O mal que cura o bem que mata

por Luiz Alberto Mendes em

 

Sexo

 

De repente algo provoca e mexe com tudo por dentro e vai se alastrando por todos nossos músculos e nervos, até onde alcançamos os olhos. Sobe um calor insuportável que chega a nos deixar sem ar. Qualquer um que nos conheça percebe no vago de nosso olhar. E é preciso confessar porque não dá para dissimular de modo convincente. A quase taquicardia nos denuncia, sufoco medonho aperta o peito, estreita a garganta e nos faz esquecer de respirar. A partir daí não dá mais para separar o certo do errado porque não é mais possível recusar. E não dá para saber o quanto dura ou em que medida crescerá. É mal que cura o bem que mata. Não há receitas. Cada qual tem dentro de si seu tamanho e seu tempo. E não dá para bater de frente porque não sacia jamais. Esta sempre pronto e querendo o impossível, ou seja: o diferente do mesmo. É quase uma doença que só terá fim com a extinção da espécie. Dessas febres tropicais sem origem conhecida que queimam como a lua incandescente de verão. Nada, absolutamente nada vai aliviar. Senão os gemidos e o almíscar dos desejos praticados. E não para. Talvez essa seja a única ação da existência que o tempo não irá amenizar. O descanso substitui o cansaço e o sono nunca vem. Vira pra lá e vira pra cá; tremores, ardores e suores. Uma aflição que chega a doer nos músculos da barriga e é melhor não segurar. “Sobe pra cabeça”, dizem. E é bem possível mesmo já que tudo é desatado e vai jorrando sem permissão e nós teimamos em querer controlar...

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Luiz Mendes

10/05/2012.

 

 

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