Quem tem coragem

Entrevistas sobre transporte na íntegra com pré-candidatos às Prefeituras das metrópoles

por Lia Hama em

Para a reportagem Vai Encarar?, publicada na Trip #211 (especial Carros e Gente), a equipe de reportagem da revista ouviu as propostas para o trânsito e o transporte público de vários pré-candidatos às prefeituras das maiores cidades do Brasil. Ao lado da opinião de especialistas, os pontos mais relevantes das conversas foram publicados nas páginas da revista. Aqui, você lê essas entrevistas na íntegra em um aperitivo do que vem por aí na campanha eleitoral de 2011.

Aqui estão as respostas de todos os pré-candidatos entrevistados. É importante dizer que a reportagem entrou em contato também com candidatos que optaram por não responder nossas perguntas. São eles GABRIEL CHALITA (PMDB-SP), ACM NETO (DEM-BA), ANTONIO IMBASSAHY (PSDB-BA), NELSON PELEGRINO (PT-BA), ALICE PORTUGAL (PC DO B-BA), INÁCIO ARRUDA (PC DO B-CE), MORONI TORGAM (DEM-CE), MÁRCIO LACERDA (PSB-MG) e SARGENTO RODRIGUES (PDT-MG).

Veja abaixo e nas páginas a seguir a íntegra dos candidatos

 

FERNANDO HADDAD (PT-SP)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Metrô é um investimento do governo do estado, mas é possível uma parceria tanto com a prefeitura quanto com o governo federal. Está faltando cronograma de entrega. Dinheiro novo tem que representar mais estações e mais linhas. Você não pode colocar dinheiro novo em um ritmo velho de expansão. Então é preciso dar uma mexida nisso. Podemos pactuar um plano de metas com o governo do estado. A prefeitura aporta recursos, mas mediante cronograma de entrega de obras e qualidade do serviço. Isso é possível fazer, e penso que o governo do estado teria todo interesse em repactuar essa parceria em torno do metrô. Desde que, no entanto, a prefeitura não abandone o que é dela, que é o transporte por ônibus.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Todos os ingredientes de um apagão nos transportes e no trânsito estão presentes em São Paulo. Falta de investimento, sobretudo, em expansão; e falta de manutenção, porque muitas panes em trens da CPTM ocorrem por falta de manutenção. Mas não apenas isso, falta de previsão e planejamento para o futuro: nós não temos um planejamento para a próxima década. Veja que o plano de corredores de ônibus do São Paulo Interligado foi interrompido em 2005. Mas nós vamos retomar a implantação de mais corredores na cidade. Estamos há oito anos sem investimentos em corredores de ônibus, que atendem a 70% da população. O que está acontecendo? O trabalhador está com uma renda melhor e o crédito está mais barato. Você tem renda e crédito, você compra um automóvel. E se o transporte público é ruim você migra para o transporte individual motorizado. É isso o que acontece em São Paulo. E é preciso frisar que a gestão Serra/Kassab não teve a postura própria dos democratas, que é dar continuidade ao que está dando certo.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Nossas gestões em São Paulo sempre tiveram como prioridade o transporte público. Desta forma me comprometo a retomar o programa São Paulo Interligado, que iniciou uma revolução nos transportes com o Bilhete Único, com a construção de novos e modernos corredores, além de implantar faixas exclusivas nas principais avenidas e requalificar o já existentes. Tudo isso com o objetivo de aumentar a velocidade média do transporte coletivo na cidade, oferecendo qualidade, rapidez e segurança aos usuários e também estimular o paulistano a usar menos o transporte individual.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
A Companhia de Engenharia de Tráfego está sucateada e isto reflete, dentre outros problemas, na sinalização semafórica, que, por exemplo, em dias de chuva, sofre panes. Além disso, são poucos os semáforos inteligentes na cidade, que não falam com a sinalização de outros sistemas. Primeiramente, é preciso integrar os três sistemas existentes. O dinheiro do Fundo Municipal de Desenvolvimento de Trânsito (FMDT) deve ser mais bem investido, buscando soluções inteligentes para desafogar o tráfego na cidade. A periferia também merece atenção, pois os congestionamentos nestas áreas mais distantes do centro são cada vez mais recorrentes.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Não adianta aumentar a restrição ao transporte individual se você não aumentar a oferta e a qualidade do transporte público. Depois de oito anos de dois mandatos, a gestão Serra/Kassab anunciou apenas recentemente um pacote de obras para melhorias no transporte público que deveria ser levado adiante em 2005, como continuação do programa São Paulo Interligado.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Ver resposta anterior.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
A integração do transporte público com a bicicleta deve também ser uma meta da administração, seja com a implantação de bicicletários ou de vias para este tipo de transporte.

8) O senhor se compromete a ampliar o rodízio de automóveis em sua cidade, restringindo mais sua circulação? Como seria feito?
Volto a dizer que não adianta buscar restrição ao transporte individual se não houver melhora na oferta e na qualidade do transporte público.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
As limitações de estacionamento podem ser ampliadas, mas desde que não prejudiquem o comércio das ruas ou falte alternativa de estacionamento próximo dos locais com restrição.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
O sistema de transporte em São Paulo, primeiramente, deve ser reestruturado, com a retomada do programa São Paulo Interligado. Atualmente, a desorganização do sistema eleva o custo da passagem.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Quando a prefeitura se compromete a cumprir seu papel de regulamentar a questão fundiária, faz com que os investimentos privados encontrem espaço para se desenvolver na cidade. Além disso, que é fundamental, iniciamos estudos em um plano de governo que busca um conceito de equilíbrio na cidade de São Paulo. Uma das diretrizes que estabelecemos com os urbanistas que estão trabalhando conosco é aproximar a vida dos bairros da vida na cidade. Isso significa pensar em moradias onde o emprego está localizado, e pensar o emprego onde a moradia está localizada. O desequilíbrio de São Paulo hoje é muito grande. O centro de gravidade do emprego vai se deslocando do centro para o sudoeste da cidade, e a moradia se concentra fortemente na região leste, o que sobrecarrega demais toda a infraestrutura da cidade.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Há nos combustíveis a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide), imposto federal. Atualmente, há em São Paulo o Fundo Municipal de Desenvolvimento de Trânsito (FMDT), cujo objetivo é fazer com que o dinheiro das multas seja aplicado em melhorias para o trânsito. Mas esse dinheiro (R$ 832 milhões previstos no orçamento de 2012) pode também ser utilizado para melhorias do transporte público.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas?
Não podemos ver a bicicleta como um meio de lazer apenas. Vamos trabalhar para integrar a bicicleta ao sistema de transporte da cidade, com a instalação de ciclovias segregadas, ciclofaixas e também ciclorrotas.

JOSÉ SERRA (PSDB-SP)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Sim. É claro que vou fazer isso. Na verdade, já fiz. O Gilberto Kassab, que me sucedeu na prefeitura, vai terminar o mandato investindo R$ 2 bilhões no metrô, o que é inédito na história de São Paulo. O PT, nas duas vezes em que ocupou a prefeitura, nunca deu um tostão, nunca contribuiu para a expansão do metrô. Chegaram a fazer piada com o assunto. Colocaram no orçamento municipal investimento de R$ 1. Isto mesmo: R$ 1 por ano. E pior é que nem esse R$ 1 foi investido. Fui o governador que mais investiu em metrô e trens urbanos, em todo o Brasil, no meu tempo – foram R$ 5,5 bilhões. Fizemos obras em três linhas ao mesmo tempo, com um plano chamado Expansão São Paulo. O governador Alckmin, que me sucedeu, já havia investido forte no metrô e nos trens urbanos, em seu primeiro governo, e agora está fazendo obras em quatro linhas. Vale lembrar, também, que fui eu, como prefeito da capital, e o Geraldo Alckmin, como governador, que levamos o Bilhete Único para o transporte por trilhos, integrando ônibus, metrô e trens na mesma passagem. Isso levou milhões de novos usuários para o sistema de trilhos. Por tudo isso, mais do que um compromisso, a minha história é uma garantia de que vamos investir cada vez mais no transporte de massa sobre trilhos.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Os corredores de ônibus são importantes e vamos investir neles. Mas é preciso fazer algumas ressalvas. Primeiro: pintar uma faixa no chão e dizer que é corredor de ônibus não adianta. Corredor de ônibus sem área de ultrapassagem e com muitos cruzamentos não é corredor. É gambiarra. Segundo, é preciso repensar o sistema. Há corredores que, em determinados horários, ficam com uma fila imensa de ônibus, um atrás do outro, se arrastando, quase parados. A ideia de um sistema de transporte articulado, coordenado, combinando trens, metrô, ônibus em corredores e veículos menores no transporte local, e tudo funcionando com o mesmo Bilhete Único, exige mais do que fazer algumas obras. Terceiro, é preciso articular todo o sistema e fazê-lo funcionar de maneira mais eficiente.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Acho que o sistema todo precisa ser aprimorado. Faremos isso. Mas temos um problema de difícil solução que foi criado pela prefeita do PT que me precedeu. No último ano de governo, ela fez uma licitação bilionária de concessão para linhas de ônibus, com validade de 20 anos. Essa licitação dividiu a cidade em oito consórcios, mas não tinha a lógica do Bilhete Único. Com isso, há sobreposição de linhas que, muitas vezes, congestionam corredores desnecessariamente. Quanto aos biarticulados, eles já existem em São Paulo. O pagamento antecipado da passagem também, com o Bilhete Único.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Sim. Em São Paulo, herdamos do PT uma rede de semáforos sucateada, sem manutenção ou investimento. Hoje já temos 1.536 cruzamentos com semáforos inteligentes, dos quais 236 funcionam em tempo real. Em 200 unidades colocadas nos principais cruzamentos da cidade, foram instalados nobreaks. Se eleito, vamos seguir acelerando a implantação dos semáforos inteligentes. É um investimento alto, pesado, mas necessário, pois, em pontos estratégicos, ajudam a reduzir congestionamentos.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Sou contra o pedágio urbano. Ele é adequado para cidades que têm uma enorme oferta de transporte sobre trilhos na região central, como Londres. Em São Paulo, seria preciso triplicar ou quadruplicar a malha de trilhos antes de se começar a falar desse tema.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Não. Isso significaria uma punição aos paulistanos que vão ao centro para trabalhar, por exemplo. É preciso, sim, construir mais estacionamentos. Ao lado do Teatro Municipal, por exemplo, até hoje não há um grande estacionamento. É algo que deveria ser corrigido.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
O uso da bicicleta, felizmente, vem crescendo. A malha cicloviária paulistana tem cerca de 170 quilômetros de extensão, que se dividem entre Rotas de Bicicleta, Ciclovia, Ciclofaixas de Lazer e Ciclofaixas Definitivas. São 67 quilômetros de Ciclofaixas de Lazer, abertas aos domingos e feriados. Elas são usadas por 110 mil ciclistas. Mas também há 54 quilômetros de ciclovias, segregadas fisicamente das vias destinadas a automóveis, e 48 quilômetros de rotas para ciclistas. Além disso, estão em andamento projetos para a instalação de mais 55 quilômetros de novas ciclovias na cidade. Novos bicicletários podem ajudar e estimular mais pessoas a pedalar, sem dúvida.

8) O senhor se compromete a ampliar o rodízio de automóveis em sua cidade, restringindo mais sua circulação? Como seria feito?
São Paulo já tem rodízio de automóveis e caminhões. Não considero adequado ampliá-lo.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
Isso pode ser feito pontualmente, onde ajudar na fluidez do trânsito. Mas proibir ou liberar o estacionamento nessa ou naquela rua não deve ser uma decisão política – e sim técnica, dependendo de cada caso.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Baratear as tarifas do transporte público não depende apenas do prefeito, mas de uma articulação feita entre todos os níveis de governo com o objetivo de reduzir custos – como o preço do diesel ou os impostos que incidem sobre a produção dos veículos. Não é uma promessa fácil, mas reduzir o custo do transporte é uma meta que deve ser buscada por todo gestor público. Há soluções criativas que são possíveis. Na prefeitura, por exemplo, articulei junto com o governo do estado a ampliação do Bilhete Único para o transporte sobre trilhos, o que ajudou a baratear o custo do transporte para o cidadão. As pessoas andam mais, com menos dinheiro.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Melhorar o transporte deve ser uma obsessão. Criar empregos em diversos núcleos da cidade também. Aproximar as zonas residenciais daquelas onde há oferta de empregos é algo que todos queremos. Em São Paulo, isso já está sendo feito em Itaquera, por exemplo. A malha viária e a estrutura de transportes públicos estão sendo redesenhadas para oxigenar a região. Estamos trabalhando para levar empresas para lá. Será um polo de desenvolvimento na zona leste da cidade. Temos que perseguir esse modelo.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Essa não é uma atribuição do prefeito. De qualquer forma, o Brasil já tem impostos demais. Aliás, há um imposto que incide exatamente sobre a gasolina, que é a Cide. O governo federal arrecada uma montanha de dinheiro, mas devolve pouco para os estados e municípios. Não defendo uma nova tributação.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
A prefeitura deve seguir estimulando formas alternativas e criativas de transporte. Claro, as pessoas também podem ajudar. Dar carona para colegas de trabalho, por exemplo, é uma forma solidária de participação. Nem tudo depende do prefeito ou do governador. Cada um de nós precisa pensar sempre em melhorar a cidade, participar ativamente e ajudar a coletividade.

CELSO RUSSOMANO (PRB-SP)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
sem resposta 

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
sem resposta

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Me comprometo com certeza, mas só o metrô não resolve. Precisamos de monotrilho, mais sistema de ônibus com ar-condicionado. Estes não podem ser mais montados em chassi de caminhão, pois isso gera problemas de saúde aos seus usuários, tais como problemas na coluna e nos rins. Na minha administração todos os ônibus serão monoblocos para evitar doenças crônicas. Iremos aumentar a quantidade de corredores de ônibus, manter a autorização dos táxis nos corredores, autorizar compartilhamento dos táxis.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Me comprometo. Acho extremamente importante para dar mobilidade e aumentar a média de velocidade dos veículos nos horários de engarrafamento.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Não me comprometo. Sou contra aumento de taxas, pedágios, impostos. Sou contra taxa de inspeção veicular. Considero que deva ser feita para conservar o meio ambiente, mas a taxa já está incluida no IPVA. Não pode ser cobrada duas vezes.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Não me comprometo. O preço abusivo fere o Código de Defesa do Consumidor, que é uma lei federal amparada na constituição do Artigo 5° inciso XXXII e o Artigo 170° inciso V e o Artigo 48 das disposições transitórias. Portanto não vou me comprometer com algo que não pode ser feito.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Me comprometo, pois sou ciclista. Só para ter uma ideia de como sou apaixonado por bicicletas, tenho 22 espalhadas entre São Paulo, Brasília, litoral e Campos do Jordão.

8) O senhor se compromete a ampliar o rodízio de automóveis em sua cidade, restringindo mais sua circulação? Como seria feito?
Não me comprometo. Isso geraria a aquisição de mais automóveis para parte das pessoas que têm poder aquisitivo e não resolveria o problema do trânsito em São Paulo. O que nós temos que fazer é melhorar o transporte coletivo, a média da sua velocidade, pois hoje a média de um ônibus em São Paulo gira entre 11 e 13 km/h. Ninguém deixa o carro em casa para andar em um ônibus sem ar-condicionado com essa velocidade.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
A livre iniciativa é preservada pela Constituição brasileira. Eu não posso aqui declarar que vou criar uma lei inconstitucional proibindo a iniciativa de constituição das empresas.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Hoje o transporte coletivo já é subsidiado. Maior subsídio depende de votação de lei pela Câmara Municipal e isso só pode ser feito no orçamento do ano seguinte a minha posse. Portanto não posso me comprometer com algo que não pode ser realizado nos primeiros meses da minha gestão. Posso, sim, estudar a viabilidade no segundo ano de mandato, pois se eu tirar o dinheiro do orçamento para subsídio tenho que tirar de algum lugar que não pode ser saúde ou educação, pois já estão em péssima situação. Isso sim eu me comprometo no primeiro ano a melhorar.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Me comprometo com certeza. Sou aquele que defende o empreendedorismo e os polos de trabalho descentralizados vão ajudar na mobilidade urbana. É o cidadão trabalhando perto de onde mora.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Não me comprometo a criar nenhum imposto. Nós já pagamos uma carga tributária extremamente alta, somos considerados um dos países de impostos mais caros do mundo. Trabalhamos quatro meses de cada ano só para pagar impostos, ou seja,100% de quatro salários anuais é tudo imposto.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
Me comprometo. Já falei dos táxis compartilhados e da criação de biclicletas compartilhadas para aluguel que poderão ser encontradas nos terminais de ônibus, metrô, terminais de trens e em praças públicas.
Importante dizer que estou aberto a sugestões para o nosso plano de governo no e-mail: equipecelsorussomanno@r7.com.

NETINHO DE PAULA (PCdoB-SP)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Me comprometo a destinar recurso do orçamento municipal para o metrô e, além disso, como prefeito não vou perder recursos federais para a cidade, como tem ocorrido. Um exemplo disso foi o anúncio feito pelo governo federal, no dia 24 de abril deste ano, da liberação de R$ 22 bilhões de recursos do Orçamento Geral da União e Financiamento para o PAC Grandes Cidades e o nosso município ter apresentado um único projeto para receber R$ 304 milhões. São Paulo será a capital a receber o menor valor, estamos atrás do Rio de Janeiro, de Porto Alegre, Curitiba, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador, Manaus, Goiânia, São Luís, Belém, Maceió, Campo Grande, João Pessoa, Teresina e Natal. Além dessas capitais, cidades como Campinas e Guarulhos também irão receber mais recurso do que São Paulo. O PAC da Mobilidade Grandes Cidades destinou recurso para municípios acima de 700 mil habitantes, em 18 estados e 51 municípios, que irão construir 600 quilômetros de corredor de ônibus, 380 estações e terminais, 200 quilômetros de linhas de metrô e comprar mais de mil veículos leves sobre trilhos, o VLT. É inaceitável que a cidade de São Paulo, a que mais sofre com os problemas de mobilidade, só tenha apresentado projeto para o Corredor Capão Redondo, Campo Limpo, Vila Sônia e Corredor de ônibus Inajar de Souza. Como prefeito irei garantir recurso do orçamento municipal, mas também vou apresentar projetos para conseguir todo o recurso disponível nos governos estadual e federal. Além disso, vou, como prefeito e cidadão, cobrar do governo estadual que invista todo o recurso previsto no orçamento na área de transporte e não ocorra o mesmo que em 2011, quando dos R$ 4,5 bilhões previstos no orçamento estadual para a expansão do metrô, somente R$ 1,162 bilhão foi executado. Serei um prefeito que garantirá recurso próprio, que buscará parcerias com os governos estadual e federal e que nunca abrirá mão de nenhum recurso para o município.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Com certeza, como usuário do transporte público por muito tempo, conheço as dificuldades e os problemas do sistema e sei que para que ele funcione precisamos criar varias ações da prefeitura e inovar, com coragem, a política de mobilidade do município.
Teremos que realizar um estudo profundo para identificar as regiões onde ainda é possível a construção ou ampliação de corredores de ônibus, pois sei que tem locais, como a avenida Guarapiranga, na zona sul, que nos horários de pico têm congestionamento de ônibus, fica uma fila gigantesca de ônibus parados no corredor. Este é um exemplo de lugar que não adianta colocar mais ônibus e lá já tem o corredor exclusivo. Com esse estudo teremos condições de identificar os locais onde é possível melhorar o transporte público através de corredores de ônibus e isso será feito. É desumano permitir que as pessoas percam de duas a três horas do seu dia se locomovendo de casa para o trabalho. Qualquer um deveria se incomodar com essa realidade. Já um prefeito tem que ter mais do que incômodo, ele tem que ter compromisso em mudar essa realidade, e isso eu tenho muito, afinal conheço como ninguém.


3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Tem lugar que não adianta colocar mais ônibus e não tem como ampliar o corredor exclusivo. Nesses locais teremos que inovar. Sou totalmente a favor de VLT e BRT. Agora, o principal é todo o sistema estar integrado - VLT, ônibus, BRT, metrô, bicicleta, motocicleta, enfim, todos os meios de transporte.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Claro que sim. Não consigo entender como uma cidade como a nossa, que tem ótimas universidades, com pesquisas avançadas em várias áreas, não se utilize de todo esse estudo e tecnologia para melhorar a vida da população. Podemos ter semáforos inteligentes em toda a cidade e estes semáforos também devem garantir a acessibilidade, com sinal sonoro, além de estarem incorporados a uma rede de monitoramento do trânsito que permita de forma inteligente interferir no controle do tráfego. E, por último, um sistema que funcione e não transforme a cidade em um caos sempre que chove e os semáforos desligam.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Sim, defendo o pedágio urbano como instrumento para intervir na política de mobilidade da cidade. Pretendo instalar o pedágio no centro e destinar o recurso arrecadado para o um Fundo Municipal de Mobilidade Urbana. Para isso, irei investir na construção de estacionamentos públicos nas estações de metrô e em terminais de ônibus. As pessoas que quiserem poderão ir de carro até esses locais e deixarem seus carros lá. O pagamento do estacionamento estaria vinculado à utilização do metrô e/ou ônibus, que será gratuito na região central, onde haverá o pedágio urbano. Também haverá nessas estações a oferta de bicicleta que poderá ser alugada em uma estação e devolvida em outra. Teremos no centro o transporte público e gratuito. O recurso arrecadado será todo investido no transporte público, garantindo a expansão do sistema com qualidade e eficiência.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Sim, vou criar essa sobretaxa e destinar seus recursos para o Fundo Municipal de Mobilidade Urbana, que será revertido em investimento público no transporte.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Pretendo criar um sistema integrado para que as pessoas que utilizam automóvel possam ir até as estações de trem, metrô, ônibus, monotrilho e deixar seus carros nos estacionamentos, que serão públicos, estarão integrados ao sistema e terão preços baixos. Já as pessoas que não utilizam automóvel, chegarão até as estações utilizando o transporte público. Pretendo ampliar o período do Bilhete Único para o dia todo, já que na região central as pessoas poderão circular utilizando transporte gratuito. O Bilhete Único será ampliado para que elas possam utilizá-lo no retorno para suas casas.

8) O senhor se compromete a ampliar o rodízio de automóveis em sua cidade, restringindo mais sua circulação? Como seria feito?
Não sinto necessidade de ampliar o rodízio, creio que as medidas citadas já irão contribuir bastante. A ampliação do rodízio só será uma necessidade se as políticas públicas de transporte e mobilidade continuarem a ser ineficientes e valorizarem o transporte individual, coisa que na minha gestão não pretendo fazer.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
Meu compromisso será valorizar o transporte público de qualidade. Não iremos continuar as políticas que privilegiam o uso do automóvel, a cidade tem que funcionar bem para todos e não somente para aqueles que têm recurso. Nas vias do centro não será permitido estacionar.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Sem nenhuma dúvida, não aceito ter um transporte tão ruim e uma passagem tão cara!
O nosso problema em São Paulo não é falta de recurso. Além do orçamento que temos, existe verba pra poder acessar e implantar políticas que melhorem o transporte.
Vou desenvolver uma política de controle e fiscalização da tarifa e das planilhas das empresas, para discutir um valor justo. Além disso, vou ampliar o subsídio, iremos garantir passe livre para os estudantes. Acredito que essa é uma política de investimento na juventude e no futuro da nossa cidade. Teremos domingos em que o transporte será gratuito e com isso possibilitar que famílias possam passear, o que atualmente não é possível para muitos paulistanos, consequência do alto custo da passagem.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Quero ser prefeito de São Paulo por enxergar que temos duas cidades desiguais e que viver esse conflito no cotidiano afeta a todos nós. Conheço a São Paulo que tem a maior frota de helicópteros do mundo, onde mora o maior número de milionários do país, a cidade rica. Mas também conheço a São Paulo que tem índices de desenvolvimento humano comparados a países africanos, a cidade pobre. Tenho consciência da importância e da necessidade de o poder público interferir nessa realidade, para garantir o desenvolvimento sustentável e equilibrado da cidade e da sua população. Sei que, para isso, precisaremos criar incentivos para que a iniciativa privada invista nas regiões mais afastadas, para que exista destinação de recurso público e privado nestas áreas e principalmente para que o poder público intervenha e garanta o seu desenvolvimento.
São Paulo comporta a criação de centros culturais, tecnológicos, industriais, comerciais, entre tantos outros nas várias regiões, promovendo o seu pleno desenvolvimento, aproveitando e potencializando a capacidade do nosso povo.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Vou criar o Fundo Municipal de Mobilidade Urbana e destinar os recursos da sobretaxa dos estacionamentos centrais, recurso próprio do orçamento municipal e os recursos das multas de trânsito aplicadas na cidade, que não temos controle algum da sua destinação.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
Pretendo incentivar de forma integrada o uso de bicicletas, criando ciclovias, ciclofaixas e disponibilizando bicicletas para locação nas estações. Além disso poderemos, na região central, estudar outras formas de transporte coletivo, gratuito e não poluente.


PAULINHO DA FORÇA (PDT-SP)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Sim. É fundamental aumentar a rede de metrôs para melhoria do trânsito e a cidade tem de contribuir com recursos para isso. Ainda que este seja um investimento de médio prazo e que o custo seja alto, o retorno em termos de qualidade do transporte é muito grande e compensa o investimento. Mas isso tem de ser feito dentro de um programa mais amplo, que envolva os outros modais e uma mudança no fluxo das viagens realizadas na cidade, de forma a garantirmos uma situação sustentável de desenvolvimento e capacidade de investimento do setor público. É importante ressaltar que a prefeitura deve influenciar no processo, como a entrega da obra no prazo.

2)O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Já me comprometi. Tenho defendido constantemente a priorização do transporte público, por meio da melhoria e ampliação dos corredores de ônibus. Está no meu plano de governo fazer corredores de ônibus nas marginais, integrando trens, metrô e ônibus. São Paulo para várias vezes ao dia e isso atinge principalmente as pessoas que trabalham longe das suas moradias. Os corredores trazem muitas vantagens para a população e para o ambiente urbano e possuem custo relativamente baixo de implantação e operação. Eles evitam que os ônibus fiquem presos nos congestionamentos, e isso torna as viagens mais rápidas e eficientes. Mas, em paralelo a essas ações, que já se tornaram emergenciais, precisamos estruturar o futuro da cidade. Precisamos implantar o quanto antes um plano de desenvolvimento regional, para que as pessoas possam trabalhar perto de duas residências. Ou a cidade passa a se desenvolver de modo mais inteligente e articulado, ou continuaremos a “tapar buracos”, não só nas ruas e avenidas, como em áreas como os transportes, a saúde e a educação.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
A modernização dos corredores precisa ser encarada, para aproveitarmos ao máximo as vias que temos e os investimentos. Isso significa adotar a mais moderna frota possível de acordo com as características de cada via, podendo ser os veículos biarticulados ou não. O pagamento de passagem antecipada já não pesa tanto no tempo de embarque, devido à propagação do Bilhete Único, mas o pagamento antecipado é uma boa melhoria para corredores de alta velocidade.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Tenho defendido não somente a implantação dos semáforos inteligentes, como uma melhoria no gerenciamento elétrico dos sistemas. É inaceitável que a cada chuva centenas de semáforos entrem em pane em toda a cidade, no momento em que as pessoas mais precisam deles.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Sou contra os pedágios urbanos. Temos de melhorar a qualidade e a disponibilidade do transporte público para que seja menos atrativo o uso de automóveis. Só assim criaremos uma nova cultura na cidade, o que ajudará inclusive no direcionamento dos recursos da prefeitura no aprimoramento dos transportes. Passou da hora de priorizarmos o transporte público, mas não podemos parar a cidade, que ainda utiliza muito o automóvel. Ressalto que há muito que fazer no trânsito da cidade.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Os estacionamentos já são caríssimos na região central, bem como em outros espaços como a avenida Paulista e avenida Berrini. A própria demanda já se encarregou de implantar naturalmente esse mecanismo. Quem estaciona próximo da Sé ou na São Luís já paga cerca de R$ 20 se fica mais de uma hora. Esse valor já é absurdo e aumentá-lo não seria justo com os cidadãos.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Aumentar o uso da bicicleta é uma boa alternativa pois, mais do que uma questão de mudança nos transportes, é um incentivo à promoção da saúde da população. Porém, o que se tem visto em São Paulo é um confronto diário entre ciclistas, automóveis, motos e pedestres. É necessário desenvolver um plano completo e responsável de ampliação do uso de bicicletas na cidade, o que comporta, de maneira integrada, novas ciclovias e bicicletários, de forma a garantir a segurança de quem optar por esse meio de transporte. Faz parte do nosso plano de governo a implantação de ciclovias em todas as subprefeituras. Elas devem ser integradas ao transporte urbano.

8) O senhor se compromete a ampliar o rodízio de automóveis em sua cidade, restringindo mais sua circulação? Como seria feito?
Não creio que a ampliação do rodízio venha trazer muitos benefícios. Essa é uma medida que vem sendo discutida há anos na Câmara Municipal, mas vai no sentido de combater os sintomas e não a doença. Temos de fazer com que o cidadão prefira usar o transporte público pela qualidade deste e não por ações restritivas como o aumento do rodízio.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
Há vias onde deve ser dada prioridade para a circulação dos carros, o que torna inviável o estacionamento de carros junto ao meio-fio. Essa é uma medida natural a ser tomada nas regiões mais centrais, que tem de ser pensada caso a caso levando em conta questões como o comércio local e a capacidade da via de aliviar o tráfego nas regiões próximas. Precisamos dar ênfase no coletivo!

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Qualquer governante que se comprometer a diminuir as tarifas do transporte público estará dizendo que irá subsidiar o transporte, pagando a diferença para as empresas que oferecem o serviço. Eu me comprometo a lutar para que o valor das passagens não aumente, pois já é muito caro e, em paralelo, vou trabalhar para melhorar o conforto e a rapidez do transporte que é oferecido à população. Outra medida fundamental é buscar a integração do sistema de transportes de São Paulo com as outras cidades da região metropolitana, seja por meio da ampliação do Bilhete Único, seja pela extensão das malhas de metrô, trens e ônibus. São Paulo precisa de ações em conjunto com os municípios vizinhos e a questão dos transportes é a que mais demanda esse tipo de integração.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Esse, na verdade, será o principal eixo de atuação da minha administração. Está claro que o principal problema de São Paulo é falta de planejamento e que o principal reflexo disso é a má distribuição de renda e de serviços à disposição da população dos bairros. Dos três eixos do meu programa de governo (Gestão Descentralizada, Trabalho e Desenvolvimento e Cuidar de São Paulo), o do Trabalho e Desenvolvimento é o mais estruturante, não só por estar ligado à minha atuação como sindicalista, como também porque irá promover emprego e renda mais perto da residência do trabalhador. Este eixo compreende redução de ISS (Imposto Sobre Serviços) e de IPTU para as empresas instaladas nas regiões mais periféricas da cidade, além da promoção do empreendedorismo, com a criação de Câmaras de Animações Econômicas em todas as subprefeituras de São Paulo. Estas são medidas com retorno de médio e longo prazos, que já deveriam ter sido tomadas por gestões anteriores e que, certamente, precisarão de continuidade para trazerem os benefícios que a cidade necessita.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
O paulistano, como todo brasileiro, já paga impostos suficientes para que tenha um transporte público de qualidade. Não é justo que venhamos a tributá-lo mais ainda.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
Sem dúvida a melhoria do transporte na cidade passa pela criação de soluções alternativas. O compartilhamento de veículos, sejam eles motorizados ou não, é uma proposta concreta que precisa ser experimentada em um projeto-modelo, que depois pode ser expandido. Queremos chamar a sociedade e, principalmente, o cidadão da periferia, para opinar e escolher as melhores alternativas de investimento para o transporte na sua região. São Paulo e sua administração precisam abandonar a falsa ilusão de que é possível uma solução mágica para o problema dos transportes. Queremos uma São Paulo com uma gestão descentralizada. Queremos, inclusive, que cada subprefeitura tenha eleição direta para o cargo de subprefeito. Acreditamos que as soluções passam pela subprefeitura, que deve ter muita autonomia para gerir recursos e implantar soluções localizadas.

SONINHA (PPS-SP)

1) A senhora se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. A senhora se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Não, exceto “ajudar com autorizações e conversar sobre o assunto com o governador”. A principal responsabilidade da prefeitura quanto ao transporte coletivo é o sistema de ônibus e ainda há muito a fazer por ele – melhorar a gestão dos corredores, linhas e itinerários, a qualidade da frota (acessibilidade, conforto, eficiência energética e ambiental), dos pontos de parada e terminais, o acesso dos usuários à informação (na rua e na web), o serviço noturno e, nos fins de semana, as garagens, a condição de trabalho para funcionários, o preço da tarifa, a integração com outros modais (bicicletários e estacionamentos integrados, por exemplo). Ônibus é um meio de transporte essencial nas cidades. Em São Paulo, 15 mil veículos transportam milhões de pessoas todos os dias e muitos mais podem usar se o sistema funcionar com tanto conforto e eficiência quanto o metrô. Isso é possível e a prefeitura deve investir todos os recursos disponíveis nisso!

2) A senhora se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Sobre aumentar os investimentos, já respondi na primeira – SIM! Ampliar corredores é fundamental – criar espaços exclusivos para os ônibus, que devem ser privilegiados em relação ao transporte individual. Mas não basta haver mais corredores, eles têm de ser bem operados, com linhas-tronco, veículos de alta capacidade, pagamento de tarifa no ponto de parada, alimentando e sendo alimentados por veículos de menor capacidade, percorrendo as ruas menores e chegando mais perto da origem e do destino das pessoas.

3) A senhora se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Eita, a pergunta já é a resposta! SIM, como disse acima, não adianta fazer corredores e “socar” os ônibus lá dentro, redundantes, andando a 10 km/h em comboio... Tem de mudar a operação dos corredores, exatamente como o enunciado da questão. O embarque não é só mais rápido por ser em nível ou porque as pessoas não precisam fazer fila na catraca (que, aliás, ocupa um espaço horrível). Como a passagem já está paga, todas as portas podem abrir para embarque e desembarque, como no metrô. J


4) A senhora se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Sim, com muito investimento. Mas a cidade não precisa só de semáforos inteligentes, que são capazes de, a partir de sensores, decidir abrir para um lado ou outro. Em alguns casos, acreditem, eles não são os mais indicados porque o tipo de fluxo pode “confundi-los”. Então também são necessários semáforos eletrônicos, que permitem o controle a distância e a sincronização (se cada semáforo tomar suas decisões, isso fica mais difícil ehehe). E também é preciso ELIMINAR alguns semáforos em excesso, substituir por rotatórias etc. – os especialistas em engenharia de tráfego sabem disso.

5) A senhora se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Esse é um modo de combater o uso indevido, abusivo e compulsivo do automóvel, como tem de ser feito com outras drogas ehehe. O uso racional é OK J. Sendo implantado o pedágio urbano, isto é, a cobrança de tarifa para a circulação de automóveis particulares na região central da cidade no horário de maior movimento nos dias úteis, a receita tem de ir toda para o transporte público! Eu colocaria um painel eletrônico mostrando em tempo real o valor arrecadado e prestando contas de para onde foi o dinheiro. A prefeitura também tem de garantir bolsões de estacionamento integrados a ônibus e metrô do lado de fora do perímetro onde há pedágio. É uma medida de justiça no uso do solo (o automóvel ocupa, com no máximo cinco pessoas e muito frequentemente com uma só, o espaço que seria de muitos cidadãos no transporte coletivo, pedestres e ciclistas), de racionalidade (NÃO CABEM TODOS OS CARROS ao mesmo tempo, muito menos nas ruas estreitas do centro, que já tem boas alternativas de transporte coletivo, ao contrário da periferia e de alguns “pontos cegos”), de economia (o congestionamento sai mais caro para os motoristas do que o pedágio). Desestimulados a usar o carro quando ele NÃO É absolutamente necessário, os motoristas vão não apenas migrar para o coletivo (que, em muitos casos, não é ruim como eles pensam), vão também recorrer mais a carona, táxi, caminhadas mais longas, bicicletas (as ruas mais tranquilas serão mais seguras) e reorganizar sua vida (aconteceu em Londres, por exemplo: o movimento do comércio aumentou no fim de semana). Mas não posso prometer que vou implantar – tenho de convencer a população e a Câmara antes... E vai chegar o dia em que as pessoas vão PEDIR pedágio. Penso em fazer um plebiscito: “Rodízio o dia todo ou pedágio?”. O rodízio proíbe a circulação, o pedágio permite... É só pagar a tarifa.

6) A senhora se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Olha, isso o mercado já faz... Quanto mais raro, mais caro. Até moto é difícil estacionar no centro. Mais do que isso, eu vou fiscalizar com muito mais rigor a concessão de alvarás e licenças de funcionamento (tem muita coisa irregular, muitos vão fechar!), desapropriar terrenos que hoje só servem para os carros dormirem durante o dia e fazer moradia para quem tem menos grana (e não consegue comprar imóvel bem localizado), criar estacionamentos fora do centro integrados a trens, metrô e ônibus, proibir o estacionamento na via e implantar o rodízio o dia todo no centro – se o pedágio urbano não passar na Câmara.

7) A senhora se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Sim, sim, sim, como eu já disse! Sem falar na criação de postos para retirar e devolver bicicletas de uso compartilhado, muitos.

8) A senhora se compromete a ampliar o rodízio de automóveis em sua cidade, restringindo mais sua circulação? Como seria feito?
Aha, chegamos ao rodízio! É preciso estudar as melhores medidas. Alguns especialistas defendem a restrição a três placas, citando o que é feito em outras cidades. Acho que seria mais eficaz estender o horário da restrição – no mínimo na região mais central, em que os veículos das placas do dia seriam impedidos de circular durante todo o dia.

9) A senhora se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
SIM! Em todos os lugares em que isso for necessário para: 1) implantar novos corredores; 2) implantar ciclovias ou ciclofaixas; 3) implantar paraciclos para bicicletas compartilhadas; 4) ampliar as calçadas para melhorar a circulação de pedestres, arborização e desimpermeabilização do solo.

10) A senhora se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Não, seria irresponsável, ainda mais com a inflação e o consequente aumento dos custos de combustível e outros insumos e necessidade de reajuste maior dos salários. A prefeitura já paga centenas de milhões de reais em subsídios para complementar o custeio do transporte; a tarifa não cobre as despesas. Baratear a tarifa significaria usar ainda mais recursos do orçamento e prejudicar a capacidade de investimento para melhorar o sistema. A médio prazo, a tarifa poderia ficar mais barata com a gestão mais inteligente do sistema (que reduz custos, aumenta a produtividade e atrai mais usuários) e a obtenção de receitas extratarifárias (patrocínio em veículos e pontos de ônibus, recursos de multas, de Compensação Ambiental e outorga onerosa, pedágio urbano).

11) A senhora se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
SIM. Como fazer: 1) incentivar (redução de IPTU, ITBI, taxas, tudo o que for possível) a instalação de empresas que criem muitos postos de trabalho na periferia; 2) criar incubadoras de pequenos negócios, espaços permanentes para economia solidária etc.; 3) explorar as potencialidades do lugar: fomentar ecoturismo na zona sul, por exemplo. 4) criar mais equipamentos públicos de cultura, esporte e lazer. Aumentar e qualificar os quadros dos que já existem; 5) criar “hubs” de teletrabalho, com escritórios equipados para quem pode trabalhar longe do escritório, mas não teria condições de trabalhar em casa; 6) nos empreendimentos habitacionais da própria prefeitura, construídos ou requalificados, reservar espaço para atividade comercial e de serviços (padaria, farmácia, minimercado, papelaria, lan house, livraria, lotérica, lanchonete etc.). Ao mesmo tempo, incentivar o setor privado e fazer investimentos diretos para criar muito mais imóveis a preços acessíveis nas regiões centrais. Hoje só quem tem muito dinheiro consegue comprar casa ou apartamento com “localização privilegiada”.

12) A senhora se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Não, porque seria complicado do ponto de vista legal, inclusive (criar imposto local sobre mercadoria regida por normas federais, como a gasolina, ou sobre automóveis emplacados na cidade). E seriam normas tão fáceis de burlar que não valeria a pena. Mas, como disse acima, me comprometo a buscar inúmeras fontes de recursos para custeio e melhoria do transporte público.

13) A senhora se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
Incentivar (com desconto nos impostos e cessão de áreas) serviços de carros compartilhados (até que se viabilizem, não para sempre!). Criar muitos postos de retirada e entrega de bicicletas compartilhadas. Criar e fomentar a criação de plataformas, inclusive com recursos para ciberativistas, para programas de carona. Implantar um sistema cicloviário (que vai muito além de ciclovias). Facilitar a vida de pedestres com melhores calçadas, melhor sinalização (só tem indicação de caminho para os carros, já reparou?) e melhores trajetos (precisa haver muitas passarelas sobre os rios, marginais, avenidas expressas).

EDUARDO PAES (PMDB-RJ)


1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Um dos primeiros e mais sólidos compromissos que assumi foi trabalhar em parceria com as outras esferas de governo para trazer o maior número de benefícios para a cidade do Rio. A ampliação do metrô é de responsabilidade do governo do Estado. Para facilitar e viabilizar sua expansão, a prefeitura do Rio requalificou os terrenos remanescentes do metrô, devolvendo a eles seu potencial construtivo. Por decreto, a gestão anterior tornou estes terrenos áreas não edificantes, o que inviabilizou a sua venda para que a construção da Linha 4 do metrô fosse possível. Uma das primeiras leis que enviei à Câmara de Vereadores logo que assumi foi exatamente essa: modificar os parâmetros construtivos das áreas que pertenciam ao metrô para que elas pudessem ser colocadas à venda pelo estado e, assim, a Linha 4 se tornasse realidade, como está acontecendo agora. O potencial construtivo dos terrenos em questão foi avaliado, na época, em R$ 800 milhões.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Sim. A prefeitura começou a implantar, em janeiro do ano passado, os corredores BRS, que são faixas preferenciais para o transporte público convencional. Com esses corredores, diminuiu-se o tempo de viagem em importantes corredores viários da cidade, como em Copacabana, onde o tempo para cruzar a principal via do bairro caiu de 23 minutos para 12 minutos. Já temos BRS em bairros da zona sul (Leblon, Ipanema e Copacabana) e no centro, totalizando 27 quilômetros. Nosso objetivo é continuar ampliando essa solução para outras regiões da cidade.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Um dos maiores e mais importantes projetos de infraestrutura da prefeitura do Rio hoje é a implantação do BRT (Bus Rapid Transit). Até 2016, serão 155 quilômetros de corredores segregados, onde circularão exclusivamente linhas de ônibus articulados com serviços expressos e paradores, com pontos em estações modernas que ficam no mesmo nível do ônibus – todos operando com o Bilhete Único Carioca. O primeiro a entrar em operação, em junho deste ano, será a TransOeste, que ligará Santa Cruz à Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade. Este corredor terá 56 quilômetros de extensão e uma demanda inicial de 120 mil passageiros por dia. Além da TransOeste, já estamos construindo a TransCarioca (com 39 quilômetros de extensão e previsão de 570 mil passageiros por dia), que entrará em operação até 2014. Ainda neste semestre, começamos as obras da TransOlímpica (com 23 quilômetros de extensão e demanda de 100 mil passageiros por dia). Até 2016, teremos ainda um quarto corredor expresso de BRT: a TransBrasil, que terá 31 quilômetros de extensão e por onde passarão cerca de 900 mil passageiros por dia. O BRT será uma revolução para o trânsito e a população de nossa cidade, sobretudo para aqueles que vivem nas regiões mais afastadas e hoje menos favorecidas pelo sistema convencional de ônibus. O BRT terá ar-condicionado, capacidade para 140 passageiros e intervalos que variam de 2 minutos a 14 minutos. Esse corredor, por sua vez, será alimentado em suas estações por um sistema operado por ônibus convencionais que atenderão à demanda dos bairros vizinhos ao corredor.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Já iniciamos esse trabalho. Hoje temos 78% dos sinais de trânsito da cidade ligados ao Centro de Operações Rio, de onde podem ser mantidos e programados remotamente. Esse percentual chegará a 98% até o fim deste ano. Além da operação remota, a prefeitura do Rio investe no sistema adaptativo, que são os sinais que reprogramam automaticamente – em tempo real – os tempos de verde, de acordo com a demanda da via. Esse sistema está em fase de testes em alguns bairros e a intenção é levá-lo a toda cidade no próximo ano.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Não tenho a intenção de instituir pedágio para circulação de carros no centro da cidade.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Quando o transporte público estiver mais adequado às necessidades dos moradores e trabalhadores do Rio, é uma alternativa a ser pensada.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Já estamos fazendo isso. Dobramos a malha cicloviária da cidade, passando de 150 quilômetros para 300 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e pistas compartilhadas em três anos – a maior parte dessa expansão na zona oeste, justamente o local que tinha mais carência e onde as pessoas mais utilizam a bicicleta como meio de transporte. Além disso, lançamos o projeto de aluguel de bicicletas a um custo baixíssimo – a assinatura mensal é de R$ 10. Em um ano, a cidade já conta com 600 bicicletas em 60 estações distribuídas por dez bairros. Todas as estações de metrô nesses bairros têm uma estação de aluguel de bicicletas próximo. Além disso, começamos em janeiro a instalação do novo modelo de bicicletário público na orla do Rio, feitos em aço inox, o que prolonga sua durabilidade. Nossa meta é levá-los a outros pontos da cidade. As estações de BRT já serão inauguradas com esses novos bicicletários públicos. Em paralelo a tudo isso, quase quintuplicamos as vagas para estacionamento de bicicletas na cidade – passando de 650 para mais de 3 mil. Ainda é pouco, mas estamos avançando.

8) O senhor se compromete a implementar o rodízio de automóveis em sua cidade, como já existe em algumas capitais como São Paulo?
Não. Enquanto não estiverem em operação as soluções para o transporte de massa que a prefeitura está implementando na cidade, não é possível pensar em rodízio. Quando os BRTs entrarem em operação, passaremos de 18% para 63% da população utilizando transporte de alta capacidade com qualidade. As regiões hoje mal servidas e carentes de transporte público, como a zona oeste, terão opção de qualidade. Aí, poderemos avaliar se é uma opção para todos os cariocas em todas as regiões da cidade deixarem seus carros em casa um dia da semana e irem para o trabalho ou outros compromissos de ônibus ou de metrô.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
A prefeitura do Rio tem por convicção e princípio investir no transporte público de alta capacidade e estimular formas de mobilidade urbana mais eficientes e menos poluentes. Nosso objetivo é requalificar o transporte público e oferecer alternativas confortáveis, econômicas e seguras para a população. Assim, quem hoje escolhe o carro vai ter opção barata e confiável. Por isso, estamos implantando os corredores de BRT e as faixas preferenciais para o tráfego dos ônibus convencionais (BRS), além de termos duplicado nossa rede cicloviária. O Estado também está investindo na ampliação do metrô. Em breve, teremos 63% da população usando o transporte de massa. Estamos caminhando para uma mudança de paradigma nessa cidade, em que o transporte individual vai ocupar um papel secundário no nosso cotidiano urbano, sendo cada vez mais desestimulado e esvaziado à medida que a cidade evolui em suas soluções viárias. A implantação das faixas BRS em bairros da zona sul já implicou a mudança do horário de funcionamento de pelo menos duas centenas de vagas de estacionamento, que deixaram de existir ao longo do dia. Essa política de restrição às vagas será ampliada à medida que avancem tanto as faixas BRS quanto os corredores BRT.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Baratear os custos da população com transporte público foi uma promessa e uma preocupação minha desde que assumi a prefeitura. Em 2012, implantamos o Bilhete Único Carioca (BUC): benefício aos usuários que moram nos bairros mais distantes e precisam pegar mais de uma condução para chegar ao trabalho. O BUC é a política de integração tarifária que permite aos passageiros realizarem duas viagens em ônibus municipais ao custo de apenas uma tarifa, dentro do intervalo de duas horas. Atualmente, a tarifa do BUC é de R$ 2,75 na integração ônibus + ônibus e de R$ 3,95 na integração ônibus + trem. Essa integração tarifária será estendida aos corredores BRT assim que eles entrarem em operação. O primeiro deles, a TransOeste, já começa a funcionar com Bilhete Único Carioca em junho.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Com certeza. Isso está impresso no plano estratégico da cidade: tornar o Rio uma cidade mais integrada; promover a requalificação urbana de bairros da zona norte e da área central; revitalizar a região portuária e bairros adjacentes com o aproveitamento do potencial imobiliário e consequente estímulo à geração de empregos; promover mecanismos efetivos de reinserção social para a população jovem de áreas carentes; promover a plena integração das áreas pacificadas à malha de serviços públicos. Isso é uma visão de governo que já está em pleno andamento. Um exemplo prático disso é a redução do ISS de 5% para 2% para empresas de teleatendimento que se instalem na zona norte da cidade. Fizemos um reordenamento urbano, dividindo a cidade em quatro macrozonas (Controlada, Incentivada, Condicionada e Assistida) para direcionar novas ocupações demográficas, investimentos públicos em infraestrutura e incremento das atividades econômicas. O nosso projeto Porto Maravilha, a maior parceria público-privada do país, é um grande case de sucesso – uma região que por décadas ficou abandonada e hoje está sendo totalmente revitalizada, com investimentos que chegam a R$ 8 bilhões em infraestrutura, programas habitacionais e instalação de equipamentos culturais.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo) que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Não.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
Sim. Já fizemos o sistema de aluguel de bicicletas, que é um verdadeiro sucesso e, em breve, faremos um programa de aluguel de carros elétricos.


MARCELO FREIXO (PSOL-RJ)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
A ampliação do metrô do Rio de Janeiro é uma necessidade urgente. É claro que todos os esforços possíveis devem ser efetivados por todos os níveis de governo. Agora, algumas ponderações precisam ser feitas. A criação de novas linhas deve buscar a lógica da rede e não da “tripa” que o atual governo do Estado do Rio de Janeiro está querendo fazer. Sempre estivemos dispostos a dialogar com quem quer que fosse, mas pelo que vimos nas audiências públicas da Linha 4, o governo não é muito afeito ao diálogo e muito menos a lidar com discordâncias. Toda a sociedade carioca – dos técnicos às associações de moradores, dos trabalhadores do metrô ao Ministério Público – está contra esse projeto. Todos têm diversos e consistentes argumentos, mas o governo não cede um milímetro. Aí fica difícil colaborar.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Em primeiro lugar, deve-se romper com essa ideia de que alguns marqueteiros da área de transporte têm tentado disseminar, de afirmar que os ônibus são transporte de massa. Os corredores exclusivos de ônibus, em geral, possuem uma importante função de ligar os centros de bairros secundários e conectar os sistemas locais aos modais de massa. No caso do Rio de Janeiro, os ônibus só se tornaram um modal estrutural porque os investimentos em melhorias nos trens urbanos, no metrô e em outros modais de alta capacidade nunca foram realizados com seriedade, muito menos com visão sistêmica e de longo prazo.
Como, infelizmente, não será possível mudar a lógica atual do sistema de transporte público do Rio no curto prazo, a tendência é que continuemos a instalação e a operação dos corredores que já estão sendo implementados e analisemos as propostas que já existem para outras áreas da cidade. Com relação aos sistemas alimentadores, de bairro, a ideia é que se possa criar novas linhas circulares, utilizando veículos de capacidade mais baixa. Nesse caso, abre-se a oportunidade para uma readequação das atuais concessões das linhas de ônibus e uma efetiva regulamentação do transporte alternativo, que permita não só dar mais capilaridade ao sistema, mas também mais opções de mobilidade para a população.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Esta pergunta possui vários desdobramentos, pois remete à questão da política tarifária, à tecnologia de operação e à própria política de gestão das atuais e futuras concessões dos ônibus. No que se refere às tarifas, é preciso abrir a caixa-preta das atuais operadoras de ônibus e fazer uma ampla atualização da planilha de custos, das formas de acompanhamento e fiscalização da operação das linhas, da garagem ao ponto final. Só assim vamos saber realmente quanto custa uma viagem de ônibus no Rio e vamos ter condições de fazer algo que a prefeitura já abandonou há muito tempo: planejamento.
Com relação aos tipos e modelos de ônibus a serem usados, como são muitas as opções oferecidas pela indústria atualmente e muitas as condições operacionais verificadas na nossa cidade, será necessário indicar de forma mais precisa, para cada linha, o tipo de veículo a ser utilizado. A compra de novos veículos, em geral, é feita pelas próprias empresas, segundo as determinações do poder concedente.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
A prefeitura está implantando um grande centro de operações que pretende monitorar e integrar a operação de tráfego de toda a cidade. Como a transparência da atual gestão não é o seu forte, vamos ter que avaliar em que pé está o processo de aquisição de novos semáforos e quais os estudos existentes para resolver os principais gargalos da cidade. A partir disso, sem dúvida, será possível estabelecer metas concretas para ampliar a rede de semáforos computadorizados, integrados ao centro de operações, priorizando as áreas da cidade mais próximas da saturação e os planos de emergência para o caso de grandes acidentes, eventos ou situações excepcionais – coisa que não existe na atual gestão.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Políticas de desestímulo ao uso do automóvel partem de um princípio louvável, principalmente pelo viés ambiental, mas não podem ser desvirtuadas e transformadas em instrumento de segregação social e de limitação do direito de ir e vir. O estado do Rio de Janeiro já possui o IPVA mais caro do Brasil e é o único que exige a vistoria para o licenciamento anual dos veículos, o que leva à cobrança de mais taxas e mais burocracia.
Tudo isso, numa realidade em que o sistema de transporte público é desesperadoramente ruim. Qualquer modal que você vai analisar, no Rio, é dos piores do Brasil. Então, penalizar ainda mais o cidadão sem oferecer uma opção efetivamente competitiva para o seu deslocamento cotidiano seria uma tremenda injustiça.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Esta pergunta segue a mesma linha da anterior. Enquanto não houver, pelo menos no horizonte, alguma perspectiva de melhoria concreta do sistema dos transportes coletivos, não dá para priorizar políticas de desestímulo ao uso do automóvel através da carestia dessa modalidade. A questão do estacionamento é crucial, pois afeta diretamente a fluidez do tráfego. Mas essa responsabilidade tem que ser compartilhada com os segmentos econômicos que também se beneficiam disso. Por exemplo, não dá pra deixar de cobrar dos shoppings, grandes supermercados, torres de escritórios, universidades e condomínios que providenciem uma quantidade de vagas de estacionamento adequadas a sua demanda. Da mesma forma, qualquer licenciamento para novos empreendimentos, não apenas no centro, deve estar atrelado à oferta de vagas para o seu público frequentador (trabalhadores e clientela) a preços acessíveis. Se o estacionamento ficar caro demais, as pessoas não vão deixar de usar o carro, apenas vão “transferir o problema” procurando outros locais para estacionar e o espaço público vai continuar sendo disputado pelos motoristas.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
No caso do modal cicloviário, é fundamental que se invista em mais ciclovias, na manutenção e na melhoria das existentes, além de estimular a criação de bicicletários públicos e privados por toda a cidade. Desta forma, a integração do modal não motorizado com os sistemas de mais alta capacidade poderá ser uma opção mais barata e, em alguns casos, até mais rápida que a que existe hoje. A questão dos estacionamentos nos bairros periféricos é algo que precisa ser tratado com alguma cautela, pois será necessário um estudo mais aprimorado de preferências declaradas dos usuários, de modo que se possa ter uma avaliação do real impacto de uma política como essa em cada região da cidade. Como o Rio é uma cidade muito heterogênea, é possível que uma política dessas seja bem-sucedida em algumas regiões e não funcione em outras.

8) O senhor se compromete a implementar o rodízio de automóveis em sua cidade, como já existe em algumas capitais como São Paulo?
Além de ser um instrumento de discutível eficácia, o rodízio de automóveis é mais uma daquelas políticas que acabam se tornando injustas, pois cria um “mercado dos finais de placa” que só favorece aos mais aquinhoados e prejudica aquele trabalhador que, muitas vezes, depende do carro para sua sobrevivência. A logística necessária, a quantidade de pessoal, os equipamentos e a estrutura para fiscalizar um rodízio desse tipo pode ser muito melhor aproveitada para operar outros instrumentos que garantam melhor fluidez no tráfego, eliminem gargalos ou permitam a prioridade para o transporte público. A implementação de mais e melhores faixas reversíveis, por exemplo, pode ser mais efetiva para a fluidez do tráfego que a fiscalização de um rodízio.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
A proibição de estacionamento em vias públicas pode ser adotada como estratégia para eliminar gargalos de tráfego e promover o sistema alimentador no transporte público, criando mais pontos de parada de ônibus. Isso pode ser adotado em bairros como Méier, Ilha do Governador, Botafogo e Madureira, que apresentam seus centros comerciais saturados e, ao mesmo tempo, menos espaço para ampliações de sistema viário.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
O transporte no Rio é dos mais caros do Brasil e dos piores em termos de qualidade, conforto, pontualidade e rapidez. Para baratear as passagens, podemos adotar diversas estratégias. A primeira é analisar com profundidade a matriz de custos do sistema e avaliar as economias de escala que estão ocorrendo com a racionalização promovida com os BRT e os BRS. Além disso, a prefeitura do Rio já está pagando uma série de subsídios para as empresas. É preciso avaliar o montante de recursos e como isso tem impactado nos fluxos financeiros das empresas. A partir daí, poderemos rever a política do Bilhete Único, estendendo os tempos de transbordo, por exemplo, ou começar a promover descontos para os usuários frequentes do sistema. Por exemplo, uma pessoa que, por qualquer motivo, não recebe vale-transporte, mas usa transporte público todos os dias, pode pagar uma tarifa menos onerosa que alguém que usa o sistema com menos frequência. Isso pode ser feito através do RioCard, que já é vendido para pessoas físicas, mas ainda não teve todo o seu potencial utilizado.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Essa é a questão mais fundamental para o futuro do Rio de Janeiro. Ou fazemos um planejamento urbano de fato, com participação social, visão sistêmica e de longo prazo, integrado às políticas de habitação, transporte, desenvolvimento econômico e ambiental, ou o Rio continuará rumando para o caos. O centro do Rio de Janeiro, hoje, ainda concentra mais de 80% das atividades econômicas, ou seja, dos empregos, das prestações de serviços, do comércio, entre outros.
As políticas em curso atualmente estão promovendo um novo ciclo de verticalização desenfreada do centro. O Porto Maravilha e a região do entorno do Sambódromo vão criar mais de 4 milhões de metros quadrados de área construída na região central e vão reduzir significativamente o espaço viário na principal confluência da região metropolitana. A demolição da perimetral vai trazer consequências desastrosas para nosso sistema de transporte e não se vê ninguém discutindo isso.
A sociedade só fica sabendo das coisas pelos jornais, a partir dos clippings da assessoria de imprensa da prefeitura. Isso é um completo absurdo. Por isso, um planejamento urbano feito com transparência, participação e visão sistêmica é fundamental. Temos que aplicar os instrumentos do Estatuto da Cidade para conter e/ou capturar a valorização da renda da terra de modo que o Rio possa se desenvolver em todo o seu território e não apenas em algumas áreas privilegiadas pelos parceiros do alcaide de plantão.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
A criação do Fundo Municipal de Transportes já era prevista desde o Plano Diretor de 1992 e nunca foi implementada pelos sucessivos prefeitos. Esse fundo é um importante instrumento financeiro para o desenvolvimento de uma política de longo prazo, que vise o planejamento e a integração dos diferentes modais e permita um maior controle da política tarifária do sistema. Segundo o atual Plano Diretor, as receitas que conformarão esse fundo podem ter origem em dotações orçamentárias, receitas oriundas das multas de trânsito, operações de crédito celebradas com organismos nacionais e internacionais, repasses do Ministério das Cidades para programas de transporte público urbano de passageiros, doações públicas e privadas, além de outras definidas na lei que o criar. Com essa gama de opções para buscarmos a sustentabilidade econômica do fundo, acredito que seja desnecessário pensar na criação de novas taxas que onerem ainda mais os usuários de transporte. Já se reclama tanto da excessiva carga tributária no Brasil, por que iríamos entrar na contramão desse movimento?

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
A busca de alternativas que desestimulem o transporte motorizado individual, que permitam o barateamento do ir e vir e que deem mais conforto. Eis um princípio inarredável da nossa política de transportes. É preciso trazer novamente para a discussão a questão dos bondes (a municipalização do sistema tem que ser considerada) e da implementação de veículos leves sobre trilhos. Além disso, temos que avaliar seriamente o impacto dos teleféricos na mobilidade da população nas favelas e repensar os rumos do transporte aquaviário. Temos quase 50 quilômetros de litoral. Não é possível que não existam tecnologias economicamente viáveis e operacionalmente seguras para aproveitar essa característica e incorporar mais uma opção de mobilidade para a nossa população. Não dá mais para a população do Rio ficar refém de meia dúzia de empresários de ônibus que só pensam no seu próprio lucro e oferecem, há décadas, um serviço de péssima qualidade e cada vez mais caro.


RODRIGO MAIA (DEM-RJ)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Sim. Como foi mencionado, adotar medidas concretas, a começar pela recuperação da capacidade de transporte da atual operação da Linha 2, que está fadada a trens de seis carros a cada 4 minutos de intervalo entre os consecutivos até 2038, ou seja, apenas a quarta parte da capacidade original da Linha 2 do metrô carioca, projetada originalmente para trens de oito carros a cada 100 segundos de intervalo entre trens consecutivos. A prefeitura, de fato, não ficará omissa frente aos erros cometidos no metrô pelo governo do estado. Com certeza haverá uma efetiva colaboração e participação no Sistema Operacional, inclusive na redução dos custos das obras para poder concretamente aplicar seus recursos.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Aumentar drasticamente, sem dúvida, mas com uma tecnologia adequada à demanda e às características técnicas de cada corredor alicerçado, por sua vez, em estudos sistêmicos para a escolha do melhor desenho operacional sem “partidarismo” por essa ou aquela tecnologia. O mais importante é a visão sistêmica isenta, sem parcialidade, que alicerce a solução integrada descentralizada, de forma que o valor tarifário resultante não seja majorado nessa integração.


3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Sim, porque poderia pelo menos ter sido mais bem copiada a operação metroviária original do metrô carioca. Os atuais BRT em implantação no Rio não tiveram priorizado pela prefeitura o projeto conceitual da operação, preferindo dar ênfase à construção da infraestrutura. Por exemplo, se um ônibus enguiçar na via do meio entre duas estações consecutivas haverá um congestionamento de ônibus, pois não há como retirá-lo de forma rápida simplesmente porque não há dispositivos previstos. Por outro lado, as estações da TransOeste, por exemplo, por sentido só podem acomodar dois ônibus simultâneos e, para que se garanta a probabilidade de 99% para que o terceiro ônibus não fique parado na via com passageiros aguardando no sol a vaga na estação (como ocorre hoje nas frequentes paradas dos trens entre estações com a atual operação da Linha 1 do metrô), o intervalo entre ônibus consecutivos por sentido não pode ser inferior a 3,7 minutos. E mais: há sempre uma preocupação em ressaltar operacionalmente o pagamento antecipado como existe em Curitiba. Mas o que não é dito é que o valor da tarifa do BRT em Curitiba, historicamente, é o mesmo cobrado no sistema de ônibus urbano no Rio, sem racionalização e sem o próprio BRT entrar em operação.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Sem dúvida é um sistema que permite minimizar os conflitos de tráfego, a partir da determinação dinâmica de ciclos dos semáforos, em função da variação do volume de veículos contados na unidade temporal identificados por sensores nas vias, podendo levar em consideração a velocidade dos pedestres idosos nas travessias, permitindo ainda a readaptação dos cálculos desses ciclos. Além disso, é fundamental que os semáforos sejam dotados de baterias para que os frequentes picos de energia não os apaguem, pois quando isso ocorre, os semáforos assim permanecem por um longo tempo, o que é absolutamente inadequado e ocorre com frequência, por exemplo, na avenida das Américas com seu  tráfego de 148 mil veículos por dia na Barra.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Não. Me comprometo a estudar de forma sistêmica a viabilidade técnica operacional e, caso se mostre de fato viável, os recursos arrecadados serão evidentemente empregados para a melhoria do transporte público.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Não. Isso simplesmente é cometer mais um erro grave, pois essa medida só beneficiará quem possui renda maior e estará disposto a pagar o preço por esse conforto e, como consequência, ampliará a receita dos estacionamentos. É, no mínimo, um contrassenso. O que é preciso fazer é voltar à operação original das linhas 1 e 2 do metrô carioca, essa última (Linha 2), inclusive, terá que operar também com piloto
automático nos moldes da Linha 1, permitindo que ambas as linhas operem integradas  descentralizadamente e em desnível nas estações de correspondência entre as duas linhas, a Estácio e a Carioca, para evitar inclusive acidente entre os trens de cada uma das duas linhas. E mais, o metrô carioca possui sete estações na área central, mais do que suficiente para aliviar totalmente o tráfego nessa área, desde que se possa reduzir sistematicamente os intervalos entre trens consecutivos, portanto, paulatinamente ampliando a capacidade de escoamento. O problema maior é que há hoje superlotação dos trens com taxa de ocupação acima de seis passageiros por metro quadrado que induz ao aumento do custo social, cujo reflexo se dá objetivamente na rede pública de saúde.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
A bicicleta precisa ser tratada como sistema de transporte, portanto, com responsabilidade. A primeira preocupação é a construção de ciclovias alicerçadas nas técnicas de projeto, como as constantes, por exemplo, na última versão do HCM-Highway Capacity Manual-2010 do TRB-Transportation Research Board of National Academies Washington DC, que permitam acessar com segurança as estações do metrô e as da
Supervia.

8) O senhor se compromete a implementar o rodízio de automóveis em sua cidade, como já existe em algumas capitais como São Paulo?
Não. Esse tipo de solução utilizada em São Paulo não se aplica ao Rio. Lá se esperava que pelo menos 20% da frota paulistana ficasse em casa, enquanto no Rio, sem rodízio, 40% da frota carioca já fica em casa. Com isso, evita-se ampliar a idade da frota e, consequentemente, aumentar as emissões de gases veiculares, com a aquisição de veículos mais velhos, que ocorreu em face de a renda paulistana ser superior a do carioca.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
No Rio isso está bem resolvido pela equipe técnica da prefeitura do Rio, que é da melhor qualidade, porém se forem constadas exceções, serão tomadas providência através de soluções estudadas para cada caso.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Não há dúvida. Se ficar constatado nos estudos a serem feitos que os custos operacionais dos BRT e dos BRS foram reduzidos e não foram repassados ao valor da tarifa, passa a ser obrigação.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?

A cidade, através da prefeitura, precisa facilitar a legislação do solo nas proximidades das estações do metrô e da Supervia, em parceria com as concessionárias e o governo do estado, na reurbanização das respectivas áreas de entorno, de acessibilidade às estações das tecnologias de integração e, assim por diante, com uso de técnica de planejamento sistêmico com o objetivo de atingir o achatamento do período de pico de horário de passageiros nessas estações e a observância aos níveis de ruídos, emissões e concentrações de gases veiculares nas áreas de transferência, principalmente quando se trata da tecnologia BRT ou mesmo BRS, por não estarem utilizando ônibus híbrido articulado.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Não. Chegamos a um momento em que a nova classe média alcançou um nível de renda que permite adquirir um carro. E agora essas pessoas seriam punidas com novas tributações? Claro que não. O governo deve ter competência suficiente para resolver objetivamente esses acréscimos de demanda, ofertando aos usuários de automóvel transporte coletivos de qualidade e colocando nas ruas agentes municipais treinados, operando sob a supervisão de engenheiros. É um procedimento disciplinar que não se vê há muito tempo. O problema maior é que o poder público não ajusta à infraestrutura as necessidades de ampliação socioeconômica da cidade, apesar de ser conhecedor do problema. Basta verificar que foram projetados na década de 70 e só entraram em operação não dois anos ou três depois e, sim, mais de 30 anos depois. Por exemplo, o metrô em Copacabana, a tecnologia do transporte aquaviário Catamaran entre Rio e Niterói, as vias expressas Vermelha e Amarela. Não se implanta outra via importante na cidade desde 1998. São vários exemplos: o projeto de Ampliação e Modernização da Autoestrada Lagoa-Barra, a Linha 4 do metrô e, há mais de 30 anos, a expansão prioritária do metrô da Linha 2 (Estácio, Carioca e Praça 15) ainda não saíram do papel.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
Sim. Como mencionei anteriormente, inclusive será analisado o uso de tecnologia nacional, o Aeromóvel, semelhante ao que a cidade de Porto Alegre apresentou e venceu tecnicamente o concurso do PAC de Mobilidade este ano, incluindo o VLT, o Monotrilho e o HSST, que juntamente com o Aeromóvel formam tecnologias que apresentam capacidade de escoamento de passageiros superior ao BRT e inferior ao metrô.


OTÁVIO LEITE (PSDB-RJ)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Pouca gente sabe, mas a prefeitura do Rio de Janeiro é acionista do metrô. Tem cerca de 1,3% das ações e assento no Conselho de Administração. Considerando a necessidade de ampliar o metrô e essa circunstância, a prefeitura tem toda legitimidade para apoiar essa medida, seja por meio de recursos do próprio orçamento, seja por meio de outras medidas. Por exemplo, para poupar o orçamento público desse investimento, poderíamos obter recursos por meio da ampliação de gabaritos na extensão da linha do metrô na área suburbana, para dinamizar a economia local. Com isso, você teria condição de aportar mais recursos para o metrô. Sou completamente a favor de a prefeitura trabalhar diretamente com o governo do estado na ampliação do metrô. O que não está acontecendo! Na cidade do Rio vive-se hoje uma polêmica por conta do traçado do metrô Barra-Centro. O governo optou por um caminho tecnicamente muito temerário e, politicamente, pouco recomendável. Diante disso, o mais grave é o total silêncio do prefeito atual em torno desse assunto, visto que ele tem total legitimidade política e jurídica para se meter nessa discussão.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Isso é importante. Eu incluiria os eixos troncais. Há ônibus que alimentam os eixos troncais e há também as vans, que teriam esse condão também. As vans têm de prosseguir de forma mais organizada, e não como hoje está acontecendo. Muitas delas transportam passageiros em pé e a fiscalização da prefeitura é absolutamente cega diante disso. Nada faz!

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Sou totalmente a favor. A ampliação do tamanho dos ônibus, os eixos de corredores que são importantes em polos de tráfego de 50 mil, 100 mil pessoas. Mas, no Rio, há pontos que, em hora de pico, somam 400 mil pessoas. E os ônibus e as estações não conseguem assimilar essa demanda. Por isso que o trilho, seja o trem, seja o metrô, precisam ser ampliados. E me refiro ao aumento das composições. O governo do estado foi relapso e estamos atrasados com a “canibalização da frota”. Eu vejo como uma medida parcial que precisa ser implantada. Mas isso não é o suficiente.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Eu concordo. Mas o que parece muito importante é o semáforo com o temporizador. Há uma lei estadual que obriga as prefeituras do estado a cumprirem isso. É uma lei do deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha. Nós vamos cumprir essa lei porque o temporizador oferece, sobretudo, segurança ao trânsito.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Eu não pretendo fazer pedágio urbano. Eu pretendo, se necessário, isolar algumas áreas do centro da cidade, em determinados momentos, para o tráfego de carros. Se for necessário, sim. O eixo turístico do centro da cidade às vezes me faz pensar que isso é necessário. Mas precisa ser estudado.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Não precisa aumentar o preço dos estacionamentos. Eles já são caríssimos.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Sim, isso é importante: estimular o bicicletário nas estações de metrô e nos trens. Acho que essa é uma tendência de todas as cidades do mundo de estimular o uso da bicicleta. Isso é bem-vindo em todos os sentidos.

8) O senhor se compromete a implementar o rodízio de automóveis em sua cidade, como já existe em algumas capitais como São Paulo?
Não. Não chegamos ao ponto de “paulistanizar” por completo o trânsito do Rio.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
Isso talvez tenha de ser necessário por conta de uma engenharia de tráfego que recomende essa medida.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
O transporte tem de ser pensado metropolitanamente. O que nós lamentamos é que a tão festejada aliança entre União, governo do estado e prefeitura do Rio, na prática, não existe nesse setor. Eles não se sentam para discutir um modelo metropolitano de transporte e, com isso, temos a irracionalidade nas linhas que poderiam, tranquilamente, ter um tratamento único dentro de uma inteligência de tráfego. Eu estou disposto a sentar à mesa com outros municípios e o governo do estado para chegarmos a uma solução e racionalizar o transporte. Temos de permitir que o cidadão, sobretudo o trabalhador, tenha transporte a um preço barato.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Uma bandeira básica nossa é o desenvolvimento econômico e o estímulo às livres iniciativas dos micro e pequenos empresários. Isso será muito importante. Quanto mais convergimos para atividades econômicas nos subúrbios, nas áreas mais distantes, menos fluxo de transporte teremos e mais qualidade de vida as pessoas terão por morarem próximas aos seus locais de trabalho. Eis um eixo importante de minha campanha.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Eu sou contra a criação de qualquer imposto. Mas acho que o Rio de Janeiro deveria brigar para ter um pedacinho da Cide, que é um imposto que incide sobre o combustível de veículos.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
O Rio de Janeiro é uma cidade que possui centros tecnológicos formidáveis, tem uma inteligência indiscutível e é extremamente interessante estimular a universidade ou a própria indústria automobilística a pensar iniciativas criativas. E eu sou totalmente a favor da utilização de carros compartilhados, inclusive táxis, em momentos de pico de tráfego. Eu penso em utilizar os táxis para participarem de lotações. Para que eles possam ter mais de um passageiro, a depender da demanda do transporte naquele horário do dia. Eu vou conversar com os taxistas sobre isso porque eles podem ajudar a desafogar o trânsito do Rio de Janeiro.

MÁRIO KERTÉSZ (PMDB-BA)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Em Salvador, o metrô foi um erro. Desmontaram um sistema de VLT com todas as obras civis construídas para implantar o metrô. Agora, não há como retroceder. Se ficar, o bicho pega, pois o atual metrô de calça curta é inviável sob todos os aspectos se não for prolongado no mínimo mais 7 quilômetros para alcançar os bairros onde o VLT estava programado: Cajazeiras e outros. Quanto à implantação de novos corredores com metrô, como a atual prefeitura e o estado estão querendo na Paralela (aliás, o estado, pois a prefeitura não tem recursos nem para colocar os 6 quilômetros atuais em não funcionamento), sou contra. Retornaria ao VLT. Um transporte com grande capacidade de penetração nas outras avenidas de vale e nas cumeadas de Salvador, além do custo muito mais acessível e da possibilidade de convivência com o transporte tradicional e até com o pedestre. Rio de Janeiro, Brasília e Goiânia, sem falar em muitas outras cidades no mundo, até na China, optaram por essa modalidade do VLT. Sobre o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, isto é uma visão despropositada e reacionária. Coisa de governo militar. Por que não é o estado e o governo federal que devem passar os recursos para os municípios que não têm onde cair mortos? Isto é a velha e surrada proposta centralizadora de esvaziamento do poder municipal. Que coisa mais antiga! Sou a favor, sim, da metropolização do transporte público em Salvador, com a criação de uma empresa metropolitana, porém com o comando do poder municipal. Salvador é a capital, a cidade mais importante da área metropolitana. Além disso, é o prefeito de Salvador que deve decidir que intervenções e que tipo de serviços são adequados para uma cidade de tamanha importância cultural e turística para o país. Não pode ficar entregue a uma tecnocracia estatal sem sensibilidade urbana para intervir na cidade, propondo os absurdos que estão acontecendo como o metrô da paralela, a ponte Itaparica-Salvador, o terminal marítimo que vai construir e outras propostas descabidas. Sobre sentar com o governador: não tenho problema em sentar para conversar com o governador, de um partido aliado ou não, para tratar este ou qualquer outro assunto de interesse da cidade. Já governei Salvador com e sem apoio do governador à época, e isso não foi empecilho para a gestão.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
É óbvio que numa cidade pobre do Nordeste como Salvador o transporte público tem uma péssima qualidade. E não é o caso de São Paulo, que tem muitos recursos, e o transporte público ainda é um grande problema. Salvador precisa com urgência ampliar suas vias de tráfego em geral, corredores ou não, para o transporte público e para os veículos individuais. A situação de Salvador se agrava quando, pela falta de corredores exclusivos para um transporte de massa eficiente, os carros se misturam às imensas filas de ônibus convencionais ou mesmo articulados. E mesmo que o transporte de massa já existisse não significa que os usuários dos veículos fossem migrar para o transporte coletivo.
De todo modo, mesmo sabendo da necessidade de se resolver o problema, Salvador, como a totalidade das capitais brasileiras, com exceção de São Paulo, depende dos recursos federais. Seria uma hipocrisia prometer realizar tudo que sabemos que é preciso e que queremos fazer quando a possibilidade concreta de realizar está nas mãos do governo federal, através dos PACs disso e daquilo. Não é por acaso que muitas vezes a saída tem sido através das parcerias público-privadas que implicam pedágio. Caso seja imprescindível, usarei esse recurso para, pelo menos, uma das duas vias paralelas à Paralela, para poder desafogar a médio prazo o já insuportável congestionamento em que Salvador se encontra.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Claro que terei que mexer completamente na ultrapassada estrutura do sistema de ônibus. Tudo partiria da criação de um consórcio em que estivessem presentes o público e o privado numa abrangência metropolitana e através de uma empresa metropolitana da qual o município teria o controle. Porém, não criaria corredores de ônibus tipo BRT, salvo, talvez, a partir de um limite mais periférico visando as cidades da área metropolitana: Lauro de Freitas, Simões Filho, Camaçari, onde o metrô não fosse chegar. Na maioria dos corredores de Salvador, avenidas de vale e vias de cumeada da Cidade Antiga, colocaria o VLT. Este plano existe há quase 30 anos, desde a primeira vez que fui prefeito e, na essência, continua válido.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Claro. Como qualquer outra tecnologia de transporte, usaria onde for adequado.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
No centro da cidade, entendido como um centro expandido que coincide com os limites da Cidade Antiga, usaria sim o pedágio urbano para tornar seletivo o acesso ao veículo individual (com facilidades para os residentes no centro) e privilegiar o uso do VLT, o qual, na linha principal (avenida 7 de Setembro), conviveria apenas com o pedestre.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Tantos estacionamentos quanto possível. Em Salvador, o acesso ao centro é fundamental pelo turismo. A Cidade Antiga fica no centro. É preciso possibilitar que o veículo chegue aí, sem, no entanto, congestionar o trânsito. Proibir o estacionamento nas calçadas, mas criar muitos estacionamentos subterrâneos.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Sim, claro. Nos bairros e nas estações centrais.

8) O senhor se compromete a ampliar o rodízio de automóveis em sua cidade, restringindo mais sua circulação? Como seria feito?
Se o governo federal mandar o dinheiro para fazermos o que tem que ser feito, qual a necessidade do rodízio?

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
No caso de Salvador, onde seria muito importante impedir, que é no Centro Expandido, é preciso retirar primeiro o comércio ambulante. Depois, quando proibir, é preciso que a prefeitura seja capaz de fiscalizar.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Como? Em Salvador, onde um percentual inacreditável da população se desloca a pé por não ter condições de pagar a passagem, seria o caso até de o poder público subsidiar quase a totalidade da passagem. Porém, mais uma vez, a pergunta: “Quem vai pagar a conta?”. O dinheiro público no Brasil está, desde a ditadura, e continua até hoje, concentrado no governo federal. A prefeitura pede esmola para poder cumprir suas obrigações. IPTU e ISS apenas é quase nada face às necessidades de investimento e custeio.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Se conseguirmos aparelhar urbanisticamente os bairros periféricos já será um grande adianto para permitir que o morador estude, trabalhe e viva satisfatoriamente sem precisar vir ao centro.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Não. Os donos de automóveis e cidadãos, de modo geral, já pagam tributos demais, direta e indiretamente, na aquisição e manutenção de seus veículos. A ideia é potencializar a arrecadação municipal de outra forma, através de um fundo com papéis lastreados pelos patrimônios culturais, imateriais ou não, da cidade. Tais como o Carnaval, o acarajé (tombado como patrimônio cultural) e dividendos a serem gerados pela exploração das imagens dos nossos patrimônios, como Jorge Amado e seus personagens, Menininha do Gantois, ACM e muitos outros.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas?
Especialmente nas bicicletas. Salvador é uma cidade muito própria para este veículo. Apesar de ter muitas ladeiras e bairros íngremes, a cidade “é margeada” por uma orla que é um convite ao uso da bicicleta como meio de transporte. Precisa apenas de ciclovias bem estruturadas e segurança para que esse meio seja mais difundido. Fora a bicicleta, o investimento em transporte alternativo mais adequado seria a triplicação dos transportes verticais, como os planos inclinados, os elevadores e as escadas rolantes e ainda as passarelas ligando as cumeadas entre si. Quanto ao compartilhamento do transporte, pretendemos sentar com o governo do estado para resolver primeiro o problema da segurança, pois o compartilhamento que se tem praticado até agora é o compartilhamento do bem alheio, através de assaltos aos motoristas, ciclistas e aos ônibus.

EDVALDO BRITO (PTB-BA)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Sim, já estou cuidando disso. Participo da Comissão da Mobilidade, formada por cinco representantes do governo do estado, três da prefeitura de Salvador e dois da prefeitura de Lauro de Freitas. Essa comissão discute a implantação da linha 2 do metrô da capital baiana, que irá da vizinha Lauro de Freitas até a Rótula do Abacaxi, encontrando a linha 1. Discute também a conclusão do tramo 2 da linha 1 (Rótula do Abacaxi/Pirajá). Quando definirmos todas as pendências, o governo lançará o edital de licitação para a construção da linha 2 e conclusão da linha 1, que devem ficar prontas até o início da Copa de 2014. A prefeitura de Salvador já gasta hoje cerca de R$ 1 milhão mensalmente para manter a estrutura do metrô que já está construída. Acredito que devemos sempre ampliar as linhas de metrô, pois sem transporte de massa não há mobilidade decente.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Já estamos discutindo isso na Comissão de Mobilidade. Criarei corredores exclusivos para ônibus tendo como modelo o que é feito na cidade de São Paulo.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Salvador optou pelo metrô de superfície, com dois grandes corredores iniciais alimentados por linhas de ônibus exclusivas. Pela estrutura urbana da capital baiana, nem todas as vias comportam determinados modelos de ônibus. Mas devemos sempre nos pautar pelo que há de mais moderno, incorporando os progressos da civilização para proporcionar bem-estar ao cidadão.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Hoje, essa é a solução porque você estuda o fluxo em cada região e o horário para poder determinar a necessidade de esgotamento de tráfego.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Não. Sou contra, porque é mais um impedimento para que as pessoas se locomovam na cidade. Se há alternativas de soluções, por que não as utilizar?

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Insisto em que, havendo transporte de massa, que é a solução de trânsito, todas essas medidas paliativas podem ser dispensadas.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Hoje, com a tecnologia moderna, que facilita o uso da bicicleta em cidades com topografia acidentada, não há como deixar de ter inspiração em Amsterdã, fazendo das cidades um ambiente propício para esses meios de transporte não poluentes. Salvador já tem um exemplo disso na orla, onde há uma ciclovia.

8) O senhor se compromete a implantar ou ampliar o rodízio de automóveis em sua cidade, restringindo mais sua circulação? Como seria feito?
Salvador não tem rodízio e minha experiência de quatro anos no governo municipal de São Paulo, como secretário, mostra que não é a solução. Muitas pessoas tinham mais de um veículo, contornando essa proibição.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
Sim. Os locais dependem do planejamento urbanístico.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Vou sempre buscar uma política tarifária que estimule o uso do transporte coletivo em substituição ao individual. Salvador já tem um plano para um sistema integrado de transporte público metropolitano, com tarifa integrada pelos diversos modais de transporte urbano. Com um único bilhete, você utiliza muitos veículos dentro de um espaço de tempo, como já existe em algumas cidades.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo, assim, a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Salvador tem três grandes cidades dentro dela: o subúrbio, envolvendo a Calçada e a Liberdade; a outra região que é formada por Cajazeiras, Fazenda Grande e Castelo Branco; e a terceira que é a litorânea atlântica. Cada uma deve ser equipada com todo instrumental de fixação das pessoas no seu ambiente. A área de Cajazeiras tem aproximadamente 1 milhão de pessoas. Pode ter vida própria, com todos os equipamentos como escolas, universidades, shoppings, teatros, comércio etc. Isso evita o deslocamento para outros bairros.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Não, porque o usuário do transporte individual também deve ser objeto das políticas públicas de bem-estar social. No caso, o poder público deve estimular a substituição desse tipo de mobilidade, mas não penalizá-lo, porque ele já paga IPVA, licença, pedágio etc.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
É um problema cultural compartilhar. Porém, pode-se estimular que pessoas da mesma área urbana possam desenvolver esses hábitos com o estímulo do poder público.


LÍDICE DA MATA (PSB-BA)

1) A senhora se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na implementação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. A senhora se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Considero positiva e fundamental a implementação do metrô e este é um tema para o qual estou aberta. Sua implantação depende, contudo, de recursos financeiros.

2) A senhora se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Claro que concordo com corredores de ônibus que possam melhorar o fluxo viário, mas o tema depende de análise técnica e orçamentária.

3) A senhora se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Já existe projeto (de ônibus biarticulados) aprovado em Salvador e é preciso respeitar o que já foi aprovado. Na verdade, para o sistema de veículos biarticulados não é a prefeitura que faz os investimentos, mas sim as empresas concessionárias. A prefeitura pode efetuar estudos e exigir ou cobrar isso das empresas. Quanto ao sistema BRT (de corredores exclusivos para transporte mais rápido e eficiente) são necessários estudos específicos de trânsito e de viabilidade.

4) A senhora se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Concordo com a instalação de semáforos inteligentes, mas são necessários estudos e recursos para a implementação.

5) A senhora se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Não posso me comprometer com uma medida como essa, de implantação de pedágio urbano, que representa impacto financeiro para a população. Ações desse tipo precisam ser estudadas e, fundamentalmente, discutidas com a sociedade.

6) A senhora se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Meu posicionamento é de que, no caso de Salvador, precisamos valorizar o centro em seu potencial turístico e incentivar a revitalização da região. Assim, não defendo que seja desestimulado o uso de automóveis nesse local. Ao contrário, acredito que precisamos incentivar que o centro histórico e turístico de Salvador seja mais frequentado e visitado, seja por transporte coletivo ou particular. Em relação a esse item, é preciso levar em conta a efetiva situação da região central de cada cidade.

7) A senhora se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Concordo com a implantação de bicicletários, uma medida possível, mas que também depende de estudos. Esse item novamente toca na questão do uso da região central, que, como já disse na questão anterior, no caso de Salvador defendo que seja mais visitada.

8) A senhora se compromete a implementar o rodízio de automóveis em sua cidade, como já existe em algumas capitais como São Paulo?
O rodízio de automóveis é uma medida possível, mas também depende de estudos e debates com a comunidade. Não podemos permitir que aconteça como em São Paulo, por exemplo, onde algumas famílias optaram por adquirir mais de um veículo para “fugir” do rodízio.

9) A senhora se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
A proibição de estacionamento em algumas vias é outra medida que depende de estudo técnico. A princípio sou favorável.

10) A senhora se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Não posso me comprometer com essa questão. As tarifas são definidas conforme critérios técnicos e de compensação. Seria demagógico afirmar que vou baratear o transporte público.

11) A senhora se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo, assim, a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Sim, concordo com a implantação de outros núcleos de desenvolvimento, mas também essa questão depende de estudos técnicos.

12) A senhora se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
A criação de fundos voltados ao transporte público não depende apenas de legislação municipal, mas também estadual e federal. E, da mesma forma, não depende somente do Poder Executivo, mas de proposições legislativas.

13) A senhora se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
Em linhas gerais, defendo novas alternativas de transporte. Esse é um tema importante, que pode contribuir para melhorar a mobilidade urbana e oferecer condições melhores ao ambiente urbano, mas, como defendo em todas as questões voltadas ao tema central desta entrevista, reitero que a população precisa sempre ser consultada.

ELMANO FREITAS (PT-CE)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na implementação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
No nosso entendimento, a construção do metrô de Fortaleza é responsabilidade dos governos federal e estadual. Entendemos que a prioridade do município neste momento é garantir a melhoria do transporte público por meio de corredores exclusivos para nossos ônibus - aumentando sua velocidade média, ampliando nossos terminais e garantindo a passagem de sistema integrado mais barata do país. Devemos garantir as condições para a integração do sistema municipal com a região metropolitana e o metrô, que em breve entrará em circulação em Fortaleza.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Fortaleza já dispõe de um moderno sistema de integração por terminais. Além disso, contamos com a integração temporal – com nove mil combinações de linhas em toda a cidade -, que permite ao usuário combinar dois ônibus pagando uma única passagem. A licitação por áreas operacionais, recentemente concluída, permitirá a implantação de uma rede que viabilizará a alimentação dos corredores de BRT – ainda em construção – com o sistema sobre trilhos (metrô e VLT), com os sistemas urbanos e metropolitanos de ônibus e transportes complementares (vans). Daremos continuidade a um importante programa de mobilidade urbana, o Transfor. Somente na primeira fase, concluímos melhorias em 170 quilômetros de avenidas que ligam os terminais de ônibus. O investimento é da ordem de R$ 235 milhões. Em breve, teremos corredores exclusivos para ônibus que ligarão o terminal da região oeste ao centro e ao terminal da região leste. Na segunda fase do projeto, orçado em R$ 369 milhões, garantiremos a construção de dois viadutos, um túnel, ampliação dos terminais dos bairros Siqueira e Parangaba, além de recuperação de vias, reforma dos canteiros centrais, ampliação da rede de drenagem, padronização de calçadas e construção de ciclovias.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
O sistema de transporte das cidades deve ser constituído de acordo com cada realidade. No caso de Fortaleza, temos um cenário de concentração de desenvolvimento econômico em algumas áreas, o que leva muitas pessoas a residirem distante de seu trabalho, propiciando engarrafamentos e dificuldades no tráfego. A diminuição do tempo envolve ainda uma redistribuição espacial do desenvolvimento econômico da cidade, favorecendo que o cidadão resida próximo do seu trabalho. Nosso maior desafio é avançar drasticamente no tempo que o cidadão leva de sua casa ao seu destino final. Por isso, nossa prioridade, neste momento, é a implantação de medidas como os corredores exclusivos para ônibus e transportes complementares.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Temos hoje na cidade 617 semáforos. Desse total, 52% (321) são em tempo real. Em breve, todos os semáforos do centro da cidade terão essa mesma tecnologia. Nossa ideia é aumentar o percentual desses semáforos em vias de grande fluxo em Fortaleza e substituir aparelhos antigos por novos com lâmpadas de LED, garantindo menor consumo de energia e melhor visibilidade aos motoristas, mesmo quando o sol incide sobre eles. Vamos ampliar os cruzamentos que possuem estágio “semaforizado” exclusivo para pedestres (atualmente, existem 63 desses).

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Sou contra pedágio. Ele limita o direito constitucional de ir e vir das pessoas. Fortaleza tem no centro da cidade um de seus maiores polos comerciais, devendo ter como prioridade o deslocamento de pedestres. No último período, constituímos um sistema integrado de linhas de ônibus restritas ao centro e interligadas às demais linhas que circulam por toda a cidade. Devemos realizar ações que viabilizem estacionamentos subterrâneos pra dar mais fluidez do trânsito daquela região.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Concordo que o uso de automóvel deve ser desestimulado em favor do transporte público. Eis por que propomos medidas que melhorem significativamente a velocidade e o conforto de nossos ônibus, o aumento e a integração de ciclovias, além da construção de bicicletários.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Em Fortaleza, a implantação de estacionamentos e bicicletários nas proximidades das estações do metrô e dos terminais de integração fazem parte do plano do sistema que está sendo implementado.

8) O senhor se compromete a implementar o rodízio de automóveis em sua cidade, como já existe em algumas capitais como São Paulo?
O rodízio não nos parece a medida mais apropriada para o caso de Fortaleza. Acredito que precisamos fazer uma mudança cultural baseada em uma melhoria significativa do transporte coletivo e de uma mudança econômica da cidade que permita muitas pessoas residirem próximas ao trabalho. Dessa maneira, vamos incentivar, inclusive com campanhas educativas, que os cidadãos priorizem o transporte público ao transporte individual.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
As vias públicas devem ser prioridade para circulação e não para estacionamentos. Em Fortaleza, estão sendo realizados estudos para implantação de vias de sentido único, bem como avenidas com corredores exclusivos para o transporte público. Essas vias são as prioritárias que devemos proibir estacionamentos.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Desde 2005, Fortaleza adotou uma política que fez nossa cidade ter a passagem de sistema integrado mais barata do país. A passagem custa R$ 2, permitindo ao cidadão pegar quantos ônibus forem necessários para chegar ao destino final. Os estudantes têm o direito ilimitado de pagar metade desse valor: R$ 1. Além disso, garantimos, por mês, passagem gratuita para 12 mil pessoas com deficiência, inclusive com direito a acompanhante em caso de necessidade. Aos domingos e feriados, o cidadão paga uma tarifa reduzida no valor de R$ 1,40 a inteira e R$ 0,70, a meia. Em 2011, criamos a Hora Social: de 9 às 10 horas e de 13 às 14 horas a passagem custa R$ 1,80 a inteira e R$ 0,90, a meia. O meu compromisso é manter essa política de uma passagem mais barata entre as capitais com transporte integrado e realizar todos os esforços para melhoria do serviço de transporte público, em especial quanto à velocidade e ao conforto.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Fortaleza, nos últimos anos, foi a capital do Nordeste que mais criou postos de trabalho com carteira assinada, totalizando 200 mil novos empregos. Nossa cidade transformou-se no maior destino turístico da nossa região e é a capital com o maior investimento público no Nordeste. Esses dados expressam-se em todas as regiões de Fortaleza. Tenho o compromisso de apoiar os projetos que favorecem o desenvolvimento das várias regiões da cidade que propiciem uma melhor distribuição do emprego, da cultura e do lazer, aumentando o número de cidadãos que tem a maior parte de suas atividades na região onde residem.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
A tributação sobre veículos e combustíveis não é de competência do município. Porém, a política de desoneração da indústria automobilística e a ampliação de crédito ao consumidor favoreceram a aquisição de milhares de veículos. Defendo que os municípios discutam junto ao governo federal contrapartidas para colaborar com soluções aos problemas advindos do aumento da frota de veículos nos centros urbanos.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
Sim, também vamos continuar avançando nesse aspecto. Todo o nosso planejamento terá, como não poderia deixar de ser, uma visão sistêmica. Portanto, ciclovias, calçadas livres, "transporte solidário", "carona segura", tudo o que venha a contribuir com a diminuição dos nossos problemas diários de deslocamento, de forma segura, sustentável e equilibrada, iremos incentivar.

HEITOR FERRER (PDT-CE)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na implementação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Sim, desde que seja tecnicamente viável à nossa população e ao seu bem-estar. Havendo essa convergência, estaremos sem dúvidas juntos nesse empreendimento ajudando nas desapropriações e possíveis licenças autorizadas pela prefeitura, considerando a relevância da obra que é a criação da linha leste com 12,4 km de extensão, na maioria subterrânea. O projeto terá doze estações, que ligarão o centro a importantes equipamentos na área leste da cidade, além de integrar às linhas oeste e sul, ao ramal Parangaba-Mucuripe e aos terminais de ônibus. O projeto foi contemplado com recursos do governo federal no PAC mobilidade em R$ 3,3 bilhões.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Conforme um projeto elaborado por uma equipe técnica atuante na área, delimitado dentro dos padrões das ruas e avenidas a serem alimentadas. Não dá para os ônibus ficarem disputando espaço com tantos carros. Para uma solução real do trânsito em Fortaleza precisamos efetivamente agilizar os corredores de ônibus. Convidaremos profissionais que participaram de modelos bem-sucedidos em outras cidades para que possamos implementar, com a urgência necessária, as multiplicações da mobilidade e acessibilidade de nossa cidade.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Incrementaremos um sistema auxiliar onde a demanda de transporte é insuficiente e rotas que possam ser implantadas. Como vai ser, depende das análises técnicas apresentadas pelos especialistas de trânsito. O certo é que o fortalezense é a nossa preocupação única. O bem comum deve reger nossa gestão.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Aumentaremos em todas as regiões de grande tráfego semáforos inteligentes, mantendo em constante comunicação por meios de linhas privadas com a central do CTAFOR (Central de Tráfego em Área de Fortaleza). Essa comunicação é feita em tempo real e funciona através de detectores de demanda (laços indutivos), existentes no pavimento das vias de cruzamento, coletam dados do tráfego e enviam para um computador central que gerencia as informações e altera o tempo do semáforo de acordo com o fluxo de veículos.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Comprometo-me, isto sim, a melhorar a conveniência e necessidade para nossa cidade e população, levando-se em conta os altos índices de congestionamento na região central de Fortaleza. Da mesma maneira que em outros cinturões de aglomeração comercial e populacional, serão viabilizadas as soluções. Não penso em onerar a população, que já paga impostos à exaustão, ser atingida em seu bolso.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Não se trata disso. A majoração dos preços depende do livre mercado e não compete ao agente público interferir na concorrência, salvo se for predatória. O que deve o município fiscalizar é quanto à segurança estrutural desses estacionamentos oferecidos aos motoristas e outras medidas voltadas ao bem-estar de uma maneira geral. Não é possível conceber que haja alvará de funcionamento em imóveis sem qualquer condição de oferecer segurança ao cidadão e à vizinhança. Quadriláteros poderão ser criados exclusivamente para pedestres, inviabilizando o uso de carros. Nada de precipitação ou promessas sem consistência sem antes analisar os impactos negativos ou positivos ao fortalezense.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
As bicicletas representam o meio de transporte mais limpo, por não emitir nenhum tipo de poluente para o meio ambiente, além de contribuir para saúde dos seus usuários que, ao utilizá-las, praticam atividade física. Daí criarmos bicicletários nas estações de metrô ou em outras malhas viárias e em equipamentos públicos pode ser uma solução, mas tudo dependerá da boa vontade de nossa população e de sua consciência que é um ser inserido numa coletividade e num meio ambiente saudável. Nossa meta é justamente essa, isto é, sermos parceiros na busca de melhores condições de transporte. De nada adiantará criar bicicletários, gastando recursos públicos, se o usuário não estiver disposto a fazer a sua parte. Todos somos responsáveis pelo nosso passado, presente e futuro.

8) O senhor se compromete a implementar o rodízio de automóveis em sua cidade, como já existe em algumas capitais como São Paulo?
Para a nossa realidade essa prática ainda não é necessária, uma vez que o número de automóveis ainda é suportável, muito embora estejamos alcançando níveis beirando a insuportabilidade. Fortaleza não se modernizou para receber grande número de veículos. Temos muitas ruas antigas e estreitas também. Não acredito que o orçamento municipal seja capaz de suportar vultosas indenizações para construção de novas avenidas. Por isso que acredito piamente nas soluções para o denominado caos do trânsito. Não serão tomadas medidas paliativas, isso garanto.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
Se sim ou não deverá ser precedido de estudos de viabilidade técnica visando a melhoria do fluxo.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Considerando que temos uma das tarifas mais baixas do país, prometer que reduziria o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses ou mesmo durante o mandato seria, de minha parte, pura demagogia, comportamento que nunca tive na vida pública. Mentir ao povo de Fortaleza não faz parte de minha plataforma política. Se, porém, com os empresários e o governador do estado chegarmos a uma fórmula, como, por exemplo, diminuição de ICMS, formulando uma nova equação de cobrança, vamos tentar. É um bom desafio para o gestor municipal.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Faremos um planejamento prevendo o presente para o futuro partindo do princípio de que as pessoas não podem mais gastar horas e horas para ir de casa para o trabalho e vice-versa. A ideia é manter o cidadão no próprio bairro, isto é: quem mora, por exemplo, no Conjunto Ceará deve trabalhar, passear e viver naquele bairro ou nos mais próximos. Da mesma maneira que é compromisso humanizar outras áreas da cidade que padecem de problemas crônicos de interação entre o homem e os veículos privados e públicos, como o Montese, Alagadiço, Parque Araxá, Messejana, Fátima, etc. Essa política pública estará dentro da mobilidade urbana onde as pessoas tenham as suas vidas nos seus próprios bairros.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Entendo que o exemplo dado seja inconstitucional, apesar de não ser nenhum especialista no assunto. Em suma: não pretendo onerar o contribuinte com novas tributações. Se puder diminuir a carga tributária farei.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
Todos sabem os benefícios do transporte por bicicleta. É mais barato, mais saudável, mais sustentável e, dependendo da distância, mais rápido.


LEONARDO QUINTÃO (PMDB-MG)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na implementação do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Antes de mais nada é preciso ressaltar que nós temos que pensar e planejar sempre soluções em mobilidade urbana. Essa é a grande dificuldade das administrações atuais. Buscam soluções pontuais e esquecem-se que o tema requer soluções integradas. Na Câmara Federal lancei, em 2010, a Subcomissão de Transporte de Passageiros sobre Trilhos e fui também o relator. Fiz estudos em vários países e nos metrôs das principais capitais do Brasil e a conclusão do relatório ficou estabelecido, a partir dos exemplos de São Paulo, que o metrô é autossustentável financeiramente caso seja estadualizado. Ou seja, sim, acredito que a conversa com o governo estadual deve acontecer e ser permanente com as prefeituras da região metropolitana, principalmente com a capital mineira. O principal motivo da estadualização do metrô é que a CBTU, empresa federal que administra o setor metroviário em algumas capitais, não tem mais condições financeiras (veja a greve dos metroviários prevista para durar até o dia 21 em todo o país) para suportar as enormes demandas bilionárias de investimentos para avançar com o nosso metrô. Em BH, como sabemos, o metrô padece em função da existência de apenas uma linha não subterrânea e com vagões ultrapassados frente à vanguarda deste mercado, que agora oferece vagões confortáveis, com ar condicionado e, inclusive, com internet gratuita e com preços mais acessíveis. O governo federal já tem recursos previstos no Plano Plurianual da União e consignados no Plano de Aceleração do Crescimento da Mobilidade Urbana. Para Belo Horizonte, estão previstos R$ 3 bilhões para ampliação da linha 1 e construção das Linhas 2 e 3. No entanto, os projetos executivos não saíram do papel para serem entregues ao Ministério das Cidades, onde são avaliados e repassados ao Tribunal de Contas da União. Sem os projetos, não há liberação de recursos. A meu juízo, faltaram planejamento e competência da prefeitura de BH, que não está sabendo aproveitar o momento das Copas do Mundo e das Confederações, para levantar a nossa voz e mitigar o caos do transporte coletivo na nossa capital.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
Somente com um planejamento global sobre mobilidade urbana pode-se priorizar as soluções. Defendo investimento para a ampliação dos corredores nas grandes avenidas, como Antônio Carlos e Cristiano Machado. No entanto, em avenidas como Pedro II e Amazonas, não é possível implementar o corredor único porque tem poucas faixas de trânsito. Nessas regiões da capital, com altíssima densidade demográfica, defendo investimentos em modais alternativos como o metrô e o VLT. Pode-se utilizar, por exemplo, parcerias público-privadas como nas nações de primeiro mundo. Na Inglaterra, conforme estudamos, há maneiras alternativas de se baratear a expansão do metrô, outorgando, por exemplo, ao licitante vencedor, áreas próximas ao metrô para exploração comercial, mas precisamos aprofundar nestes estudos. O VLT, por exemplo, pode dividir a faixa de trânsito com outros veículos além de melhorar a integração entre os bairros. Naturalmente é preciso fazer estudos técnicos para identificar as demandas dentro e fora do horário de pico.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
Vejo o BRT como alternativa e não como solução para o transporte de massas em uma capital do porte de BH e região. É necessário ter consciência que os temas trânsito e transporte não funcionam de forma isolada. O BRT está sendo implantado em Belo Horizonte, mas não resolve o problema de mobilidade como um todo. Até porque a principal via onde o sistema está sendo implantado, a Cristiano Machado, já conta com linhas de metrô e tem uma importante estação, a São Gabriel. O BRT atende a quem já utiliza o ônibus, sendo uma grande melhoria para os usuários que terão mais agilidade no serviço. Mas os motoristas de carro não consideram o BRT uma alternativa chamativa como consideram o metrô, o que mantém o principal problema de mobilidade: mais veículos nas ruas. Outro problema grave do BRT em algumas avenidas é que ele exclui faixas de trânsito dos veículos. Na Cristiano Machado, por exemplo, o BRT tira 25% da capacidade da via e isso deixa o tráfego mais caótico do que já é. É mais um blá, blá, blá de quem não entende do assunto. Vale lembrar que regiões inteiras de BH não serão atendidas pelo BRT, com o a zona sul, por exemplo. É um modal para integrar e não para resolver.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Sim, a tecnologia já existe e pretendo fazer essa melhoria na cidade. Vou consignar recursos no PPA, LDO e no orçamento municipal para essa política pública, que, diga-se de passagem, está extremamente atrasado na nossa capital, até porque isso também melhora a logística urbana, sem considerar aspectos de segurança durante a madrugada em alguns pontos da cidade.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
Sou contra pedágio porque não podemos punir o cidadão com mais taxas, sem considerar que a prefeitura de BH promoveu no início do atual mandato um inédito aumento de IPTU e de ISSQN, que para algumas categorias profissionais suplantou a racionalidade, como no caso das sociedades multiprofissionais.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Trabalhar no sentido de criar mecanismos legais para aumentar o valor dos estacionamentos não é solução definitiva. Em Nova York, por exemplo, o valor por hora de vários estacionamentos beira a irracionalidade, mas seguem sempre lotados e o trânsito desta metrópole segue complexo e algumas vezes saturado. Insisto na opção de que precisamos investir em modais alternativos principalmente nas áreas centrais, oferecendo opções viáveis e não punitivas. É preciso agir, fazer e não só falar e prometer. Chega de blá, blá, blá.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
Sim, toda alternativa e motivação que leve o passageiro a optar pelo metrô e pela bicicleta deve ser adotada. Isso faz parte da discussão global sobre mobilidade urbana. Ambos são modais ecológicos, baratos e que solucionam o problema de mobilidade, embora em BH a topografia possa prejudicar um pouco essa ótima política pública já adotada há décadas na Europa. Não há dúvidas de que outras cidades de grande porte, como Paris, Londres e até mesmo Rio de Janeiro adotam esse sistema barateador para incentivar o uso do metrô e da bicicleta. Em Milão, e em outras cidades europeias, por exemplo, você pode alugar uma bicicleta em um ponto e devolver em outro. Difícil é entender por que em BH essas políticas públicas não avançam. Uma capital como BH, com mais de 2,3 mil de habitantes, mesmo sendo montanhosa, tem apenas 20 quilômetros de ciclovias e, o pior, elas não se comunicam. Nada foi feito nos últimos anos para amenizar tal situação. É o retrato da falta de planejamento.

8) O senhor se compromete a implementar o rodízio de automóveis em sua cidade, como já existe em algumas capitais como São Paulo?
Sou contra o rodízio no atual cenário, pois os estudiosos do tema ainda não se entendem nesta matéria tão complexa que pode levar o cidadão a adquirir um “segundo carro”, mais antigo, poluente e inseguro. Temos que investir em modais alternativos para que o usuário do transporte público faça uso de ônibus, metrô e BRT por opção e não por lei, ou obrigação.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
Obviamente nas vias secundárias que servem as artérias centrais de BH, como a avenida Platina, por exemplo, que vive verdadeiro caos, a BHTrans talvez necessite intervir retirando a possibilidade de se estacionar em um lado da via, garantindo maior fluidez ao trânsito. Acredito que a implantação de estacionamento subterrâneo seja uma alternativa viável em alguns bairros, principalmente próximos à região central.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
É necessário analisar o equilíbrio do custo do transporte em Belo Horizonte. São concessões licitadas que demandam estudar as planilhas de custos das viações. Vou estudar profundamente estes custos, em harmonia com os órgãos de Controle Externo, como o Tribunal de Contas de Minas Gerais, para viabilizar reduções e eliminaremos os excessos. Uma opção que é viável e atende a um público específico e de grande demanda é o meio passe estudantil (em Belo Horizonte, podem ser 16 mil jovens atendidos). Por lei, ele é possível, com a criação de um fundo destinando 1% do orçamento municipal para garantir esse passe a toda a rede escolar pública da capital. E o mais importante é que, nesse formato, não será necessário que as empresas concessionárias de ônibus façam reajustes compensatórios colocando o encargo do meio passe no bolso de outros passageiros. Ao contrário do que é feito atualmente pela prefeitura de Belo Horizonte, que lançou o meio passe no fim do ano passado, mas não consegue atender nem 10% da rede de estudantes. A ineficiência é comprovada pelos protestos realizados em março passado e não houve ainda acordo para a ampliação do benefício estudantil.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Pela primeira vez, BH terá um plano de governo regionalizado que, além de atender demandas nas áreas de saúde, mobilidade, educação e outras, vai cuidar do potencial de desenvolvimento de cada uma das nove regiões que temos. A intenção é aproximar a empresa do trabalhador. Vamos implementar um núcleo de desenvolvimento respeitando a vocação de cada regional da cidade com incentivos fiscais e qualificar o trabalhador. Isso vai gerar interesse nas empresas em estabelecer seus negócios em regiões menos desenvolvidas, buscando integrar a justiça social a uma adequada mobilidade urbana, como já é praxe em países que planejam o crescimento de suas cidades maiores.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
Em primeiro lugar precisamos acertar uma questão de âmbito federativo e constitucional. Não cabe aos municípios criar impostos para tributar o consumo de combustível, para isso precisaríamos alterar a nossa Constituição. Deixando essa premissa clara, há outras questões que trabalhamos no Congresso Nacional nos últimos anos e que são relevantes. Por exemplo, em relação à nossa atuação parlamentar para reduzir o custo dos “equipamentos” para metrô, por exemplo, trabalhamos muito na elaboração de um projeto de lei, já em tramitação na Câmara, que prevê mecanismos inteligentes para que os trens (vagões) sejam barateados. É uma alteração na Lei 11033 de 2004, que regulamenta o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária REPORTO, que pode baratear custos para o transporte de passageiros sobre trilhos ao reduzir impostos neste setor, como ausência de PIS e COFINS na aquisição de trens ou na compra de materiais para obras de instalação de trens de transporte de passageiros. Portanto, a tributação nos combustíveis ou mesmo uma nova contribuição - lembrando que já existe a CIDE - não é de competência constitucional dos municípios.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
Belo Horizonte é uma cidade montanhosa, não dá para fazer ciclovias na cidade toda. Vou fazer estudos topográficos e onde houver viabilidade haverá ciclovias, que inclusive podem ser aprovadas no bojo dos orçamentos participativos, que, aliás, vêm apresentando uma redução na sua execução nos últimos anos em BH. Uma alternativa que me agrada dentro da Avenida do Contorno e outras onde há centros comerciais é implantar um ônibus com ar condicionado e todo o conforto necessário para a pessoa ficar bem acomodada e atrair o passageiro que quer deixar o carro em casa, além de tudo que acima dissemos. Insisto que mobilidade urbana se discute assim: identificando problemas e buscando soluções criativas e sustentáveis por toda a cidade. Por fim, podemos afirmar que está saltando aos olhos a fragilidade total das atuais políticas públicas da prefeitura de BH em relação à mobilidade urbana. Para ficar em um exemplo: recentemente, perplexos, vivemos um problema de urgência no trânsito quando centenas de milhares de cidadãos chegaram a suas residências depois das 22h, em função de poucas chuvas e de um acidente no anel rodoviário. Além da mobilidade estar beirando o caos, a capital mineira não possui nenhuma governança efetiva de risco no transporte urbano nem mesmo no seu anel, como tem o Rio de Janeiro, por exemplo, deixando, por fim, enormes dúvidas para o bom andamento das Copas - das Confederações e do Mundo. A governança municipal, no quesito mobilidade urbana, não respondeu à real demanda por mudanças efetivas.

DÉLIO MALHEIROS (PV-MG)

1) O senhor se compromete a adotar medidas concretas para ajudar na ampliação da rede do metrô? Isso significa fazer o repasse de recursos do orçamento municipal para o metrô, ajudar com desapropriações e autorizações e sentar-se para conversar sobre o assunto com o governador do estado para uma colaboração efetiva mesmo que ele seja de outro partido. O senhor se compromete a fazer isso? Se não, por quê?
Da minha parte, todo esforço será empenhado para que as linhas 2 e 3 do metrô de Belo Horizonte enfim saiam do papel. Evidentemente, nada pode ser feito se o governo federal não liberar os recursos que veio a público anunciar por duas vezes nos últimos meses. São investimentos da ordem de R$ 3 bilhões, que representam quase a metade da arrecadação anual da prefeitura de Belo Horizonte. Obviamente, o município não pode assumir esse compromisso. Mas tem a obrigação de agir politicamente para que o governo federal cumpra o prometido, além de fazer repasses, em menor escala, que a ele couberem para viabilizar o metrô. Outra alternativa de fomento é compartilhá-lo com a iniciativa privada, via parceria público-privada. A viabilização desse compartilhamento com o capital particular pode ocorrer de duas maneiras: criação de uma empresa que invista na divisão dos custos e futuros lucros e lançamento de papeis no mercado como forma de captar investimentos de terceiros.

2) O senhor se compromete a aumentar drasticamente os investimentos da prefeitura para a ampliação dos corredores de ônibus em sua cidade e criar sistemas de alimentação do sistema principal? Como seriam feitos?
O aumento de investimentos não necessariamente resulta em melhorias na mobilidade. Em Belo Horizonte, vemos grandes obras recém-inauguradas sendo desfeitas para que as avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado recebam o BRT. É preciso que haja planejamento de longo prazo. Ora, se o BRT era uma opção, porque as primeiras obras já não contemplaram seus corredores exclusivos? Vemos agora a prefeitura realizando uma extensa obra de fechamento do ribeirão Arrudas, com a criação de novas pistas de rolamento que já poderiam contemplar a infraestrutura do novo sistema para atender as regiões Oeste, Noroeste e Barreiro. Além desse aspecto, é bom ressaltar que o BRT só vai funcionar se houver uma interface perfeita com as linhas de ônibus e o metrô, dando capilaridade e agilidade ao transporte coletivo. Sem contar que, ao fazer opção pelo BRT, a prefeitura terá que repensar o deslocamento dos ônibus que hoje trafegam no espaço que será utilizado pelo novo sistema. Também propomos a construção de três ou quatro terminais rodoviários de menor porte nas principais entradas da cidade, com interligação com o hipercentro via transporte público, seja metrô, VLT, BRT ou ônibus. É preciso desonerar o sistema de ônibus, mediante redução da carga tributária incidente sobre aquisição de veículos, peças, equipamentos e óleo diesel. Os corredores de ônibus devem ser ampliados implementando-se mão única em algumas vias de maneira a priorizar o transporte público. Essa e outras medidas devem aumentar a velocidade do ônibus e tornar o sistema mais eficiente.

3) O senhor se compromete a mexer na estrutura do sistema de ônibus de sua cidade, não apenas implantando os corredores acima citados, mas também investindo em ônibus maiores e mais modernos como os biarticulados e em um sistema mais eficiente, o chamado BRT, que permite embarque de nível (mais rápido) e pagamento antecipado de passagem, como existe em Curitiba?
De fato, é preciso rever todo o sistema de transporte de Belo Horizonte, que sempre privilegiou as empresas de ônibus. Por outro lado, é preciso ter em mente que o BRT não é a solução, é parte dela. É preciso estruturar o transporte nas vias arteriais, mas é igualmente importante melhorar o transporte público nas pontas do sistema. É na periferia que o cidadão sofre com um ônibus a cada 30, 40 minutos, com superlotação, com ônibus que passam direto porque estão lotados, com a falta de interligação entre bairros vizinhos. Todos esses aspectos precisam ser revistos, e esse é o nosso compromisso. Como alternativa ao metrô ou mesmo complementar a este, muitas cidades modernas como Sidney, na Austrália, por exemplo, adotaram o VLT - Veículo Leve Sobre Trilhos. Os impactos desse modal no meio ambiente são quase nulos. A capacidade transportada é inferior ao metrô, contudo não necessita de custos de desapropriação.

4) O senhor se compromete a implantar ou aumentar a quantidade de semáforos inteligentes em sua cidade? Como seria feito?
Há quase dez anos a administração municipal anunciou grandes investimentos na criação de um sistema inteligente de trânsito, que incluiu a instalação de sensores nas vias centrais da cidade. Porém, tal mecanismo nunca foi posto em prática. É preciso associar soluções tecnológicas, como a reprogramação automática e manual dos semáforos, a uma engenharia de trânsito ousada e ao mesmo tempo eficiente. O sistema semafórico deve ser compartilhado com o controle central da Polícia Militar de maneira que possa ajudar no combate à criminalidade. Da mesma forma, deve ser ampliado o sistema de informações do andamento do trânsito, liberando-o ao cidadão detentor de qualquer equipamento que possa receber em tempo real informações acerca da fluidez do trânsito. O sistema "onda-verde" deve ser aperfeiçoado de maneira a aumentar a velocidade média nos deslocamentos. Hoje, o que se vê são ações que se limitam ao aumento do número de agentes e de câmeras de monitoramento. São iniciativas tímidas, que não respondem adequadamente diante de situações como acidentes e tempestades.

5) O senhor se compromete a implementar um pedágio urbano para a circulação de automóveis na região central de sua cidade, utilizando os recursos arrecadados para a melhoria do transporte público?
O pedágio não é solução imediata para os problemas de trânsito em Belo Horizonte. O cidadão só tira seu carro da garagem para ir à escola ou ao trabalho porque não existe um transporte público ágil, confiável e que ofereça o mínimo de conforto. Não adianta que o ônibus pare na porta da casa do cidadão e em frente ao seu trabalho. Se a pessoa corre o risco de perder a condução porque o veículo passa lotado, vai continuar usando o carro. Da mesma forma, é necessário estimular a instalação de empresas longe do centro e criar alternativas de transporte que interliguem essas regiões sem passar pela região central, de forma eficiente. Centro e hipercentro devem ter tratamento diferenciado nas questões de trânsito. Antes de se pensar em pedágio ou rodízio, é preciso dotar essas regiões de transporte público eficiente. Daí a proposta de parcerias público-privadas para a construção de estacionamentos subterrâneos no entorno e no próprio hipercentro, de forma a facilitar o acesso à região, onde a prioridade deve ser para o transporte público e serviços de interesse público, como resgate, polícia e bombeiros. Resolvida a questão do acesso ao hipercentro com transporte público eficiente é possível, sim, implementar a cobrança de pedágio, cujos recursos devem integrar um fundo para melhoria do transporte de massas, incluindo o metrô.

6) O senhor se compromete a criar mecanismos legais que obriguem os estacionamentos da região central de sua cidade a aumentarem os preços significativamente, desestimulando assim o uso de automóveis nesses locais?
Ninguém, em sã consciência, poderia se comprometer com tal iniciativa. Estamos em um regime de livre mercado e não cabe ao poder público impor preços para um serviço particular, como é o caso dos estacionamentos. Contudo, entendo que, se oferecermos um serviço público eficiente, a busca por estacionamento na região central será reduzida. Além do mais, é preciso trabalhar com estímulos, não com punições. O cidadão precisa ter a certeza de que o transporte público lhe atende de forma satisfatória. O que ocorre hoje é o contrário.

7) O senhor se compromete a criar mais bicicletários e também estacionamentos de automóveis mais baratos próximos a estações de metrô e trem fora da região central, facilitando assim o uso desse sistema e desestimulando a entrada de carros nos bairros mais centrais?
São medidas que compõem o conjunto de estímulos para que a população utilize mais o transporte público. Ao contrário do que se pensa, a topografia acidentada de Belo Horizonte não impede o uso da bicicleta como meio de transporte alternativo, principalmente de casa para a estação de metrô ou ônibus mais próxima. O que vemos hoje, em Belo Horizonte, são ciclovias restritas a algumas vias da região Centro-Sul, ligando nada a lugar nenhum.

8) O senhor se compromete a implementar o rodízio de automóveis em sua cidade, como já existe em algumas capitais como São Paulo?
O rodízio cria uma situação inversa: quem tem mais poder aquisitivo adquire mais um ou dois veículos para fugir da restrição do final de placa. Em vez disso, é mais interessante estimular a maior ocupação dos veículos. Hoje, em Belo Horizonte, há 1,5 ocupante por veículo. É preciso aumentar esse índice, tirando mais carros das ruas. Além, é claro, de estimular o uso do transporte público no lugar do carro. Mais eficiente que o rodízio é o pedágio, que arrecada recursos para serem investidos no transporte de massa, como o metrô. Mas repito: só se pode pensar em pedágio após garantir um transporte público eficiente e confiável.

9) O senhor se compromete a proibir o estacionamento em parte das vias onde hoje é permitido? Como e onde isso seria feito?
Uma engenharia de tráfego inteligente identificará onde, de fato, é necessário suprimir o número de vagas de estacionamento rotativo, bem como alterar o tempo de permanência em cada vaga, de forma a atender um maior número de pessoas. Simultaneamente, defendo a construção de estacionamentos subterrâneos. Belo Horizonte comportaria, pelo menos, 20 deles de grande porte, com interligação ao centro via transporte público. O fato é que o interesse coletivo deve ter prioridade sobre o interesse individual. E tão importante quanto a proibição de estacionamento em vias impróprias é sua fiscalização. Também há que se ter eficiência na remoção de veículos com defeito, que afetam sobremaneira a fluidez do tráfego.

10) O senhor se compromete a reduzir o preço das passagens de ônibus nos primeiros meses de governo?
Seria irresponsabilidade assumir tal compromisso. A passagem de ônibus de Belo Horizonte é cara porque o sistema é ineficiente. Se o sistema atendesse, de fato, às necessidades de mobilidade da população, o valor de R$ 2,65 por trecho, com descontos progressivos para mais de um trajeto, seria razoável. Ademais, é bom lembrar que o poder público, ao invés de subsidiar o transporte público – não o transportador – o onera excessivamente com tributos de toda ordem, seja na aquisição dos veículos, seja no consumo de óleo diesel e manutenção.

11) O senhor se compromete a implementar projetos de longo prazo, que continuem após o término de seu mandato, e visem a criação de novos núcleos urbanos (com oferta de trabalho, comércio, estudo etc.) em sua cidade, reduzindo assim a distância e o número dos deslocamentos diários da população? Como seria feito?
Essa é uma das principais propostas do Partido Verde para Belo Horizonte. Sem que haja a descentralização dos núcleos de atividades econômicas e de serviços públicos, toda iniciativa para melhorar o transporte público e a mobilidade urbana sempre será um paliativo. O poder público deve oferecer estímulos fiscais às empresas que se instalem fora da região central da cidade. Sem que houvesse uma política pública nesse sentido, alguns núcleos urbanos já apresentam essa característica, como é o caso de Venda Nova e do Barreiro. Porém, mesmo nesses locais, é preciso aumentar a oferta de serviços públicos e estimular a instalação de empresas, de modo a reduzir as demandas por deslocamento.

12) O senhor se compromete a criar uma tributação nova para donos de automóvel (um imposto extra sobre a gasolina, por exemplo), que gere recursos a ser investidos exclusivamente no transporte público? Como seria feito?
A população não suporta mais ser onerada com taxas e impostos com o pretexto de se financiar esse ou aquele serviço público. O cidadão já trabalha cinco meses por ano para pagar impostos, seria uma afronta propor uma nova tributação. O aumento dos investimentos deve ser fruto de duas frentes de ação coordenadas: enxugar a máquina pública, reduzindo o desperdício e os gastos com funcionários contratados por indicação política – que hoje são mais de mil na PBH – e ampliar a arrecadação por meio da instalação de novas empresas e fortalecimento da fiscalização. Quanto à tributação, defendo uma revisão no modelo do IPVA, que é compartilhado meio a meio entre estados e municípios. O melhor modelo que serve de paradigma é o de Portugal. No Brasil, não importa o quanto o veículo é utilizado, pois o tributo é linear, sobre o valor venal do veículo. Aquele que mais impacta o trânsito e polui o meio ambiente deve pagar mais. Em Portugal, o tributo é cobrado no consumo do combustível, ou seja, quanto mais se utiliza o veículo, mais se paga. Parte dessa arrecadação deve, então, compor um fundo para utilização na melhoria da qualidade do transporte público.

13) O senhor se compromete a implementar em seu mandato alternativas criativas de transporte em sua cidade, tais como carros e bicicletas compartilhados? Quais seriam essas medidas alternativas?
O compartilhamento de bicicletas e automóveis é uma realidade em países da Europa e deve ser reproduzido nas cidades brasileiras. A proposta do Partido Verde é criar parcerias público-privadas de forma a permitir esse tipo de iniciativa. Além disso, de nada adiantam grandes obras nas vias arteriais se os acessos dos bairros às grandes avenidas estão saturados. Belo Horizonte necessita urgentemente da construção de pequenas trincheiras e viadutos que tornem o fluxo contínuo para os bairros com maior densidade populacional.

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