Peso-leve
Ela mal acabou de chegar e já foi hypada pela mídia com sede de novidades
Diferente do vozeirão que tem ao cantar músicas como “J1”, ao falar sua voz é baixa e denuncia uma garota tímida. Mallu Magalhães, último e mais notório sucesso do MySpace – suas quatro músicas tiveram mais de 250 mil ouvintes, enquanto artistas como Vanguart e suas seis músicas foram ouvidos por “apenas” 50 mil –, faz parte da nova safra de artistas que caíram na mídia de pára-quedas e agora precisam mostrar trabalho. Por telefone, a garota disse que “está curtindo muito essa nova fase da vida”, mas “está fora de cogitação se tornar mais uma cantora pop”.
Segundo Mallu, o medo de grandes expectativas nem passa por sua cabeça, que está mais voltada para os ídolos do que para todo esse alvoroço da mídia. Entre Bob Dylan e Jonny Cash, ela vem tentando moldar seu estilo, sendo aprendiz de alguns nomes já conhecidos como Hélio Flanders (Vanguart) e Zé Mazzei (Forgotten Boys). Na entrevista a seguir Mallu conta à Trip como uma adolescente encara a súbita fama.
Quantas músicas você tem?
Mallu Magalhães. Umas 20 no total, mas pela internet estão rolando umas seis.
E como foi o processo de criação das músicas?
Eu escrevia a letra e fazia a melodia na minha casa, o arranjo fazia no estúdio Lúcia no Céu. Na verdade, eu fui pedindo dinheiro pros meus pais e avós para pagar o estúdio e gravar minhas músicas.
Quem te inspira como músico?
Bob Dylan, eu queria que algumas músicas dele fossem minhas, também o vocalista do Vanguart, Hélio Flanders, e Johnny Cash.
Quando você começou a escutar esse tipo de som?
Eu os descobri com uns 11 anos, caçando uns LPs da minha avó. Aí com 12, 13 já estava atrás de CD em promoção, ia a livrarias e lojas atrás de mais coisas.
Como foi o seu primeiro show?
Foi na Clash, e eu tenho um carinho especial por aquele lugar, porque foi lá que conheci os meninos do Vanguart e abri o show deles pela primeira vez. Eu já gostava deles, ia a shows, mas nesse dia eles me convidaram para abrir o show e foi o máximo.
Você tem algum projeto com o Hélio?
Na verdade a gente sempre está junto, brincando por aí. O Zé Mazzei, do Forgotten Boys, também está sempre tocando com a gente.
O que você acha dessa atenção toda que a mídia está te dando? Você concorda, sabe o motivo?
Primeiro, acredito profundamente que não sou uma farsa. Acredito que as pessoas têm o que merecem e eu estou tendo o reconhecimento que mereço.
Você não tem medo que te superestimem?
É complicado, tenho medo sim. Mas também acho bom eles reconhecerem meu trabalho. Modéstia à parte, acredito em mim. As pessoas vivem dizendo que eu só estou tendo sucesso porque nasci com oportunidade, porque acham que meu pai é músico, mas isso é mentira. Meu pai é engenheiro e toca violão por hobby.
E como você começou a tocar?
Como meu pai toca violão, aprendi a tocar imitando ele. Aí entrei na aula com 11 anos, mas hoje já saí.
E quais outros instrumentos você toca?
Que eu toco mesmo piano e violão. Mas eu arranho na gaita e no banjo. Na verdade estou aprendendo sozinha.
Você disse em uma entrevista que escrevia músicas em inglês para que o menino que você gosta não entendesse as letras. Você está apaixonada?
Sim, eu estou sempre apaixonada.
E estar apaixonada te inspira?
Sim, muito.
É vaidosa?
Não sou muito não. Eu gosto só de usar lenços, fitas amarradas no pescoço, chapéus. Não costumo me maquiar, mas nos shows tento dar uma produzida a mais. Sempre tento arranjar um chapéu novo.
Você não tem medo de perder a adolescência?
Não tenho não, estou curtindo e me divertindo com tudo isso. Faço porque me deixa feliz e me faz bem.
E de se tornar pop?
Não, isso está fora de cogitação. Primeiro porque sei bem o que quero, segundo porque tenho meu empresário para me ajudar. Eu vou sempre continuar sendo o que sou. Eu estou fazendo músicas, mas o que vai rolar não sei...
Você recebeu recentemente um convite do Paulo Ricardo para abrir o show dele. Como foi?
Ele me mandou um e-mail me convidando para abrir o show dele, mas infelizmente eu não vou poder, porque estarei viajando.
Mas você gosta dele? Já ouviu RPM?
Eu gosto dele e já ouvi sim. Apesar de ser diferente do que conheço, eu gosto do trabalho dele. Não sou fechada a uma coisa só.
O que você quer fazer quando crescer?
Seguir carreira como música, mas também quero fazer uma faculdade para ampliar os horizontes. Um curso tipo design.
E qual é seu projeto de vida a curto prazo?
Ir ao show do Bob Dylan e curtir para caramba.