmo: temos sido muito covardes. E não há como ser valente mais; sempre seremos derrotados em algo. Seguimos com a consciência pesada, sem jamais ter certeza se fomos omissos, medrosos ou estávamos agindo coerentemente.

Somos a maior de nossas mentiras. A imagem que passamos é mentirosa; jamais seremos como nos retratamos, ou mesmo como nos entendemos. Assim como não há como explicar sucessos sem incluir fracassos. Imagino que tudo isso acontece porque buscamos a liberdade através da afirmação da individualidade. Como se na proposta de liberdade estivesse implícito solidão e para ser livre seja necessário ser só.

Hoje não se faz mais nada individualmente. Quase todas as atuações são de equipes por força da complexidade que as coisas vão assumindo. E quando as pessoas se unem para realizar algum objetivo, elas se misturam e se confundem, criando a intimidade, essa peça íntima da alegria de viver.

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Luiz Mendes

04/02/2014.

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