Reflexões
A mais importante conclusão ao se pensar o amor, é que é preciso continuar tentando
Sem pensar muito:
Amor
Amor não tem nada a ver com pagamentos de cobranças ou mesmo razão. Tem um pouco a ver com educação, inteligência, generosidade, honestidade, dedicação, simpatia e conhecimento antecipado. Mas tem tudo a ver com mistério, magnetismo e alinhamento estelar. Ainda mais com o toque da mão quente em concha a estremecer e arrepiar até os pelos mais íntimos. Até brigar causa certo prazer de dor, se me faço entender. Porque reconciliar é uma das melhores coisas em se amar. Claro, tem também o sorriso que galvaniza; o beijo que derrete e quase faz perder os sentidos. Entregas e fragilidades inesperadas. Mas tudo isso, além do cuidado, são referências, adornos a compor porque se ama sem sentido. Sem porquês. Pelo sabor da pele, pelo perfume, pelo modo de olhar, pela modulação da voz, ou até pelo desespero, pela angústia que nos causa. A mais importante conclusão ao se pensar o amor e a relação a dois, é que é preciso continuar tentando. Vale a pena. Ah! Que saudades disso tudo.
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Avaliações
O que dizemos a nós mesmos quando nos avaliamos, só para de doer quando, após muitas reflexões, passamos a compreender que nada é tão difícil quanto o trabalho de existir. Tudo é absolutamente inexprimível, nossa busca é cega mesmo porque secreta e inatingível. Nada é capturável, vivemos no limiar da loucura, a nos trair por dentro porque a vida nos puxa para fora. Tudo o que parece moralmente sadio, politicamente correto, é um modo louco de existir. Tudo o que é regra, obediência, é demente. Somos obscuros, puro breu interior, mas somos ainda a melhor das vontades de viver.
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Direitos
Temos o direito e o dever de desenvolver um caso de amor conosco mesmo. Nos presentearmos com o prazer e a satisfação. Transgredir rotinas e metas já traçadas. Oportunizar impulsos cegos e desejos submersos. É preciso rasgar a embalagem e descobrir o que há dentro. Extrair do coração, dos nervos e do cérebro o que há de autêntico, substancial e humano. Fazer uma inauguração pessoal, aterrizar em um novo campo de pouso. Causa um certo desajeitamento e desconforto, mas magnífico porque único em sua essencialidade.
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Curtos:
Pensei haver abandonado o vento frio, a vida áspera e os aspectos mais duros da existência ao sair da prisão. Liberdade. Mas o frio continua à espreita, mesmo através da porta fechada, aguardando o momento de se insinuar pelas frestas. Para o horror não existe fronteiras, ele se infiltra ao menor vacilo.
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Vivemos uma péssima imitação de vida. Rastreamos alegrias antigas para tentar renascimentos. Olho meu cão e lembro de mim. Às vezes sou um animal, impossível de ser ajudado, a beira de um ataque de loucura. Distante. Completamente distante de qualquer ser humano. O cão me olha, parece compreender e se afasta vagarosamente.
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Pareço viver uma existência intermediária, suspenso no alto de um abismo, querendo dizer palavras que me custam dolorosamente para que se tornem verdadeiras.
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Viver, às vezes, me parece tão bonito, tão interessante, que nem parece com a vida que conheço.
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Luiz Mendes
15/09/2009.