Pensamentos sem muito pensar

Amo os humildes, particularmente os oprimidos que não se levantam nem para se defenderem

por Luiz Alberto Mendes em

Reflexões Intempestivas

 

1)                        A tristeza vira texto quando principia; transforma-se em canto e livro quando se aprofunda; mas quando chega a seu ápice transcende em poesia.

 

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2)                        Quando vejo a dor do outro, reconheço imediatamente o que ele sente. A dor é a maior das semelhanças humanas.

 

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3)Escrever significa para mim que possuo sentimentos e pensamentos tão fortes que somente descrevendo-os, evocando-os ou analisando-os consigo entendê-los.

 

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4)Amo os humildes, particularmente os oprimidos que não se levantam sequer para se defenderem. Amo com vontade desesperada de defendê-los. Mas aqueles que reagem e batem de frente em revolta contra o que os afeta não carecem de minha compaixão. Recebem algo muito mais valioso: minha admiração.

 

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5)Dormir me preocupa. A tranqüilidade, a conformação provoca a segurança. A segurança o sono em paz. Mas será que tudo isso não nos faz errar? Porque acaba com o caos; a inquietude; a preocupação; o debate íntimo; a busca de soluções; a criatividade; essas atuações humanas tão férteis e geradoras do novo e da invenção.

 

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6)Tudo se desagregava. Desfiava, entre meus dedos parados, a sabedoria das horas que passam. Sentia, com nítida consciência, os minutos que seguiam e aqueles que viriam a seguir. Enquanto o mundo dormia de olhos inquietos, olhava a vida que pulsava ao longe.

 

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7) São assim ocos e tristes os meus gestos. Representam vendavais dispersos de minha inquietude. Algo estranho e duro que diz, como que a chorar, sobre o que sinto.

 

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8) Tudo era altamente carregado de uma evasão, do impalpável. Estava diante de uma ambigüidade que solapava qualquer idéia de organização dos fatos para compreendê-los. Literalmente no ar, vivia perdido de meu próprio enredo, sendo história em vez de fazer história.

 

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9) Sempre os perdedores, os vilões, os bandidos, os humilhados e fracassados me encantavam mais que os heróis. Nas touradas vivia a maior compaixão pelo touro e raiva, vontade mesmo de pegar o toureiro, pela ousadia de desafiar o magnífico animal. Nos rodeios, torcia para que o cavalo ou o touro jogasse o atrevido peão e o esmagasse a coices ou chifradas.

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Luiz Mendes

08/03/2010. 

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