O que é mais importante

Pobres amores não correspondidos que não vieram a dar em nada. Amar ou ser amado?

por Luiz Alberto Mendes em

O  QUE  É  MAIS  IMPORTANTE?

 

O que é mais importante, amar ou ser amado?

Vamos tentar pensar com um poeta, um filósofo e um escritor, para ver como eles encararam esta questão.

Quadrilha

João amava Tereza que amava Raimundo

Que amava Maria que amava Joaquim

Que amava Lili que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Tereza para o convento

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J.Pinto Fernandes que não tinha

                                                                                  nada com a história.

                                                                             Drummond de Andrade.

 

Pobres amores não correspondidos que não vieram a dar em nada. Amar ou ser amado? Claro que amar e ser amado é a glória, mas, como demonstra o poeta, amores são desencontrados. Imediatamente, sem refletir, as pessoas respondem: ser amado. Mas, ao deixar a questão amadurecer na mente, elas voltam atrás. Ser amado é experiência que pouco se participa, caso não houver correspondência. Amar, mesmo não correspondido, dolorido até de lembrar, ainda assim é processo mais enriquecedor. 

Ao ser amado não se vê o tempo passar. O resultado sensorial é bastante parco; muito pouco se aprende. Agora, amar já é grandioso, cósmico. Amar e não ser amado é trágico, concordo. Uma das piores experiências existenciais. Cada milésimo de segundo, no vórtice desse sofrimento, é intensamente vivido. Quem ama atualiza potenciais de sensibilidades extremamente delicados.

Erich Fromm, em “A Arte de Amar”, propõe duas formas de amar. A primeira você ama alguém porque precisa desse alguém. Na segunda você precisa de alguém porque ama esse alguém. Imediatamente nos faz pensar e tomar posição. A maioria concorda que precisar de alguém por amar esse alguém é muito mais satisfatório. Essa é a posição de quem ama e pode ou não ser amado. A primeira posição pode bem ser a de quem é amado, sem amar. Caso deixe de necessitar, provavelmente deixará de amar.

Saint-Exupery, no “O Pequeno Principe”, faz proposições interessantes sobre o amor, duas se destacam a meu ver: “O amor não consiste em olhar nos olhos um do outro, mas olharem ambos na mesma direção”. Deve estar falando em objetividades conjuntas e afinidades. Eu diria que se desviarem da direção que olham conjuntamente, a defasagem será fatal e este é o começo do fim.

“Foi o cuidado que tiveste com tua rosa que fez com que ela fosse tão importante para ti”. Acredito que sentimento é construção. É o cuidado que você tem com alguém que faz com que essa pessoa lhe seja cara ao coração. Somos seres de cuidado. O cuidado que recebemos e damos faz de nós o que somos.

Já vivi esses dois momentos da vida humana e respondo com tranquilidade: prefiro amar a ser amado.

Luiz Mendes

28/10/2009.

 

 

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