Paixão vermelha e branca
O E.C. Noroeste é um dos times mais antigos do futebol de várzea de São Paulo
O dia 25 de janeiro é uma data especial para os moradores da Vila Formosa, na zona leste de São Paulo. Eles não comemoram o aniversário da capital paulista, mas a fundação do E.C. Noroeste, o time de futebol da região. A agremiação completou meio século em 2014 e, se a bola colaborar, neste ano leva o único troféu que lhe falta: a Copa Kaiser.
“Esse título é nossa Libertadores”, diz Renato Garcia, 30, vice-presidente da Nação Vermelha e Branca – uma das torcidas organizadas do time -, fazendo alusão à obsessão do corintiano com o torneio sul-americano. Além dela, a Bonde Louco, a Fogo na Bomba e a Anjos do Campo (a ala feminina) empurram o Noroeste em todos os campos de várzea de São Paulo, chegando a alguns milhares de torcedores em partidas decisivas. “Onde tiver Noroeste a gente está envolvido”, diz André Correia, presidente da Nação.
Para guardar lugar na arquibancada, André é um dos primeiros a se dirigir ao estádio. Os ônibus abarrotados de torcedores partem logo em seguida – todo domingo é assim. Na cantoria do coletivo tem até espaço para uma versão do clássico “Anna Júlia”, na qual o nome da moça dá lugar a “Ô meu Norusca”, apelido carinhoso do time. “Na várzea, a gente faz a festa que eles proíbem no futebol profissional: tem fogos, bandeirão, fumaça e você pode tomar cerveja dentro do estádio”, diz Renato.
A paixão pelo Noroeste é tanta que a geral dos estádios reúne gente que tem camisetas de outras cores no guarda-roupa. Segundo Alfredo de Jesus, 53, fundador da Nação, a torcida alvirrubra tem corintianos, santistas, palmeirenses etc. Ele mesmo torce para o Palmeiras, mas, antes, é Norusca até morrer. “Eu pertenço ao Noroeste, eu faço parte daqui”, diz ele enquanto aponta os meninos que viu crescer no bairro. Um deles, Wander Rocha, está suado de tanto gritar e pular. E se o Noroeste for campeão este ano? “A Vila Formosa vai fechar!”