O que será Amor?
Ainda não é amor
Gostar de um homem ou de uma mulher pela beleza, pela atração sexual, arte ou inteligência ainda não é amor.
Quando questiono sobre o que sinto, talvez ainda não seja amor.
Porque não há esperança quanto há duração de nada.
Antes planejar como seriam os futuros era uma das mais caras emoções;
Hoje nem disso podemos nos iludir.
O futuro nos foi saqueado de sua substância.
Amar era quando eu adicionava a outra pessoa além das fronteiras onde estacionava meu egoísmo.
Quando me transpunha ao responder ao chamado do outro sem me importar
Com meu medo de sofrer por atendê-lo.
Grandeza, miséria, riqueza, mesquinhez, alegria e dor coexistentes em cada pessoa, me convidavam ao individualismo pós-moderno, e eu me dilatava para acolher...
Precisava responder àquela outra escala de vida tão radicalmente diferente da minha;
Ela me desafiava ao me convidar.
A outra pessoa me aumentava;
Porque me fazia beber a vida de seus lábios quentes, macios.
Mesmo quando essa dança me convocasse depois
Aos mesmos passos que me convidava a morte.
Mesmo quando o outro era descompensado,
Ameaça e hostilidade.
Amar me convocava a me despojar do medo que, em tese, me protegeria.
Só que eu precisava saber de quem.
De minhas desconfianças, espertezas, inseguranças, do sentimento de pouco valor e da impotência diante da dor...
Do que me individualizava? Não sei.
Talvez o que eu sentia ainda não fosse amor...
**
Luiz Mendes
19/10/2011.