~Prostituição Infantil
Prostituição Infantil
Ontem o Estado de São Paulo estampou como manchete a pesquisa do Instituto WCF-Brasil, entidade internacional que atua no combate à exploração sexual infantil, que afirma que 65% das meninas que se prostituem, usam dinheiro com bens de consumo. A pesquisa demonstrou que sexo é muito mais caro que comida, daí não se troca mais sexo por comida. O que aparece como fator motivador são os celulares, roupas e tênis de marca.
88% das meninas que vendem seus corpos usam álcool; 63% fumam cigarros; 37% maconha. O percentual em meninas normais na mesma idade (11 aos 15 anos) é de apenas 4%.
Mas o que se podia esperar de diferente? Além da capacidade crítica do pré-adolescente ainda em formação, acrescentem-se os dados da pesquisa do IBOPE a informar que 75% de nossa população não consegue ler ou se expressar satisfatoriamente (analfabetos institucionais). Com a capacidade crítica prejudicada, ficam a mercê das técnicas de marketing do consumismo predominante.
Estamos sendo adestrados socialmente para consumir e produzir. Essas meninas não têm como produzir ao nível de poder adquirir os bens de consumo eleitos sei lá por quem, como sendo “da hora”. “Sem celular você não é ninguém”, diz uma das pesquisadas. Moro na periferia da cidade de Embu das Artes, cidade periférica a São Paulo, ou seja: periferia da periferia, e posso afirmar parecido. O jovem que não tem uma motocicleta não tem grandes chances com as garotas. Assim como nos morros do Rio de Janeiro, onde vou sempre, o garoto que não sobe de tênis de marca não é nem visto.
A pesquisa atinge somente as adolescentes que se prostituem. Mas se fôssemos estendê-la aos jovens criminalizados das periferias, morros, favelas e mesmo do centro das grandes metrópoles, tenho a convicção que os resultados não seriam muito diferentes. Nas prisões, provavelmente, o resultado de pesquisa igual encontraria resultados semelhantes.
O consumismo atinge a todos e aqueles mais frágeis de nós (adolescentes na frente) sucumbem desastrosamente. Credito a esse desassossego consumista, ao desemprego sistêmico e ao abandono cultural a responsabilidade pelos principais infortúnios que atravessa as camadas mais pobres e jovens da população.
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Luiz Mendes
08/10/2009.