Os Gracie chegam aos cinemas
Filme sobre o clã responsável pela popularização do jiu-jitsu no mundo estreia em outubro
Assunto de matéria na edição número 177 da Trip - que trouxe imagens exclusivas, o filme Os Gracies e o Nascimento do Vale-Tudo está prestes a estrear no Brasil. A première está marcada para o dia 05/10 no Festival do Rio 2009.
O diretor Victor Cesar Bota conversou com 15 membros do clã para tentar entender o fenômeno mundial em torno dos Gracie e o jiu-jitsu brasileiro. Procurando apresentar o assunto para aqueles que não são especialistas ou aficcionados em lutas, Bota deu mais ênfase às relações entre os mestres da "arte suave" no Brasil do que às lutas: da versão que a Trip viu, cerca de 15 minutos foram cortados.
De Nova York, seu lar há 16 anos, Victor Cesar Bota falou sobre os preparativos finais para a estreia do filme e que público espera atingir.
O filme já está pronto?
Não [risos]. Esse é o grande problema que estamos tendo agora, a correria para terminar. Temos que refazer a narração, afinar algumas coisas ainda, mas vamos lançar no festival. Vai ter que ficar pronto de algum jeito. Mas a parte de vídeo está praticamente pronta. Ele está mais dinâmico. Cortamos as lutas porque queríamos focar no problema da família. Se deixasse muita luta, tirava a atenção da audiência.
Ele já foi apresentado para o público? As reações foram boas?
Ainda não. Só para amigos e para o pessoal da Trip. Todo mundo ama. Eu foco em assuntos mais familiares. É praticamente só sobre os assuntos deles, mais do que só sobre o jiu-jitsu.
Por que essa opção?
Todo mundo conhece o lado de lutas de deles. Você consegue ir amanhã e comprar um DVD com as lutas. Existe uma trajetória de coisas da família que precisava ser contada. Brigas entre eles, disputas que fizeram avançar o jiu-jitsu no Brasil.
Você quer atingir um público maior do que o gosta de lutas?
A idéia era fazer um filme para uma pessoa que não conhece a família e que nunca ouviu falar de jiu-jitsu. Quem conhece a luta, conhece a família, é outro tipo de público. Quero apresentar a família e o que eles fizeram para um público que ainda não conhece.
Alguém da família reclamou?
Houve comentários, mas ninguém reclamou muito porque são eles quem contam a história, nossa narração é bem básica e histórica. Todas as partes que tocam em coisas delicadas são eles que falam deles mesmos. As pessoas estavam querendo falar e expor a verdade. Com certeza vai ter gente da família que não vai ficar muito satisfeita. Tinha que ser jornalístico, imparcial e foi o que eu fiz.
Você já conhecia as histórias da família?
Não. Eu conhecia o Renzo porque a gente surfava no Rio, mas não éramos amigos, éramos conhecidos de infância. Nunca fiz jiu-jitsu. Foi impressionante o que eles conseguiram fazer. Fiquei surpreso que ninguém tinha contado essa história ainda. A mídia no Brasil acabou criando uma imagem deles associada à violência e a história nunca foi contada de verdade por causa disso. As produtoras e financiadoras não queriam encostar no assunto por causa da violência. Depois de fazer o filme, descobri que nem eram eles [os Gracie, que praticavam atos de violência], mas os alunos faixa azul, branca.
Existe expectativa para o lançamento do filme nos EUA? Há interesse em distribui-lo?
Aqui, eles são heróis, são vistos como o oposto do que se vê no Brasil. As pessoas param para tirar foto no aeroporto. Fizemos entrevistas pra rádios, a Sony está interessada no filme. Como ainda não fechamos o filme, então não estamos procurando distribuição.
Vai lá: Os Gracies e o Nascimento do Vale-Tudo
Estreia 05/10 às 14h45 e às 21h45
Espaço de Cinema 2 (R. Voluntários da Pátria, 35, Botafogo, Rio de Janeiro)