Punhos à obra

Na capital alemã a moda é alargar a xoxota. Conheça a prática do fisting

por Flora Lahuerta em

De meca da liberdade sexual nos anos 20 a berço de pesquisas vanguardistas sobre o orgasmo feminino (que levaram à descoberta do “ponto G”), Berlim é uma cidade aberta a experimentações. Contrariando as tendências atuais, que apontam grande demanda por cirurgias íntimas, como a de estreitamento do canal vaginal, na capital alemã a moda é outra: é preciso abrir, alargar. Não só a cabeça e os horizontes, mas a própria xoxota. 

A pronúncia da palavra “fisting” (o “s” estendido, como se estivesse rasgando algo) causa em alguns certo desconforto. Em alemão então, faustfick (ou foda de punho) pode soar meio pesado. Segundo Coach Lea, 48, terapeuta alternativa especializada em sexualidade, a indústria pornográfica criou uma imagem muito violenta do fisting, que na verdade pode ser uma experiência redentora. Em seus workshops, ela ensina a casais e pares de amigos, na faixa de 30 a 60 anos, os cuidados necessários para colocar os punhos à obra. Higiene é fundamental, sendo imprescindível o uso de luvas cirúrgicas. Ela também chama a atenção para a necessidade de sutileza: “alguns homens fazem movimentos rápidos demais, porque acham que precisam imitar o ‘entra e sai’ de uma trepada. Eles não imaginam que o mínimo movimento pode despertar uma série de sensações”.

Para Klara Luhmen, 32, massagista tântrica e praticante de bondage, “o fisting pode ser profundo e meditativo. É uma sensação de preenchimento bastante intensa e muita ação distrai esse estado”. “Na
primeira vez em que recebi, meu corpo ficou vibrando por uns 10 minutos, em total êxtase”, relata. Já o marceneiro Hans, 43, se sente “maravilhado por poder adentrar com o punho nessa caverna misteriosa,
quente e acolhedora” que é a vagina. Sua mulher Elke, 47, professora de yoga, sorri: “depois de parir quatro filhos, minha vagina ficou mais larga e mais receptiva. E meu marido adora”. 

Enquanto demonstra as lições teóricas em sua assistente, Lea enumera os benefícios da prática: eliminar as tensões acumuladas na área, que raramente é massageada; exercitar os músculos pélvicos, evitando problemas de saúde ligados ao aparelho reprodutor, excretor e aos rins; e, claro, descobrir novas formas de prazer. O “alargamento” (estágio inicial do fisting, quando são inseridos apenas os dedos, reunidos em uma posição chamada “pato silencioso”) ajuda na preparação para o parto. E a prática constante do fisting pode combater a tão temida flacidez genital. “Não se trata só de ‘alargar’, mas de treinar os músculos para relaxar e contrair, criando consciência corporal na região”, ensina a coach. Klara completa: “todos os músculos do corpo podem (e devem) ser trabalhados, alongados e fortalecidos. Por que não fazer o mesmo com os da vagina?”

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