Rebeldes Desajustados
Jake Keroac, Allen Ginsberg, e William Burroughs, os papas do beatnik
Geração Beat
Acabo de ler uma novela gráfica (quadrinhos) sobre a vida dos três principais beats. Um movimento cultural apaixonante que iria influenciar os beatniks, hippies e o mundo, por consequência. Jake Keroac; Allen Ginsberg; e William Burroughs.
Os caras eram muito doidos. Parece que a vida que possuíam era reduzida demais para eles. Careciam expandir, avançar fronteiras jamais alcançadas. E nisso se empenharam com toda alma e consumiram suas vidas. Por exemplo, William S. Burroughs, bêbado com a esposa, Joan Vollmer, foram brincar de Guilherme Tell. Ela colocou um copo na cabeça, ele atirou. Errou. Obviamente ela morreu instantaneamente.
Avançavam fronteiras sexuais impensadas para a época. Relacionavam-se entre si e com ambos os sexos sem o menor constrangimento. Um era apaixonado pelo outro e se misturavam o quanto podiam. Amavam livres, sem necessidade de definições sexuais, muito além de seu tempo.
Maconha, essa erva fedida, era coisa de pobre para eles. Usavam de tudo o que havia ao alcance do dinheiro. Heroína, cocaína, metanfetamina, morfina, LSD (conheceram Thimoty Leare, o profeta da LSD, e não gostaram do sujeito), álcool, peiote, haxixe, ópio, tudo o que aparecia.
Todos trabalharam determinadas épocas, em serviços comuns, como operários. Não viveram da produção de livros e poesias. Não eram considerados escritores pela preconceituosa classe média americana. Antes eram tidos como arruaceiros, drogados e criminosos. Burroughs chegou a fazer assaltos à mão armada na frente do metrô. Todos os três traficaram para sustentarem seus vícios.
Estiveram à frente de todas as lutas pelas liberdades, contra o status quo americano, contra o preconceito racial, contra a guerra do Vietnam, contra todas injustiças cometidas em seu país e pelo seu país.
Ginsberg ganhou todos os prêmios de poesia americana. Seu poema “Uivo” ainda hoje é muito celebrado. Todos se tornaram figuram marcantes de seu tempo. Burroughs é considerado hoje um dos maiores escritores americanos com muitos títulos publicados e ainda vendidos. “O almoço nu” é um marco na construção moderna do romance. Keroac ficou célebre com o livro “On the Road”, que virou filme e foi traduzido para quase todos os idiomas.
Fico pensando: será que é preciso ser tão louco para participar de um movimento literário que ouse desafiar regras? Os inimigos achavam que eram vadios, viciados, preguiçosos e o que eles escreviam mera baboseira. Já os amigos e os que os conheceram, afirmam que eles eram pessoas loucas por viver, loucas por falar, desejosas de tudo ao mesmo tempo, “Mas queimavam, queimavam, queimavam como rojões explodindo aranhas nas estrelas...”
O livro chama-se “Os Beats” e tem um monte de autores e quem edita é Paul Buhle, Editora Benvirá. É todo em quadrinhos e prende a gente na paixão dos personagens.
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Luiz Mendes
05/04/2012.