Para que Polícia?

por Luiz Alberto Mendes em

Polícia

Talvez alguém questione: que direito tem esse cara de falar sobre a polícia, com o passado que tem? A estes respondo: sou cidadão. Estou reabilitado com relação à lei e à sociedade. Pago meus impostos em dia, e é fatia gorda de meu ganho. Então posso dizer que considero absurdo o que ocorre. Os jornais afirmam que 95% dos crimes em São Paulo não são esclarecidos. Isso quer dizer que apenas 5% dos casos foram investigados e solucionados? Os investigadores de polícia que temos em São Paulo não são suficientes? Precisamos de estudos para saber a quantidade de agentes de polícia necessários para cada “x” números de cidadãos. Talvez seja por isso que as pesquisas indiquem que 70% dos crimes não são comunicados à polícia. Cerca de 1.640 Boletins de Ocorrência, em média, são registrados em São Paulo. Seguindo o raciocínio das pesquisas, esse montante seria apenas os 30% que são comunicados. Então os outros 70%, cerca de3.800, não são comunicados. A esses, soma-se os 95% não esclarecidos, que seriam cerca de 1.560. Mais de 5.000 crimes que vão continuar acontecendo. Por quê? Porque estão dando certo. É só ler os jornais para ter se uma idéia da impunidade e da ineficiência do nosso imenso aparato policial. O que parece é que os Boletins de Ocorrência são registrados e que ninguém vai atrás de pistas ou provas. Pela minha experiência do outro lado da lei, posso dizer que se caso fossem de verdade, resolveria quase todos os casos. O criminoso brasileiro, salvo exceções, não toma cuidados inerentes à “profissão”. Nem é necessário porque ninguém corre atrás de indícios. Não usa luvas (como usar luvas em país tropical?), mascaras, não toma cuidados com a voz, vestimenta, nada. Vai como esta. Nem acredita mais. Chegam à ousadia de enfrentarem os guardas bancários e seguranças armados, com armas de brinquedo. É muita coragem, fala verdade. E quase sempre levam o que vieram buscar. Quase todos são fichados. Há fotos, digitais e sinais característicos deles nos computadores dos departamentos de polícia. Quando surge alguma preocupação em melhorar o modelo investigativo, o primeiro item a ser contemplado é o roubo a condomínios fechados. Os crimes da periferia ficam para nós da periferia resolver como podemos, acrescendo violência em cima de violência, como sempre. Não é nada de profundidade, apenas a constatação e calculo de um absurdo que esta nos jornais diários para todos verem. Foi esse setor da administração pública que mais me cobrou quando andei errado. Torturaram, sacrificaram e por pouco não e matam. Embora tenha matado de alguma forma: por eles ficaria preso o resto da vida. Agora chegou minha vez de cobrar. Só isso. ** Luiz Mendes 16/11/2010.

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