O Sonho

por Luiz Alberto Mendes em

 

Então, de repente, a partida Brasil e Alemanha estava 2 x 0 para os germânicos, Felipão contra todo seu conservadorismo, colocou William no lugar de Fred, que viu que estava mal e pediu para sair. Mandou também que David Luiz voltasse a sua posição original. Logo em seguida entrou Paulinho no lugar de Fernandinho, dando mais velocidade ao ataque. William começou a tabelar com Oscar e saiu o primeiro gol da Seleção; Oscar invadindo a área pela direita. O Técnico do time ousou tudo e fez a ultima substituição; tirou Hulk que não acertava nada, por Ramires que começou a se movimentar com mais categoria. Era um tiro no pé, e se fosse para a prorrogação? Não teria mais direito a substituição; entraria somente com jogadores cansados. O segundo gol nasceu naturalmente, de um poderoso chute de David Luiz de fora da área que o goleiro alemão Neuer rebateu quase que milagrosamente. Sobrou para Ramires que, de primeira, mandou para o fundo das redes. Os alemães estavam encapetados, Klose, em uma tabela com Kroos, acabou na cara do gol com a bola dominada. 3 x 2 para a Alemanha. Ainda aconteceram algumas jogadas de real perigo de gol, mas não aproveitadas por ambos os times. No segundo tempo os dois times vieram reanimados, já se falava que aquele seria o melhor jogo da Copa, dado o total empenho das duas equipes. Müller, o vice-artilheiro da Copa, marcou o 4º gol alemão de cabeça, em uma cobrança de escanteio executada com perfeição por Schurrie. Ele havia entrado no lugar de Klose. Então Paulinho arrancou, driblou dois adversários e serviu de bandeja para Oscar, na área, marcar novamente aos 29 minutos do segundo tempo da partida. Aos 45 minutos, foi dado 4 minutos de acréscimo e, para delírio da nação brasileira, Marcelo, que estava perdido na partida desde o começo, recebeu a bola de Luiz Gustavo na ponta esquerda e entrou na área com a bola dominada e passou rapidamente. Pânico nos alemães. Mertesacker que entrara no primeiro minuto do segundo tempo substituindo Hummels, ao notar que William recebia a bola sozinho ali na área, o derrubou. Penalidade máxima. O Brasil todo respirou fundo depois de um sufoco que parecia nos estrangular de dentro para fora. Estávamos jogando muito, os alemães também, a partida estava equilibradíssima, os dois lados dando tudo o que podiam. Paulinho cobrou e todos nós levamos aquela bola para o cantinho direito do gol com os olhos e a alma. Gol, gol histórico!!! Os rojões espocaram pelo bairro, era tantos fogos que parecia uma guerra. Aproveitei para abraçar meus filhos, eles estavam com os rostos lavados de lágrimas, fora realmente emocionante. Agora viria o pior; o empate havia sido histórico: 4 x 4, não havia acontecido ainda em Copas do Mundo. O mundo estava maravilhado pela qualidade do futebol e o amor com que aqueles jogadores haviam disputado aquela partida. Há muito tempo não se via um jogo assim. A prorrogação seria um martírio, lutei a vida toda para não ter medo de nada, mas agora os alemães cresciam na minha frente. Eu estava apavorado e nem sabia por que, jamais gostei muito de futebol... Pouco me importava quem ganhasse ou perdesse, era meu discurso antes do início da partida. E começou tudo de novo assim quando eu menos esperava. E lá vinha a divisão panzer para cima de nós como um rolo compressor. E David Luiz chutava a bola para todo canto; Julio Cesar rifava a bola lá para a frente. Todo mundo queria o jogo no campo dos alemães. O problema é que eles tinham uma muralha por lá e voltava sempre e era a maior luta em que toda nação sofria com nossos tomadores de bola. E então, depois do segundo tempo da prorrogação, de nós termos nos esgotado de tamanha tensão, Luiz Gustavo, que nunca foi goleador e joga na marcação lá atrás, correu feito um louco, depois de passar a bola para Paulinho, e recebeu-a nas costas, na entrada da área. Dominou e foi uma paulada só, ainda bateu em Lahm, que apenas ajudou a desviar a atenção de Neuer, o grande goleiro alemão. Gol, gol, o gol mais lindo do mundo!!! No quarto de meus filhos começamos a gritar sem perceber o que fazíamos. Foi uma cartase. O Brasil todo pulou, gritou, tomou um choque de 220 volts. As pessoas começaram a sair na rua para comemorar antecipadamente, nem nós no quarto aguentamos, fomos para fora. E foi no portão de casa que escutamos o apito final do Juiz finalizando a partida. O Brasil ganhou, passou por mais essa pedreira, agora viria a Argentina que acabou de ganhar da Holanda nos pênaltes...

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Luiz Mendes

09/07/2014.

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