O que é Zen?

por Luiz Alberto Mendes em

 

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Agora pouco, ao voltar de levar Chicão (meu cão) para passear, pensei em como foi bom haver conhecido uma historinha Zen, década atrás. Ela deu sentido e palavras a algo que eu já tentava praticar, sem saber.

Um discípulo sentado à mesa, pergunta a seu mestre Zen:

_ Mestre, o que é Zen, por favor, me explique...

O mestre levantou-se e, com toda delicadeza do mundo apanha o bule de chá com as duas mãos enche na medida exata a xícara do discípulo sem derramar uma só gota fora. Em seguida, com gestos educados e calmos, retorna com o bule em seu lugar na mesa. Coloca o bico do bule virado para a nascente do Sol, como manda a antiga tradição japonesa.

O discípulo continua a perguntar sem haver entendido:

_ Mestre, mestre, o que é Zen?

Subentende-se que a resposta foi dada na sutileza do mestre ao servir o chá, uma tarefa simples, com tamanho cuidado e atenção. Ou seja: realizar tudo o que for para fazer, mesmo o que pode parecer mais simples e rotineiro, com o máximo de empenho e perfeição que for capaz. Nisso consiste Zen. É o nosso cuidado e atenção no que fazemos que vai determinar a nossa satisfação em fazer.

Na volta que dei com Chicão tentei fazer o melhor. Conheço o bairro todo. Conheço todos os cães, grandes ou pequenos, os que têm casa e os pobres coitados que são da rua. Sei onde moram e onde estão a essa hora. Tenho que saber para não passar muito perto com meu cão; eles podem avançar. Mexo com eles todos, brinco, chamo pelo nome e vou passando. Sei o mato onde os cavalos estão pastando e onde moram os gatos do bairro. Estranho; não há gato da rua, só cães.

Como acordo cedo, faço esse passeio logo depois que clareia o dia. É o horário que as pessoas saem correndo de suas casas, atrasadas para o trabalho, bêbadas de sono. Outros vão para a escola e tem aqueles que não dormiram. Na maioria jovens que sempre encontram motivos para “virar” a noite. Os alcoólatras, logo cedo rodeiam o único bar aberto...

Cumprimentei a todos, distribui bons dias e sorrisos simpáticos. Dei alguns dedos de prosa com o “seu” Milton que encontro todos os dias recolhendo papelão e garrafas nos lixos. O filho dele esta preso e ele sempre quer saber alguma coisa de mim. Mexi com a Dona Elza; ela era amiga de minha mãe e sempre brinca comigo. Na esquina de casa havia alguns rapazes que haviam virado a noite, cheios de sono. Conversei com Toninho e pedi que fosse para casa. Ele é quase um menino e só gosta de andar com os rapazes mais velhos.

O que parece insignificante, parte da rotina diária, às vezes consigo significar profundamente. Hoje consegui fazer um ótimo passeio com o cão. Vamos ver amanhã...

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Luiz Mendes

10/05/2011.

 

 

  


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