Poemetos Vencidos e Reconstruídos

por Luiz Alberto Mendes em

 

POEMETOS  VENCIDOS

Paixões

Paixões são inteiras em si

Como as manhãs

Rompendo sombrias madrugadas.

Assim como a manhã que também

Se perde para a tarde

Quando tudo termina em noite.

                    ***

Sonho

 

Procuro um sonho

Um sonho nunca usado

Virgem.

Procuro uma idéia num sonho

Algo que me leve além

Dessa vida atrasada e sem paradeiro

Onde tudo é muito pouco

E o quero não tem nome.

                    ***

Sem Palavras

 

Bonito é tudo que parece

Concluído, acabado.

Feio é o incompleto

O movimento antes do fim.

Sentir é escapar à mediocridade

Em cada instante que se perde.

Silêncio é o segredo das noites

O que não se fala

Mas presta culto

Sem palavras.

                        ***

 

Crescer

 

O sol flameja

Qual não houvesse no mundo

Senão luz.

Amor é carência de amor

Assim como vida

É vontade de viver.

E a gente pode até sentir

Que esta crescendo.

Embora nada seja tão emocionante

Como um dente de leite

Que caiu.

                            ***

 

Saudade

 

De olho fixo no teto

Pensamento à espreita

Perscrutava o instante.

Presença às vezes me parece tão pouco

Saudade é mais.

Tudo é ideal e tende ao inteiro

Na lembrança.

Saudade não se completa

Transforma-se em longas reticências.

                             ***

 

Ilusão

 

Se você tem alguma ilusão

De que o homem

Sabe o que esta fazendo

Pode esquecer;

Ele não sabe.

Sequer imagina até onde não sabe

Que não sabe.

                       ***

 

Medo

 

Nada deve ser

Somente na medida do possível

Posto que é derrota.

Nos convenceram a estamos calmos

Quando devíamos

Estar apavorados

Por conta desse vazio

Que nos traz o desconforto

De consumir o outro para não pensar

No que pensar.

                             ***

 

Esperança

 

Há momentos que parece

Tudo vai se explicar.

A vida vai parar

Todo seu mistério movente

E nos dizer

O porquê de tudo isso.

                       ***

 

Angústia

 

De repente fogo

Era ansiedade da luz solar

E todas as certezas acerca de mim mesmo

Estremeceram.

Custava morrer por dentro;

Não conseguia.

Como correr calçadas

Procurando abrigo inutilmente

Pedindo a Deus que me livrasse

De mim mesmo.

                        ***

Luiz Mendes

15/04/2010.

 

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