O mundo é uma Kombi
Dois brasileiros atravessam a América Latina perguntando: 'O que é felicidade?'
Responda se puder: o que é felicidade? Difícil? Pois é exatamente essa questão que levou Felipe Costa (24) e Emilio Zagaia (39) a embarcar em uma longa jornada, em uma simpática Kombi verde e amarela batizada carinhosamente de "Caipirinha", pelas estradas que atravessam a América Latina. Essa viagem, que atravessará 18 mil km e passará por 17 países, será a realização de um sonho antigo dos dois aventureiros, que vão entrevistar pessoas das mais variadas etnias e nacionalidades visando "mostrar que é possível ser feliz com simplicidade através de histórias de pessoas verdadeiramente felizes", nas palavras do próprio Felipe.
O progresso desta viagem e as imagens registradas pela dupla em sua longa travessia das Américas Central e do Sul vão virar o blog O Mundo é uma Kombi, que passa integrar o time de blogs aqui do site da Trip. Por aqui você poderá acompanhar passo a passo o progresso dessa excursão, os personagens encontrados pela dupla e as visões de felicidade nas diferentes regiões dos dois continentes. Eles enfrentarão muita estrada e muita poeira mas vão nos manter informados com posts sempre que a tecnologia permitir.
O mais jovem dos aventureiros é gaúcho de Novo Hamburgo, jornalista formado em Santa Catarina, que trabalhou em alguns jornais catarinenses antes de embarcar nessa Kombi pintada com a bandeira do Brasil. Emilio é paranaense de Londrina e até já participou do programa Big Brother Brasil, na edição nº 3, de 2003. Ele é mergulhador e documentarista, autor do muito elogiado filme Piranhas: Verdades e Mitos, de 2008. Já morou na Malásia, Tailândia, Austrália, Espanha, Portugal, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Estados Unidos e México, de onde parte a expedição.
"A ideia da viagem é toda do Zagaia", contou Felipe em entrevista concedida à Trip. "Ele já tinha a ideia há uns dois anos, eu só entrei em setembro do ano passado. O Emilio sempre me pedia dicas de como divulgar e onde buscar patrocínio. Quando perguntou se eu queria ir junto eu topei na hora. Ele não gosta de planejar nada, então eu fiquei encarregado disso por esses cinco meses finais."
"Abri uma conta para financiamento colaborativo em um site de crowdfunding e comecei a correr atrás de parceria", continuou Felipe já da estrada, logo depois da partida da dupla no México. "Não estamos fazendo isso pensando em dinheiro, queremos completar a viagem e ter um documentário ótimo. Eu sempre soube que iria dar tudo certo."
Felicidade Interna Bruta
Criado no Butão para ser um contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB), o índice de Felicidade Interna Bruta foi criado pelo rei butanês Jigme Singye Wangchuck, em 1972, quando os indicadores sociais de seu país cresciam muito pouco comparado aos das nações vizinhas. Baseado nos valores espirituais budistas, o conceito é carregado por quatro pilares: promoção de um desenvolvimento socio-económico sustentável e igualitário, preservação e promoção dos valores culturais, conservação do meio ambiente natural e estabelecimento de uma boa governança.
A ideia do documentário de Felipe e Zagaia parte de um ponto similar ao do indicador social butanês. Como o próprio Felipe explica, "países não são empresas e as pessoas não são seus clientes nem funcionários. Nós vivemos um momento de crise dos valores econômicos tradicionais e chegou a hora de repensá-los. Os países mais ricos aparecem hoje na lista dos mais felizes, mas também são os que têm maiores índices de suicídio. O paradoxo mostra que o que falta é ser feliz em comunidade, não em comparação a outras pessoas."
É em busca dessa noção e dos caminhos para se encontrar a felicidade que a dupla parte do país mais ao norte em toda a América Latina. Sem saber exatamente o que esperar, sabendo que talvez seja impossível definir universalmente esse sentimento, Felipe busca alternativas e visões das mais diferentes sobre esse assunto. E fará isso passando por México, Belize, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil.
"Talvez seja impossível definir felicidade, por isso não buscamos uma definição. Buscamos alternativas e visões. Já me perguntaram várias vezes o que é, para mim, felicidade, e eu dei respostas diferentes. Talvez eu não saiba direito, mas sou muito feliz quando estou tranquilo, em paz", analisou. "Esses dias me disseram que felicidade é aceitação, que só encontramos serenidade quando aceitamos que uma pessoa, lugar, coisa ou situação são da maneira que deveriam ser naquele momento. Devemos correr atrás do que podemos mudar e procurar o lado bom do que não podemos. E vou ter bastante tempo para refletir sobre isso durante a viagem."
Vai lá: https://revistatrip.uol.com.br/blogs/omundoeumakombi